I Trusted Him

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Assim que Sehun saiu, Chanyeol foi atrás do amigo.
Sehun movia-se muito rapidamente por entre a mata e Chanyeol acabou por perde-lo de vista, encontrando-o sentado num galho de uma árvore alguns minutos depois.

Chanyeol esforçou-se um pouco e depois de sofridos minutos conseguiu chegar onde Sehun estava e sentar-se ao lado dele.
O sniper estava com a cabeça baixa, parecia estar com os olhos fechados.

— Pode fazer. — Disse Chanyeol olhando para o outro. — Deixa tudo o que você está sentindo sair.

Sehun permaneceu em silêncio por um tempo.
Então Chanyeol o viu passar a mão no rosto, secando as lágrimas que insistiam em cair.

— Eu confie nele! — Sehun continuava sem olhar para Chanyeol. — Eu me deixei levar por aquele rostinho infantil. Eu confiei nele! Porra! — Sehun gritou e as lágrimas caíram por sua face novamente. — Eu... Eu me deixei levar... Eu baixei a guarda... — Chanyeol puxou o Sehun mais para perto de si, deitando a cabeça do outro em seu peito e afagando seus cabelos. — Pela primeira vez eu me deixei levar por um sentimento... Eu confiei nele e me deixei gostar dele... E então ele se foi...

Sehun não conseguia mais falar, as palavras lhe sumiam e as lágrimas vinham cada vez mais intensamente.
Chanyeol apenas continuava a afagar o cabelo de Sehun.
Sabia que dizer que tudo iria ficar bem não iria adiantar por que nada estava bem.
Nada iria ficar bem.

— E-ele foi o único que eu amei... E ele foi embora... E-ele dizia me amar...

— Nem sempre as coisas são o que parecem...

— Ele era perfeito sabe? — Sehun ficou de frente para Chanyeol. — Ele tinha aquele rostinho infantil, aquela voz calma, aqueles lábios finos... Porra, ele era perfeito...

— Quando gostamos de alguém, se machucar faz parte.

— Mas eu não gosto disso. — Sehun olhou para baixo, haviam alguns zumbis no chão andando distraidamente. — Eu não sou o tipo de cara que ama. Eu sou o cara que machuca as pessoas. Entende o que eu quero dizer?

— Mas não é legal machucar as pessoas Sehun.

— Sim, é! Eu gosto de machuca-las. Você não entende Chanyeol, nunca vai entender.

— São as vozes não é?

— Um pouco. Elas são as únicas que sempre voltam. Mas quando o LuHan estava aqui, elas simplesmente sumiam. E eu gostava disso. Era bom poder ter paz interior por um tempo. Era algo totalmente incrível. Então ele se foi. Simplesmente se foi como todos os outros.

— Eu não irei embora Sehun. Eu sempre irei estar aqui.

— Não Chanyeol. Não vai. Em algum momento você irá embora como todos os outros. Você não é imortal. Ninguém é. Todos vão embora. Eu sou o garoto problema. Eu sou aquele que ninguém quer ter como amigo. Sempre foi assim. E sempre vai ser.

Chanyeol manteve-se em silêncio.
Sehun então se lançou do galho onde estava e parou em cima de um dos zumbis esmagando-o no mesmo instante e sujando-se todo de sangue de zumbi, mas aquilo não era importante naquele momento.
Sehun então saiu correndo para longe e Chanyeol apenas continuou sentado ali.

(º-º)

— Eu ainda acho que você deveria contar logo pro Kai. — Falou Suho olhando para D.O que estava sentado em um tronco.

Ao longe, Kai os observava. D.O estava estranho nos últimos dias, e Kai estava começando a se preocupar com o namorado.
Sem que eles percebessem, Jongin foi se aproximando de KyungSoo e Suho e ouviu uma parte da conversa deles.

— ... Eu não sei se o Jongin vai aceitar... — Falou D.O., havia apreensão em sua voz. — Com toda essa merda em que nos encontramos, uma criança é a última coisa que eu gostaria de ter que me preocupar.

— Mas agora já está feito. Essa criança já está crescendo em você.

