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O quarto era, na verdade muito acolhedor, era simples a comparar com a enorme mansão.

-não tem muita cor, nem muita coisa mas deixei isto assim para que a menina pudesse decorar ao seu gosto, vai estar aqui em casa muito tempo e algo vai ter de a distrair

Sorri

-Obrigada, mas sinceramente acho que está bom assim, tem o necessário

O quarto tinha apenas uma cama, as respectivas mesinhas de cabeceira e um enorme espelho.

- nesta porta- dizia ela enquanto percorria o quarto em direção a uma porta e a abria- tem este pequeno corredor com duas portas, uma é a do closet e a outra é da casa de banho privada- olhou para mim- sei que esta parte é um exagero mas acredite que esta é a suite mais simples desta casa

- não me posso queixar, mesmo que fosse a coisa mais exuberante de todos os tempos eu tinha de aceitar, estou aqui a viver por favor, não são propriamente umas férias

-Eu compreendo menina

-Celiny!!- uma voz grossa soou vinda dos corredores

-No quarto da menina, menino- respondeu a senhora e logo de seguida uma presença masculina surgiu no quarto

-Celiny, qualquer coisa que a Jasmin decida pedir tu dizes que não

-Mas menino-

-Mas menino nada- disse interrompendo a senhora- estou farto de a aturar, acabou

-sem querer parecer intrometida mas o menino é que se conduziu a isto, aquela bruxa já lhe mentiu tantas vezes e o menino apenas se limita a aceitar todas as suas atrocidades

-Celiny já ouvi isso vezes e vezes sem conta, já chega

-desculpe menino- disse a senhora baixando a cabeça- bem, vou ver se aquela bruxa precisa de alguma coisa- e saiu pela porta sem olhar para trás

-Então, o quarto serve?- disse Harry olhando para mim

-sim, é mais do que suficiente-sorri timidamente

-posso?- disse apontando para um cadeirão no fundo do quarto atrás da porta que eu ainda nem sequer tinha reparado

-a casa é sua- disse assentindo

-primeiro, eu não sou muito mais velho do que tu por isso agradecia que me tratasses por tu e segundo este quarto é teu, por isso, para eu ou qualquer outra pessoa entrar é preciso dares autorização, estamos entendidos?

Assenti

-Vou só estabelecer umas regras e a primeira é que qualquer pergunta que eu te faça exige uma resposta verbal, não aceito assentir ou negar com a cabeça

Olhei para ele, na verdade estava um pouco intimidada, a diferença de alturas era alguma e para conseguir olhá-lo nos olhos tinha de levantar completamente a cabeça

-A segunda regra é a mais importante, nunca mas nunca saias desta casa sem qualquer tipo de autorização

-E como obtenho essa autorização?

-Muito provavelmente não a vais obter, mas se por algum motivo algo de muito grave acontecer, falas comigo antes e aí, dependendo do que eu achar da gravidade da situação, te darei a autorização necessária, estamos entendidos?

-Estamos sim- revirei os olhos

-Revirar os olhos nesta casa é inadmissível, para mim é a coisa mais repugnante que alguém pode fazer à minha frente

-Respirar posso? Ou tem alguma lacuna no meio que me impeça de respirar de tais em tais horas?- disparei aquilo com uma lufada de coragem mas a lufada era tão mínima que logo me arrependi

- Eu tento deixar o Ashton confortável em todas as situações, se uma das coisas que ele me pediu quase de joelhos foi ver a menina dos olhos dele em segurança, então nesse caso a menina dos olhos dele ficará em segurança, tão simples quanto isso. Podes gritar, desesperar, espernear, fazer o que quiseres porque nada vai impedir que eu deixe o Ashton sossegado e em segurança, entendidos?

Revirei os olhos

-Entendidos?- disse levantado a voz e semicerrando os olhos  

-Sim senhor

-Esperemos que esse revirar de olhos tenha sido o ultimo, se tem coisa que não tolero são faltas de respeito e revirar os olhos é a maior delas todas

-Não era melhor me mandarem para a prisão? Era menos rígido?

-Já ouviste falar do risco de deixares cair o sabonete numa prisão? Aqui pelo menos não corres esse risco

-O risco de quê? O que é isso?- confusão estava presente no meu olhar semicerrado

- Ai não sabes?-disse com um sorriso malicioso na face

- Não 

-Então senta aí que eu vou te explicar

Depois de falar, sentou-se e olhou para mim à espera que eu me sentasse para ele conseguir iniciar o que quer que fosse dizer, mas no fundo estava com medo e tudo isto devido ao seu, embora perfeitamente alinhado, sorriso malicioso que aumentava mais a cada segundo que passava. Ou pelo menos era o que me parecia.

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