Estou com tanta raiva e frustração que nem sei por onde começar. Vejamos... Veja bem, a minha prima, Rebeca, é uma doida de pedra. Ela tem problemas de tudo que é tipo, e minha mãe vive dizendo que agradece por eu não ser como ela.
– Seus tios não sabem mais o que fazer com ela. Chegaram a pagar um psicólogo, mas parece que não deu em nada.
Isso foi a última coisa que minha mãe me disse sobre ela. Mas ao que parece, Rebeca voltou a ter suas consultas e prometeu que mudaria. Largaria as drogas e as bebidas, aquelas roupas bregas. E pra comemorar, decidiram reunir a família toda pra fazer um churrasco, o que é ridículo.
Primeiro porque em nenhum momento, eu vi a Rebeca dizendo que ia mudar. Quando eu entrei em casa e vi minha família toda ali na sala, conversando e rindo, vi ela sentada num sofá com a cara amarrada.
– O que ta pegando aqui? - eu perguntei, estranhando aquela reunião.
– Estamos comemorando as mudanças que Rebeca vai fazer na vida dela! - minha tia respondeu, animada.
Eu olhei para o cabelo da Rebeca, cheio de mechas. Olhei para as roupas, aquelas que os rockeiros costumam usar. Tudo preto, uns símbolos estranhos na camisa. Calças com correntes. A única mudança que eu via era que as roupas dela não estavam rasgadas. Juro pravocês, toda vez que eu vejo ela, parece que uma manada de cachorro pulou nela.
Resumindo, eu não vi mudança nenhuma. E meu outro primo, Ronald, irmão mais velho da Rebeca, me disse faz pouco tempo que na verdade, ela só voltou pro psicólogo porque "teve um surto". Ha.
Segundo, mesmo que ela tivesse mudado (ou quisesse mudar), por que raios a festa tinha que ser na minha casa? Nada contra minha famìlia, mas sabe como é. Sou eu que vou ter que ajudar depois na limpeza. Quem tinha que dar esse churrasco eram meus tios Leopold e Jema, pais dela.
E por fim, se a festa era pra Rebeca ou em comemoração a ela, alguém poderia me explicar o motivo do prato principal ser churrasco? Hellooow, a menina é vegetariana. Ta certo que ninguém iria querer fazer rodízio de salada, mas sei lá. Se ela só comia mato, deviam respeitar o gosto dela.
Mas nem é isso que me deixou irritada e me fez sair da festinha comemorativa. Depois de eu ter cumprimentado as pessoas, de ter sido abraçada a força pela minha irmã Natasha e de ter que aguentar os olhares de Bryan sobre mim (porque eu sempre sinto quando ele ta me olhando), minha mãe pediu pra que eu fosse no açougue. Porque se você passa um dia maravilhoso fora de casa, sua família tem que dar um jeito de cortar seu barato.
Fui no açougue, que por sinal ficava beeem lonhe de casa. Aliás, não dava lra um adulto levantar a bunda dl sofa e vir comprar de carro? Claro que não, a fofoca tava boa lá, ne? Tinham que mandar o burro de carga. Então eu estava lá na fila quando minha irmã aparece.
Aparece entre aspas, ne. Eu to la na fila, olhando as carnes, quando eu viro pra tráse vejo ela lá.
– Oi de novo - ela diz enquanto ajeita o cabelo.
– Você quase me matou de susto! - eu exclamei, apavorada.
– Foi mal.
– Por que não disse que tava atrás de mim? - eu perguntei, indignada. - Veio atrás de mim esse tempo todo?
– Claro que não, eu não viria a pé. Peguei um carro emprestado. Pediram pra te dizer que é pra comprar dois kilos a mais de picanha. E ver se você vai trazer tudo certo.
Juro que naquele momento, eu poderia ter pegado o pescocinho dela. Um telefone bastava, apenas isso. Dentro do carro (porque ela me insistiu em me dar carona), ela disse que queria falar comigo.
Claro que queria, ne. Ter uma conversinha a sôs. Aposto que esse foi o plano dela desde o início. Enquanto dirigia, ela começou a falar um monte de asneiras.
Falou do produto novo de cabelo, da unha, de um tratamento eficaz pra perder uns quilinhos (senti uma indireta aqui), falou da faculdade. Ela disse que alguns professores entraram de greve, e ela resolveu ajudar entrando de greve também, e por isso estava em casa mais cedo.
Quando a gente tava quase chegando em casa, ela começou a falar do Bryan.
– Como vai a amizade entre vocês?
– Bem.
– O que fizeram juntos recentemente?
– Não é da sua conta.
– A mãe disse que vocês brigaram, então tomei a liberdade se convidar ele pra vim festejar de novo.
Nem eu entendi isso, mas continuando...
– Por que você chamou ele? - eu praticamente berrei, mas foi pela surpresa.
– Ah, porque ele é quase da família. Se você não ia convidar e a mamãe não ia comprar briga, eu convido.
Foi aí que ela começou a me dar uma lição de moral sobre um monte de coisas. Falou de amizades, relacionamentos. E eu fiquei tipo, DÁ PRA ISSO PARA POR FAVOR? Sem ofensas, eu não precisava de nenhum conselho dela. Foi com grande alívio que saltei do carro quando ela estacionou.
Tentei me mandar e vim para o meu quarto, mas fui obrigada a ajudar a preparar as coisas. Aí chamaram a Rebeca pra cozinha, sabe-se lá o motivo de terem feito isso, e ela foi com todo o rancor nela.
Passamos um bom tempo colocando carne no palito e espetando farpas uma na outra. Porque ao contrário da minha irmã, onde eu consigo me controlar pra ficar calma, Rebeca tira o pior de mim. Ela me provoca, eu fico retrucando.
DUELO DE TITÃS
REBECA X KATHE
Round 1 : ela perguntou se eu ainda escrevia nesses diários que eu tinha. Eu disse que sim. Ela disse que no consultório dela, viu uma garota que precisava usar o diário pra desabafar. Fiquei em silêncio. Ela disse que diário era pra gente com problemas, e que eu devia me cuidar.
Round 2 : eu perguntei qual tinha sido a última vez que ela foi em uma consulta, e ela respondeu dizendo que de manhã. Eu ri dizendo que ela era obrigada a ir em consultas, e depois eu que tinha problemas.
Round 3 : Ela jogou vinagre em cima de mim. E só não joguei óleo nela porque minha mãe apareceu nesse momento.
E aqui estou eu, no meu quarto, e todos estão se divertindo lá embaixo. Depois de eu ter tomado banho, minha mãe brigou comigo e disse que eu não devia brigar com a Rebeca. Dá pra acreditar nisso?
Sério, qual é o problema dessa gente? Eu estou de castigo no meu quarto pra não irritar minha prima doida, mesmo tendo sido ela que me atacou?
O. Mundo. É. Injusto. Demais.
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Diário Virtual
RomanceEssa é mais uma dessas histórias clichés, onde a protagonista é aquela garota excluída que é apaixonada pelo carinha popular. Me chamo Cassidy, mas prefiro que me chame de Kathe. Amo de paixão o David faz tempo, mas minha história começa mesmo quand...