Por Jon
- Eu nem sei por onde começar. - Disse Asterope.
Emma, Louis e eu estávamos à margem do Old River enquanto Asterope, a ninfa, estava na água. Disse que se sentia mais confortável assim. Ela havia nos trazido a esse lugar calmo, que era onde ela vivia. Estávamos do outro lado, como havia dito. É um tanto decepcionante. Eu já li sobre a mitologia grega e sempre imaginei que o mundo onde todos aqueles seres fantásticos viviam fosse mais interessante. Na verdade, como Asterope disse, era bastante parecido com o nosso, com monstros e deuses aqui e ali e alguns lugares que seriam inacessíveis do lado mortal, como o Olimpo. Antigamente não existia essa divisão, deuses e humanos viviam no mesmo mundo, e qualquer mortal maluco poderia enfrentar um ciclope se quisesse, ou bater um papo com um deus, mas depois houve a separação. Os mortais ficaram do lado mortal que conhecemos e as criaturas fantásticas do lado imortal que estou começando a conhecer agora. Não obstante a minha insistência, ela não quis falar muito sobre o motivo da separação. O lado imortal com certeza é mais interessante. Asterope disse que levaria o dia inteiro para falar tudo que existe do lado imortal e não existe do lado mortal. Algumas criaturas do lado imortal podem passar para o lado mortal se quiserem, como ela mesma havia feito, mas para um mortal ir para o lado imortal, era necessário um mediador, isto é, alguém para te levar. Meio injusto, na minha opinião. Também é possível levar objetos mágicos do lado imortal para o mortal. O cristal sensível que está no meu pulso é um desses objetos.
Asterope havia nos explicado tudo isso até agora, além de ter nos avisado umas três vezes sobre como o lado imortal é perigoso para um mortal, e por isso não deveríamos sair de perto dela.
- A genealogia das Moiras é bem complexa, mas vou tentar simplificar as coisas. - Disse ela.
Eu havia a pedido que nos contasse tudo o que pudesse sobre as três irmãs do destino na esperança de que tivéssemos alguma pista de como achá-las.
- As Irmãs, como você mesmo disse antes, têm o trabalho de tecer o fio do destino. No fio, está determinado o futuro de todos os seres. Elas operam sem interrupções desde o início e é do interesse geral que assim seja. Alterações no destino podem ter implicações catastróficas, por isso é umas das leis eternas que as Moiras não sejam incomodadas em sua função.
Eu ouvia cada palavra com toda a atenção.
- No que diz respeito a genealogia, As Irmãs são filhas de Nix, a deusa da noite. Nix por sua vez é filha do Caos, o primeiro deus. A partir do Caos, vieram também, Érebos, Gaia, Tártaro e Eros. Esses são os deuses primordiais.
- Tártaro não era um lugar? - Louis interrompeu, confuso.
- É um lugar, e um deus também. - Ele franziu as sobrancelhas e deu de ombros logo depois. - Nix é uma deusa muito poderosa e admirada por sua beleza. Ela e seus quatro irmãos são os que criaram quase tudo que conhecemos. Inclusive as ninfas, como eu, os humanos, como vocês e os deuses do Olimpo, como o papai.
Nós três olhamos para ela com uma expressão de confusão.
- Não contei que sou filha de Zeus?
O rosto de Emma se ilumonou.
- Por que não disse logo? - Ela gritou animada. - É só a gente pedir pra ele resolver isso! Afinal, é Zeus que manda em tudo aqui né?
Asterope riu alto.
- Se ele souber que três crianças querem quebrar uma lei eterna e eu estou ajudando, ele manda vocês de volta pro lado mortal e acaba com a minha raça. Além disso ele não poderia quebrar uma lei eterna nem se quisesse, lembra?
O brilho no rosto dela se foi.
- Zeus fora de cogitação então. - Louis disse decepcionado.
- De volta a história, Nix teve muitos filhos, que são responsáveis por muitas coisas importantes. Sem as Moiras, por exemplo, o mundo seria uma bagunça completa. Entre as crias de Nix estão as kéres, que são responsáveis, em geral, pela destruição. Por mais estranho que pareça, esse é um papel muito importante, afinal, o que seria da ordem sem o caos. Tânato também é filho de Nix. Ele é o deus da morte e cuida de levar as almas dos mortos com segurança até o Hades. Hipnos, é o próximo na lista. O deus do sono é quem cuida de adormecer e acordar os mortais. Pode por qualquer um pra dormir na hora que quiser. Ele fez isso com papai uma vez, a pedido de Hera, o que o fez ficar uma fera, mas isso é outra história. Ele está sempre pregando peças em outros deuses com essa coisa de pôr os outros pra dormir. O deus se relaciona bem com os mortais uma vez que cuida de boa parte da vida deles.
As ideias começaram a pipocar em minha cabeça.
- Se ele é irmão das Moiras, pode saber encontrá-las. - Eu disse.
- Ele pode considerar nos ajudar, já que se dá bem com mortais. - Louis adicionou. - Acho que deveríamos nos encontrar com ele.
- Eu concordo. - Disse Emma.
- Só tem um probleminha. - Asterope interveio. - Hipnos vive no Hades, o mundo dos mortos, e não dá pra entrar lá sem morrer primeiro.
Perfeito! Pensei. Agora vamos ter que morrer também.
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Quero agradecer aqui a Ana_claraErnesto pela
ajuda com a revisão deste capítulo.
Me foi de muito útil.
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Outono em Old River
Teen FictionJon, Louis e Emma são três jovens especiais, cada um à sua maneira. Amigos desde a infância, os três já passaram por muita coisa juntos, mas nada se compara a jornada que viverão nesse outono. Outono em Old River é uma aventura de autodescobrimento...