Um pouco de mim

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O observei dormir por muito minutos, eu não conseguia pregar os olhos. Não com o Neymar do meu lado... tudo o que tínhamos feito ali foi diferente. Não digo como paixão, credo é só um cliente. Digo a forma dele ter me tratado, ele até trouxe várias comidas pra mim e isso é realmente muito raro. Só acontece quando sou acompanhante de luxo e olhe lá! Os caras só querem me comer como se não houvesse amanhã, mal sabem meu nome e já rasgam a minha roupa ou inventam de me bater.

Neymar dormir comigo, me tratar bem e transar maravilhosamente bem. Isso sim, era novidade!

Fucei algumas coisas no meu celular e o grupo das meninas fuxicavam de mim mesmo sabendo que uma hora eu iria ler "A vaca saiu com o Neymar" "NEYMAR?" "Vai chegar na boate de nariz em pé hoje!" "Imagina o tanto de dinheiro que deve ter rendido pro Rodrigo?" Entre mais e mais comentários que me faziam rir e rolar os olhos peguei no sono sem esperar.

— Ei, moça! -alguém me cutucava- Mah! -me cutucou mais e eu despertei enquanto esfregava os olhos.
— Oi! -falei bem baixinho.
— Finalmente! -ele ria de mim- pedi café pra gente... você curte suco de abacaxi com hortelã? -imediatamente me levantei, meu estômago gritava por socorro e ao ver todo aquele banquete quase me emocionei.
— Não precisava de tudo isso...
— Precisava. Você me deu um pouco de trabalho, e eu preciso repor minhas energias. -ele lembrou da segunda transa que tivemos quando fomos tomar banho.

Flashback on

— Preciso tomar um banho, estou grudando! -ele avisou enquanto se levantava e colocava sua cueca.
— Eu vou em seguida. -anunciei-
— Que isso, eu espero. Pode ir!
— Tem certeza? -e ele disse sim com a cabeça e eu me levantei animada- Obrigada, Ney! -beijei seu rosto e sai em seguida para o banheiro.

Liguei a torneira da banheira e a luz baixa e avermelhada do local me encantou, eu poderia morar ali numa boa. Tirei meu roupão do meu corpo e o pendurei num canto. Por um momento achei que era algo da minha cabeça, mas uma música começou a tocar no quarto. Desconfiei mas dei de ombros, deve ser o Neymar aprontando algo. Make Love - Chris Brown... ah... essa música... essa música é perfeita. Eu poderia sonhar com ela. Coloquei um pé na água para sentir a temperatura e minha pele se ouriçou, coloquei o resto do meu corpo na água morna e aquilo me fez ter quase um orgasmo. Música, luz fraca e água quente. Fechei meus olhos e acariciei meu corpo para sentir o êxtase tomar conta de mim... senti dedos tocarem meu ombro mas não quis abrir os olhos para ver que era ele. Beijos foram depositados na minha nuca e eu estava me controlando para segurar a barra. Ele afastou meu cabelos do local que iria beijar tão delicadamente, com tanto cuidado, seus beijos queimavam na minha pele e então ele sussurrou — Eu posso ficar com você? Eu apenas balancei a cabeça o autorizando e ele veio devagar, observei aquela cena e aquele homem queria me tirar do eixo, só pode. Ele se sentou a minha frente e cruzou nossos dedos e me puxou para si, seu olhar estava perdido, como se quisesse olhar para tudo ao mesmo tempo, ele lambeu os lábios e deu uma risada sapeca e me abraçou. Me surpreendi com o ato mas me rendi e o abracei também, ao nos separar ele segurou meu rosto e me beijou calmamente, meu coração acelerava cada vez mais.

Girl I wanna love you, baby
Oh I wanna make love to you, yeah
I said baby, baby, baby, woah
I wanna make love to you, yeah yeah yeah

Flashback off

— Para! -dei uma risada alta.
Está ficando com vergonha? -ele começou a rir comigo.
Não, não estou!!! -tampei meu rosto que queimava de vergonha.
Está sim!!! -ele brincou de novo e puxou minhas mãos do meu rosto- você é linda!
Você só está piorando as coisas, Neymar! -soltei uma risada brincalhona.
— É sério! -ele pegou um pão de queijo e começou a comer- Eu não sei do porquê você estar nessa vida... talvez você não merecia. Mas cada um tem seus motivos. -imediatamente fechei o sorriso, doía ouvir aquilo- Oh, me perdoa. Eu não queria...
— Não, é normal. Eu escuto isso sempre! -sorri fraco- Sabe, Ney... as coisas nem sempre são como a gente quer. Eu tive que ir atrás das coisas desta forma! -ele me olhava tentando me confortar.
— Não precisa se explicar, eu não preciso saber dos seus motivos se não estiver se sentindo à vontade.
— Tá tudo bem. Vou tentar contar! -coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e comecei- eu tinha meus 13 anos na época, estudava e tinha dois irmãos mais novos, eles eram tudo pra mim, meus bebês. Minha mãe tinha câncer de mama e passava dias no hospital público e eu precisava cuidar de tudo, deles, da casa, precisava arrumar dinheiro para o leite dos garotos já que mamãe não podia mais alimentá-los. Meu pai, nos largou quando minha mãe estava grávida dos meus irmãos, não faço a menor ideia de onde ele está. Eu trabalhava de empacotadora na mercearia da minha rua e me virava com o que tinha, às vezes eu deixava de comer para dar para os bebês. Eu batia tudo num liquidificador e colocava um pouco de leite, eu nem sabia se aquilo fazia bem para eles. No meu aniversário de 15 anos minha mãe não suportou e faleceu -eu lutava contra as lágrimas, eu não falava aquilo para ninguém- eu perdi as forças, eu fiquei sem rumo sabe? Eu me via sozinha com o Lucas e o Matheus, o que eu ganhava não dava nem para pagar o aluguel de casa, mas minha mãe sofria tanto aqui na terra que eu até pedia pra Deus levar ela logo, eu sabia que ela iria olhar por nós lá de cima. Então um dia o conselho tutelar foi até a minha casa e disse que precisava levar a gente para o orfanato, os meninos tinham 2 anos, eu me desesperei, a rua inteira viu o meu escândalo para entrar naquele carro. Os garotos não entendiam nada, dava pena! Nos jogaram num orfanato podre e logo meus irmãos foram adotados, eram bebês e eles iam rápido. Eu entrei em depressão, eu não comia e vivia com insônia, as crianças que tentavam conversar comigo eu as afastava, eu era sozinha. Então no meu aniversario de 16 anos decidi fugir do orfanato, bolei um plano quando a tia inventou um passeio pela Avenida Paulista, me enfiei no meio das pessoas e me perdi deles. Anoiteceu e um cara sentou do meu lado, perguntou se eu estava com fome e etc e eu aceitei a ajuda dele, afinal, eu não tinha mais ninguém! Esse cara era o Rodrigo, enfim, não demorou muito para isso, se tornar isso. -apontei para mim mesma e o Junior estava com os olhos avermelhados segurando o choro e eu, eu estava nadando nas minhas lágrimas- Hoje tudo o que eu tenho é a Júlia, ela apareceu no mesmo momento que eu, com problemas também então nos consolamos e hoje somos irmãs. Hoje eu tenho tudo o que eu posso, apartamento, carro e etc. Mas eu nem sei como meus irmãos estão, nem sei onde estão. Isso dói bastante, eu daria minha vida por eles e nem sei onde posso encontrá-los. Eu vivo disso, porque não tive outra opção, ou era isso ou me drogar para morrer. Eu não iria suportar! Aprendi tudo na marra, ser independente, lutar contra abusos e etc. Aprendi sozinha e apesar de tudo, eu sei que minha mãe está me vendo, estava me vendo fazer tudo isso. Mas ela sabe que eu não teria outra alternativa. -sequei minhas lágrimas- eu tenho orgulho de mim por ter conquistado tudo isso com o meu corpo, mas sinto ódio de mim por ter deixado escapar os bens mais preciosos que eu tive toda a minha vida.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐁𝐑𝐀𝐈𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora