Parte II

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A nave abriu, indo em sua direção estava Felipe, exatamente como ele era a 20 anos atrás no dia da sua morte. Seus cabelos longos da cor de mel, e seus olhos fundos e negros. Morgana já não era a mesma, sua pele negra que antes era lisa e brilhosa, agora começava a marcar a sua idade, principalmente em seu rosto cansado. Seu cabelo já não podia ficar solto, sempre em tranças, aonde o azul que a marcava agora tinha invasores longos e brancos.

Ela caminhou em direção a ele, tremendo e insegura, toda sua força prendendo bandidos sempre se tornava um grande nada perto dele, ele tinha esse efeito de deixa-la frágil. Felipe estava ali na sua frente, depois de vinte anos. Ela poderia beijá-lo, ou questionar aonde ele estava todo esse tempo. Mas tudo isso ficara para depois. Seus braços se abriram, e como asas de um anjo, o trouxe para junto a ela. Abraçou tão forte, que as batidas dos corações dos dois se confundiam. Ficou agitado, e foi diminuindo aos poucos. Sem parar, mas em uma calma serena que ela nunca mais teria experimentado.

— Eu senti tanto a sua falta.

— Eu também.

— Vamos entrar, temos muito para conversar. — Disse Morgana. Sabrina e Karina entraram na frente. Rabin estava agoniado já amarrado em sua cadeira.

— Vocês vão ficar namorando e me deixar preso aqui até quando? — Ele tentava se desamarrar — Eu tenho meus direitos. Posso não saber quais, mas tenho.

Morgana se aproximou dele, com sua mão direita puxou ele pela camisa bem próximo ao seu rosto. — Você vai ficar quieto. Está entendido? — Os olhos dos dois se encontraram por pressão dela que o guiava como um boneco de pano. — E agora irei conversar com o meu marido. Então é melhor você não me atrapalhar. Ou ficarei muito chateada. Se é que me entende.

Ela foi em direção a Felipe, puxando ele pelo braço e indo para o quarto de descanso. Rabin observava calado, ainda tremulo. Felipe estava sem reação, não sabia por onde começar a se explicar, mas sabia que isso seria cobrado dele.

— Antes de tudo, preciso que você entenda que eu não sei o que está acontecendo... — Suas palavras foram interrompidas por um beijo apaixonante, um beijo que ela guardara desde sua partida, desde o adeus que deveria ser um até logo e se transformou no inferno que esses vinte anos sem ele havia se tornado.

— Eu não quero entender, não agora. — Suas mãos passeavam pelo rosto dele como uma turista em um país ainda não explorado, mesmo que aquele rosto já esteve muitas vezes colado ao seu corpo. — Eu quero você. Agora. Só isso... deixa o resto para depois. Teremos muito tempo.

Ele segurou ela pela cintura, a colocou em cima da cama coberta de fios de cobre perdidos de Karina, uma bagunça generalizada que somente elas entendiam. Mas ele não queria saber, assim como Morgana. Agora eles precisavam matar de vez essa saudade. Um infinito de impossibilidades fora colocado de lado, e o tempo se tornou um grande palhaço diante do possível acontecendo diante dos olhos deles. E do resto do corpo.

A turista continuava explorando o corpo de Felipe, que olhava para ela como um grande templo antigo, que por mais que o tempo passasse, continuava tendo a mesma beleza, e cada vez com mais força diante do resto das construções que perambulavam pela galáxia.

— Essa foi a melhor noite da minha vida. — Morgana se virou procurando por Felipe, que não estava mais ali.

Morgana e o Big BangOnde histórias criam vida. Descubra agora