Estávamos na sala, porém Aline havia ido ao banheiro, ouvimos um grito apavorado vindo de dentro do cômodo e rapidamente fomos em direção ao mesmo.
— Aline! — gritei — Você está bem? — passou um minuto de silêncio e então ela respondeu.
— Me ajudem a sair daqui! — ela fala chorando desesperada.
— Se afasta da porta — falei metendo com força meu pé esquerdo na porta que se abriu bruscamente.
Aline estava chorando e seu corpo, coberto de sangue.
— O que aconteceu? — Amanda perguntou entrando no banheiro, no mesmo momento ouço um grito de horror e ela saindo correndo.
— Aquele é seu irmão? — Ela perguntou para Aline que apenas chorava.
— Nós precisamos parar com isso — Fernando fala aparentemente alterado.
— Sim, precisamos! — Amanda concorda — Agora quero saber quem matou aquela maldita mulher e quem por Deus está matando os nossos parentes.
— Há há há! — Uma voz horrível sai dos cantos das paredes — Fui eu queridinha — a voz diz — E a próxima naquela banheira, será você — Amanda abraça a si mesma e olha para mim com medo.
— Quem é você desgraçado?! Porque quer nos matar?! — Aline gritou, mas acabou por não receber uma resposta.
Quando voltamos pra sala encontramos muitos vermes pelo chão e um cheiro horrível.
— Que merda é essa? — pergunto sentindo um deles subir por minha calça, esperneio até me livrar do mesmo.
— Só há uma saída — Aline fala apontando para o outro lado da sala.
— Eu vou na frente abro a porta e todos saímos daqui — Fernando falou de forma autoritária pisando encima dos variados vermes.
Ouço um barulho e olho para lado vendo Aline vomitar, direciono meu olhar de volta para Fernando que já estava na porta e, quando a abre, um cadáver muito fétido caiu encima de seu corpo fazendo com se assustasse caindo para trás ficando os vermes por baixo de seu corpo e o cadáver por cima, ele estava sendo um recheio de um hambúrguer macabro.
— Levanta daí! — Amanda grita, aquele momento estava sendo baseado em gritos.
Ele se levanta banhado de sangue e vem ao nosso encontro. Fomos todos em direção à cozinha, mas quando chegamos lá, tinha três corpos desossados encima da longa mesa de jantar, era cabeça para um lado mão para outro. Aline e Amanda estavam chorando convulsivamente.
— Os próximos serão vocês, lembram? — A voz masculina novamente se fez ser ouvida.
Eu chegava a tremer de medo. Tínhamos que fazer algo para sair de lá, porém não sabíamos o quê.
— É minha mãe! — Amanda grita estética.
Chego mais perto e a reconheço, olho paras outras cabeças e para meu espanto uma daquelas eram a do meu pai.
— Meu pai... — Falo horrorizado.
— Isso é tudo culpa daquela maldita noite, quem de vocês matou aquela mulher? —Aline grita e nós nos entreolhamos.
— Quem a matou? — Gritou a voz.
— Eu não quero morrer! — gritou Fernando — Olhem em volta, isso tem que parar.
— Vamos parar com isso, não precisamos disso! —Amanda fala tentando soar séria, mas parecia ser impossível com o grande fluxo de água que escorria por seu rosto — O problema aqui não é quem a matou e sim quem está tentando nos assassinar.
— Se essa coisa não nos matar antes — Aline fala apontando o dedo em volta. Quando ela fala isso alguém entra na cozinha e um cheiro se espalha pelo ar, acabo por desabar no chão assim como todos os outros, inconsciente.
Aos poucos abro os olhos me deparando com uma cena horrenda, estávamos nus presos pelos braços e pernas um nos outros.
— Bem, chegou o dia que eu tanto esperei — Um homem com os olhos claros falou. Ele não parecia com um assassino, mas bem eu sabia que as aparências enganam.
— O que vai fazer com a gente? — Fernando perguntou, ele também havia acordado.
— Farei vocês pagarem pela morte dela, fiquem tranquilos eu mudei de ideia ninguém aqui vai morrer. A morte é pouco pra o que vocês merecem — ele fala abrindo o jaleco vermelho que vestia mostrando para nós alicates e facas de todos os estilos.
De inicio, o homem misterioso arrancou um dedo de cada um de meus amigos, gritos e pedidos de pare vinham por todas as direções. O interessante era que eu não estava sendo torturado. Depois do dedo ele vai pra mão a decepando de uma só vez, o chão já estava coberta por uma mistura nada agradável dos sangues daqueles que sofriam nas mão do homem que pretendia desgraçar nossas vidas.
— Eu não vou matar vocês, mas com certeza a dor irá — ele falou soltando uma risada nada agradável.
Eu ouvia gritos vindos dos meus melhores amigos sem poder fazer nada além de observar. Escutava eles falando que a culpa não era deles, estavam certos, era minha. Minutos se passaram até mais nenhum som transmitiram, haviam morrido, sabia bem disso. A dor que crescera por meu peito nada tinha haver com meu externo e sim interno, haviam causado a morte de meus amigos, era tudo culpa minha.
— Agora você princesinha — ele veio em minha direção, pegando o meu dedo mindinho, o mesmo o cortou de uma só vez fazendo com que eu gritasse como nunca antes, aquela dor era muito diferente do que já havia sentido, era dez vezes pior. Eu necessitava sair de lá vivo, precisava vingar meus amigos. Agora não era somente uma busca por vingança, eu duvidava muito que ele estava com mais sede de morte do que eu. Quando o loiro se virou e foi até a mesa pegar um ferro, logo voltou até mim e me desprendeu das amarras. Poderia ter fugido naquele momento, mas a dor que de repente surgiu por meus pulsos e tornozelos me impediram de levantar no mesmo segundo.
— Se vai me matar ao menos me diga quem é! — gritei.
— Agora vou te marcar para o resto de sua vida que pode ter certeza de que não irá durar muito — ele fala mirando a ponta de ferro em direção ao meu peito. Em um ato de coragem, dei uma cabeçada forte nele fazendo com que amolecesse as mãos que me seguravam com força, fora o suficiente para que conseguisse me soltar. Quando se recuperou, tento me acertar com seu objeto que ainda possuía a coloração avermelhada causada pelo fogo, por sorte consegui desviar de seus ataques logo pegando uma das facas que estavam em cima da mesa de tortura dele e corri na direção do grandão que parecia sorrir em deboche. Fui para cima dele e acabei conseguindo esfaquear seu peito, com uma força que não sabia onde havia conseguido, enfiei a lâmina cada vez mais fundo até que o mesmo parou de respirar.
Corri pra fora do que parecia um armazém. Já era dia, estava muito cansado andando de um lado pro outro, não sabia onde estava quem era aquele homem e tudo o que eu mais queria era acordar desse pesadelo e ver meus amigos bem.
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O Troco Macabro
Short StoryToc Toc Toc Era o único som que se ouvia naquela ruela escura e vazia. Eu sabia que estava sozinho, mas era como se alguém me olhasse e fazia com que constantemente eu virasse para trás há cada passo que dava...