O comandante não estava nada satisfeito. Ele era o almirante de esquadra e acabara de receber uma mensagem exigindo que obtivesse resultados. Recebeu um reforço de trezentas naves de guerra das mais novas que construíram. Aquelas belezinhas tinham oitenta metros de comprimento por vinte de diâmetro. Eram as naves mais poderosas do Império e estavam virando a guerra nos confins dos seus domínios a favor dos tantorianos. Ele tinha os melhores soldados, mas nenhum resultado. Não conseguiu as coordenadas do planeta central por mais que tentasse, perdeu todos os prisioneiros de uma só vez e, para piorar as coisas, vinha sofrendo atentados misteriosos sem agarrar ninguém, como se os guerrilheiros sumissem no ar e os seus "homens" andavam nervosos porque eram um povo supersticioso. Embora os nativos não se rebelassem a não ser uns poucos, também não cooperavam, pois eram orgulhosos. Nisso, ele notou que não estava sozinho e virou-se de imediato para se deparar com um dos humanoides. Tinha dificuldade em reconhecê-los porque lhe pareciam todos iguais, mas poderia jurar que se tratava do diabo do planeta Terra, cheio de truques. Alguns pensavam que era um espírito demoníaco. Acompanhando-o, estava uma fêmea que o observava com calma.
– "Céus, como são feios estes estúpidos humanoides, especialmente as fêmeas com essas enormes bolas de carne na frente, abaixo dos ombros" – pensava ele, sem saber que o casal podia ler todos os seus pensamentos como um livro aberto. – "Pelos Deuses, gostaria muito de saber como não caem no chão ao andar, porque isso devia desequilibrá-las muito." – Após algum tempo observando o par, tentou sacar da arma de surpresa, mas não logrou conseguir.
– Sou eu mesmo, Almirante. Pelo que vejo, o senhor não seguiu o meu conselho.
– O que você pode fazer contra o meu exército ou a minha esquadra? – questionou o alienígena, apertando um botão oculto.
– "Dani, segura a porta, não deixes que se abra. Ele acionou o alarme."
– Para começar, o seu exército e nada, para mim, é a mesma coisa. Posso destruí-lo sozinho e com tanta facilidade que nem chega a dar graça. Agora diga-me uma coisa: acha que os seus homens poderão entrar aqui contra a minha vontade, seu amante de caudas?
Louco de fúria e soltando um chiado, o comandante atirou-se ao pescoço do jovem. Daniel esperou até estar ao alcance dele e desferiu-lhe uma pancada fortíssima, fazendo com que o almirante voasse de volta para o lado oposto da sala. O impacto com a parede provocou um estrondo e o almirante caiu no chão, atordoado e atônito.
– Não me confunda com os nativos deste mundo, lagarto. Você tem dez dias para abandonar o sistema. Depois, destruiremos a sua esquadra. Deixaremos apenas uma nave inteira para que voltem a Tantor e contem ao vosso ridículo império que não se mexe com a Terra nem com os seus protegidos. Estes humanos são nossos amigos, entendeu? – terminando a ameaça, afirmou. – "Voltemos, amor."
Ambos desapareceram no ar, em frente aos olhos esbugalhados do comandante. A porta abriu-se e entraram oito soldados de rompante.
– Por que não vieram mais rápido? – gritou-lhes, exasperado.
– Senhor, a porta não abria!
O casal reapareceu em um hangar. Dentro, havia alguns planadores e vários tantorianos. Um deles chiou aterrorizado quando um aparelho, sem ninguém dentro, começou a passear pelo local. Ergueu-se em silêncio por intermédio de forças fantasmagóricas que desconhecia, logo seguido por outro.
O casal simulou uma batalha aérea, fazendo os aparelhos colidirem entre si e dando rasantes sobre os técnicos do hangar, petrificados de susto. As navetas já estavam inutilizadas com o tratamento dispensado, mas continuam a sua dança macabra. Quando os dois cansaram da brincadeira, fizeram com que os planadores entrassem em uma rotação de alta velocidade e libertaram-nos, fazendo com que estes se despedaçassem nas paredes e destruindo mais alguns equipamentos. Saltaram para a cozinha onde vários tripulantes preparavam a refeição noturna. Muito assustado, um dos cozinheiros viu um panelão enorme e cheio de água fervendo elevar-se pelo ar e voar na sua direção. Tentou fugir da panela, mas ela, implacável, perseguiu-o sem dó nem piedade. Os seus chiados e o tom roxo da pele, atraíram a atenção dos outros, que olharam abismados o cozinheiro chefe fugindo de uma panela voadora. Incapaz de escapar e desesperado, ele agachou-se no chão a um canto, encolhendo-se todo. Já ia encomendando a alma ao criador quando a panela bateu com um estrondo enorme na parede e derramou toda a água fervente no chão, perto dele. Os outros, ainda abobados com a cena, desandaram a correr assustados quando as demais panelas começam a enlouquecer, saltando do fogão como se ele fosse uma catapulta e derramando tudo o que continham, o que fez alguns deles caírem uns tombos feios bem como se queimando porque o chão estava muito escorregadio e quente.
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DB II - Ep 04 - Socorro para Terra-Nova
Science FictionDragão Branco II - A Salvação da Humanidade | Ep04 - Socorro para Terra-Nova Apesar de tudo o esforço do jovem Moreira, a super-nave Jessy nÃo ficou pronta a tempo e a invasão chegou antes (ver. Ep 01 - A Invasão de Terra-Nova). Após um mês de muito...