●• ten •●

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Para a minha "sorte", acabei esbarrando no Mark, merda.

Ele me segurou para que eu não fugisse e me encostou na parede.

- Devemos conversar. - Ele disse.

- Devemos? Eu não devo nada!

- Eu errei com você, Yoora. - Ele disse se aproximando.

- Mark, por favor, não... - Eu disse virando o rosto.

- Eu gosto de você, Yoora. - Assim que ele disse isso, olhei nos olhos dele, surpresa.

- T-tarde demais para isso.

- Não é tarde demais, você ainda sente o mesmo, eu vejo nos seus olhos, não se engane com aquele cara... Eu estou arrependido... - Ele falava muito perto de mim.

- Me solta. Não vai ser me forçando a algo que eu vou te desculpar, então me solta.

- Ela disse para soltar! - Disse o JungKook me puxando contra ele.

- Você de novo? Otário. - Ele disse olhando o JungKook fixamente, eu resolvi fazer algo a respeito antes que isso virasse briga.

- Chega, isso está ficando chato! - Eu disse ficando no meio dos dois. - Mark, vamos até o jardim.

O Mark sorriu vitorioso, porém, o JungKook protestou.

- Você não vai a lugar nenhum com esse cara. - Não tive tempo de responder pois ele agarrou meu braço e saiu me puxando.

Paramos quando vimos um homem com uma roupa social, boa postura, relógio no pulso, cabelos cortados mas não exageradamente, olhos castanhos e uma face séria. Meu pai estava logo áli no final do corredor conversando com o diretor.

- JungKook, por favor, me tira daqui. - Eu sussurrei pedindo.

Ver meu pai sempre me deixa mal, já se passaram dois anos desde que eu o vi... Minha real vontade era de correr e abraçá-lo bem apertado, mas em horas como essa, o orgulho e o coração lutam bravamente e posso dizer que meu orgulho sempre ganha.

Fiquei atrás do JungKook e nós fomos recuando aos poucos, porém, eles nos viram e então o diretor me chamou.

Me despedi do JungKook, dei um longo suspiro e fui até eles de cabeça baixa, mas logo levantei o rosto, não vou me abater.

- Filha. - Ele disse com um sorriso aberto, aquela palavra me cortou como uma faca.

- Oi, sr. Sung. - Respondi e aquele sorriso logo se desfez.

- Por favor, vamos conversar na minha sala. - Disse o diretor.

Meu pai assentiu, eles foram indo na frente e eu fui logo atrás de braços cruzados... Talvez eu seja muito grossa com meu pai as vezes, mas mesmo que você tente, você nunca irá entender a dor de alguém se não passar pela mesma coisa, então poucas pessoas irão entender o que eu sinto e o que eu já passei, acho que esse é um assunto delicado, eu cresci tendo um pai, porém, super ausente, ele sempre foi apenas um conhecido meu. Ele quem me deixou do jeito que eu sou com ele hoje em dia, ele tornou as coisas assim e agora eu simplismente não me importo mais, isso não é errado, é? Eu não sei, talvez seja sim, mas...

Chegamos na sala do diretor, estávamos todos em silêncio e isso já estava constrangedor, mas pela primeira vez na vida, eu gostei de estar em silêncio.

- Diretor, poderia nos deixar a sós por alguns minutos? - Pediu o meu pai, quer dizer, sr. Sung.

O diretor concordou e saiu de sua sala me deixando sozinha com este senhor... Ele me olhava com um leve sorriso no rosto, eu tentava não olhar para ele e ficava olhando para os lados.

- Tão crescida desde a última vez que eu te vi. - Ele disse.

- Claro, eu não iria ter 15 anos para sempre.

- Já vai fazer 17? Quando? - Ele perguntou e eu sorri fraco, negando com a cabeça.

- Que tipo de pai não sabe nem a idade de sua filha!?

- Não me julgue, eu apenas havia esquecido.

- É mais fácil falar: "eu nunca me importei". Mentir é feio, tá?

- Não seja ingrata, eu sempre te mandei os melhores presentes.

- Eu nunca te pedi nada. Ah, espera, pedi sim, um abraço e um simples: "parabéns Yoora".

- Você nunca vai mudar, né?

- Não sou eu quem devo mudar...

- Eu preciso viajar, são negócios, não posso parar por bobagens! - Ele disse, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas.

- "Bobagens"? Eu só queria um pouco de carinho e de atenção do meu próprio pai, isso é bobagem para você, sr. Sung?

- Não foi o que eu quis dizer.

- É, mas disse. Mas fique sabendo desde agora que eu já não me importo com essas "bobagens".

- É impossível conversar contigo!

- Não é não, só para você mesmo.

- Que seja, eu não irei me ajoelhar e pedir perdão para uma filha mimada e folgada. - Ele disse em um tom de desprezo.

- E nem eu, para um pai frio e... - Parei de falar pois a vontade de chorar havia tomado conta de mim, uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto mas eu rapidamente a limpei.

- Só vim aqui te dizer que nas férias do meio do ano, você irá morar em Los Angeles.

- Quem vai me obrigar?

- Está me desafiando!?

- Não, eu só perguntei. Quem vai me obrigar a ir? Você seria capaz de me fazer te querer ainda mais longe de mim?

- Me quer longe de você? Então porque implora por atenção?

- Implorava! Saiba que isso morreu aqui e agora.

- Junto com sua vida na Coreia! Você irá para os Estados Unidos daqui 4 meses, esteja preparada.

- Me deixe em Paz, desapareça como você sempre fez, continue ligando apenas para a Young, áfinal, quem iria querer ter uma filha como eu, não é? - Eu disse "cuspindo" cada palavra, ele apenas ouvia, sem expressão.

- É. - Ele respondeu friamente.

Aquilo foi o suficiente para mim, eu saí daquela sala fechando a porta com toda a minha força e saí correndo para o meu dormitório, trancando a porta e me jogando na cama.

Eu não o odeio, mas queria que ele tentasse me entender e percebesse que sim, eu estava implorando por atenção, do meu jeito, do único jeito que eu sei demonstrar para ele.

Afundei minha cabeça no travesseiro e não segurei mais as lágrimas, deixei rolar, aquele simples "é", me deixou mal. Eu queria gritar, eu queria correr, eu queria o abraçar, eu queria que ele me demonstrasse que me ama, só isso, é pedir demais? Bom, para o meu pai demonstrar afeto é uma grande dificuldade sim, então porque eu devo ser melhor com ele!?

mercy • jjk [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora