- Vai, vai. Você não quer um doce?
Haru olhou para o chão, pensativo. Tinha por volta dos seus doze anos de idade enquanto retornava da escola com seus novos amigos. Era um estrangeiro naquela zona da cidade e hoje completava sua primeira semana de aula.
- Eu quero um doce – respondeu, ainda como se avaliasse a situação.
- