Parte I

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Toda missão tem um motivo, normalmente ninguém pergunta, mas ele existe, em alguma camada da longa lista de poder acima de quem realmente faz algo. Com Morgana isso não adiantava, talvez por isso seguiu por tanto tempo como capitã da nave K1-27. Capturando bandidos pelo espaço, próxima de aposentar, ela estava em mais uma missão especial, da qual ela sabia exatamente o motivo: roubo das joias da rainha Skylix, dona de metade dos planetas daquela galáxia. O alvo, Rabin, mais um dos homens que se achavam mais espertos que as mulheres.

— Tudo certo até agora?

— Estamos tentando entrar em contato com as defesas do planeta Kall, mas ninguém responde — Sabrina olhou para Morgana, sabendo a resposta, mas com medo de falar.

— Rápido, não temos o dia todo. O que aconteceu?

— Parece que algo aconteceu lá, algo grave. Mas preciso de confirmação.

— Consiga isso rápido — olhando para fora, Morgana procuravam alguma explicação visível, mas estava na hora de parar de cobrar dela mesma o controle do mundo a sua volta. — Não posso falhar nessa missão.

No canto esquerdo da sala, como um reflexo, estava Karina, tão idêntica à Sabrina que muitos não acreditavam que elas não eram irmãs, ela estava concentrada tentando descobrir o que seria aquele pedaço de nave que acharam antes de chegar ali, um pedaço tão pequeno, mas que provavelmente guardava uma grande história, a aventura de algum navegante do espaço que se perdera pelo grande e infinito tempo.

— Autorizados para pousar — com sua mão esquerda Sabrina fechou seu cinto à cadeira — preparem-se para um pequeno balanço.

Morgana e Karina sentaram em suas respectivas cadeiras, e fizeram o mesmo movimento de fechar o cinto. Todas olhavam para a frente, sem grandes receios, confiavam no potencial de Sabrina. Mas desconfiavam do motivo de ter demorado tanto essa autorização de pouso. Descobririam em terra firme.

Chegando ao planeta Kall, as três saíram da nave, recepcionadas por um grande exército, com Rabin servido de bandeja, já amarrado. Poupando todo o trabalho. Não era um bom momento para questionar as ações daqueles que ali estavam armados e preparados para a guerra. Morgana seguiu em direção a Rabin. Os soldados abaixaram a cabeça quando ela passava, sua fama era conhecida por todos os lados da galáxia. Foram anos prendendo marmanjos. Ela pegou Rabin pelos ombros.

— Cadê as joias? — Ela olhava para ele que estava rindo.

— Pergunte aos seus queridos soldadinhos.

Ela entendia o que estava acontecendo, mas não poderia resolver isso sozinha, não contra um exército, que por mais que temiam ela, fariam o que fosse mandado pelos superiores, que seria matá-la. E ela não estava pronta para morrer, não agora que poderia finalmente descansar depois dessa missão.

— Avisem ao comandante de vocês que a rainha saberá dessa traição. — Empurrando Rabin para a nave. — Vamos, preciso te levar para a prisão. Seu ladrãozinho de merda.

— Prontas para partir?

— Sim, Sabrina. Direto para casa, por favor. — Morgana estava cansada, não dessa missão, que foi uma das mais fáceis tirando a prisão de dois anões baderneiros no planeta Mett, mas o sentimento de alivio nessa, foi maior. Quanto as joias, não seria problema dela.

Todos sentaram, amarraram os cintos. Rabin amarrado ao fundo tão forte que mal conseguia se mexer. Todos estavam prontos para partir. A nave subiu junto ao desejo de Morgana de finalmente pousar em casa.

No céu um clarão veio em direção a nave, as gêmeas tentavam saber o que estava acontecendo, quando viram um grande asteroide já estava próximo da nave. Fizeram de tudo para desviar. Passou de raspão. Seguiram em frente aliviadas.

Uma mensagem apareceu na tela, era um pedido de ajuda. Morgana tirou seu cinto e se aproximou da tela. A imagem chiava como uma televisão velha, o sinal estava péssimo.

— Conserte isso, logo.

— Estou tentando, mas não... — O sinal foi recuperado, e na tela apareceu quem precisava de ajuda. Morgana não conseguiu se manter de pé, caiu de joelhos no chão, ao lado de Karina. Sua pupila dilatou e parecia um Big Bang, uma explosão de sentimentos, ao ver na tela seu falecido esposo.

— Não pode... ser. — Suas mãos tremiam, seu corpo encurvava para o chão. A sua volta Sabrina e Karina não sabiam o que fazer.

— Quem é esse, Morgana?

— Eu sou o marido dela. Felipe Baltz.

Elas olhavam para a tela e não sabiam o que fazer. Morgana se levantou, com dificuldade. Se pôs de pé. Passou a mão em sua roupa ajeitando-a em seu corpo agora ereto. — Vamos busca-lo.

Morgana e o Big BangOnde histórias criam vida. Descubra agora