— Talvez eu devesse abortar...

— KyungSoo... — Kai decidiu se pronunciar. — Talvez devesse pedir a minha opinião...

D.O ficou paralisado, Suho também ficara estático, mas logo começara a sair dali, deixando o casal a sós.

— Acho que tem coisas que eu preciso saber, uh? — Kai sentou-se de frente para o namorado.

— Desculpe... — Foi só o que D.O conseguiu dizer.

— Por não ter me contado que está esperando um filho meu? Por mentir pra mim por todo esse tempo? Por decidir abortar sem nem ao menos saber o que eu acho disso? — Kai respirou fundo tentando manter a calma.

— Desculpe! Com tudo isso que vem acontecendo, os zumbis e todo o resto... Ter uma criança numa situação como essa é algo muito complicado!

— Podemos tentar!

— Como eu vou alimentar essa criança? Uh? Céus! Como eu vou TER essa criança? — KyungSoo não se importava mais em manter-se calmo.

— Nós damos um jeito. Sempre damos. Não seria diferente agora...

— Jongin você não consegue perceber o quanto isso é arriscado? Não só para mim e para esse bebê, mas pra o grupo todo!

Kai calou-se por um instante e então olhou para D.O.

— Você sabe o quanto eu te amo. Sabe que eu seria capaz de tudo por ti. Por nós. E esse bebê. — Kai olhou para a barriga de D.O com um brilho nos olhos. — Esse bebê é tudo que eu poderia querer. Eu sei o quanto esse mundo é uma merda. Eu sei que pode dar tudo errado. Mas se não fosse esse mundo de merda eu não teria te conhecido, e não teríamos esse bebê a caminho. E por mais difícil que as coisas possam parecer, eu vou estar sempre ao seu lado. Eu vou fazer o máximo para que tudo corra bem. Para que possamos cuidar dessa criança que está por vir. Mas se você achar que a melhor opção é o aborto, eu não poderei impedi-lo. É da sua vida que estamos falando e eu jamais seria capaz de te obrigar a fazer nada que não queria.

KyungSoo simplesmente abraçou Jongin. Não havia nada mais para ser dito.
Apenas um abraço apertado que dizia mais do que palavras.

(º-º)

Fazia alguns dias que Sehun não era visto no acampamento.
Diriam que ele já deveria estar morto se não o conhecessem.
Provavelmente teria apenas ido embora.

Mas Sehun não havia morrido, nem tampouco fora embora.
Ele continuara ali.
Estava sempre nas redondezas, embora ninguém o visse.
Continuava tomando conta de todos.
Como sempre fizera.

(°-°)

O sol ainda estava começando a surgir no horizonte.
Sehun havia se afastado um pouco da clareira, estava caçando.
Chegara na estrada.
Conseguira apenas pegar um pequeno esquilo.

Sehun sentara-se recostado numa árvore enquanto removia os pelos e as vísceras do esquilo quando ouviu o som de passos.
De início achou que era apenas algum zumbi, mas quem quer que fosse estava correndo.

Sehun apressou-se em escalar a árvore para esconder-se e ter um bom ponto de visão.
Logo conseguira identificar uma figura magra correndo no meio da estrada, enquanto uma pequena horda de cerca de dez zumbis vinham atrás de si.

O sniper não entendia por que o cara simplesmente não matava os zumbis que estavam atrás de si, mas, conforme foi observando, Sehun percebeu que ele estava cansado, como se estivesse andando a horas.

Quando a figura foi chegando mais perto, Sehun o reconheceu.
Era LuHan.
Sehun o reconheceria em qualquer lugar.

O menor estava começando a diminuir a velocidade a cada passo. Estava esgotado, Sehun podia notar aquilo.
Não havia como LuHan estar fingindo, ele nem ao menos sabia que Sehun estava ali.

Então de repente LuHan simplesmente caiu no meio da estrada.
Sehun ficara observando, esperando que o menor levanta-se.
A cada segundo os zumbis estavam cada vez mais perto de LuHan.
Sehun hesitara, gritava internamente para que LuHan levantasse.
Mas ele não se levantou.


Apocalypse | Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora