Capítulo 3

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Observei-me ao espelho, a minha face pálida e os meus olhos baços de avelã não me agradavam. O meu corpo era estranho, era simples, sem curvas, era magra e estranha. O vestido longo azul de costas abertas assentava-me mal, mas não havia outros melhores.
Mas era assim que ia ser a adolescência, tinha feito os meus 15 anos, jovem, com problemas de autoestima e não havia nada que me fizesse bonita.
Odiava estes tempos, eram tempos confusos sem nada de especial.

-Filha, o Baile começa daqui meia hora, de certeza que queres ir?- O meu pai preocupado olhou-me profundamente.

-Eu já não sei... 

-Vai lá estás linda nesse vestido, vai te divertir.

Não sei o porque de ir a um baile de mães, sem uma mãe, e ainda por cima fazer um discurso para ela. Era tão intimidante eu nem sabia como era ela, como era o seu rosto nem os seus olhos...
Deixei escapar uma lágrima, limpei-a com tristeza. Entrei no carro pequeno preto, e fiquei a olhar para o céu, já era de noite, na cidade os fumos poluentes tapavam as estrelas, apenas havia um sítio que se podia ver as constelações, o monte da escola, a escola era um pouco afastada da cidade, mas não muito longe e havia dentro dela um monte, esse monte era perfeito. Sempre interessei-me por astronomia, então ia para o monte observar o espaço.

Chegamos então ao baile várias mães e filhos caminhavam a rir, mas o espetáculo já tinha começado e eu estava atrasada. Entrei devagar pela escadaria da sala de teatro, foi então que algumas pessoas ficaram a olhar para mim, o que era horrível, provavelmente queriam-me matar por interromper a apresentação, que continuava a dar suavemente.
Ao longe avistei Diogo, devagar fui até lá com muita perícia sem perturbar ninguém, sentei-me ao lado dele, no único espaço livre que ele guardara para mim.

-Estás linda Samantha- olhou então para mim com um brilho nos olhos, eu não gostava disso fazia-me desconfortável.
Não disse mais nada e ele percebeu o sinal, a apresentação contínuo chegando então a parte do concerto, as cadeiras foram retiradas, deixando apenas o chão frio de pedra.
A música começou a tocar, as mães foram lá para fora, conversar e eu fiquei parada no mesmo sítio, isto era injusto e triste. Eu nunca devia ter vindo ao baile.

-Samantha!?- acordei do transe com Diogo a chamar-me -Vais dançar ou vais ficar parada?

-A segunda opção.

-Por favor Sam diverte-te! Para de sofrer, anda te divertir-Sorriu para mim e estendeu-me a mão. Desviei o olhar dando-lhe a mão, senti o meu corpo a ser deslocado através do salão, até a um pequeno grupo de rapazes e algumas raparigas, eu não tinha amigos, eu nunca mais tive... 

-Samantha danças comigo?- Pediu Diogo

-Eu não sei dançar- saber sabia mas não gostava de dança a pares era muito próximo.

-Anda lá Samantha, eu sei que é complicado para ti estares aqui, mas pelo menos diverte-te, por mim- fez um olhar de súplica que me magoou ainda mais.

-Não Diogo, simplesmente não quero dançar não quero estar aqui, por favor apenas larga-me, para ti e fácil dizer isso porque, porque tu nunca te sentiste como eu!- Apontei-lhe o dedo ao peito, tinha sido rude e a cara dele mostrava tristeza e decepção- Desculpa é que não estou preparada para isto...

-Não faz mal, eu compreendo Sam, só te queria fazer sorrir, mas se não queres, não te vou obrigar- largou a minha mão e afastou-se indo até à mesa da comida.

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⏰ Última atualização: Feb 14, 2017 ⏰

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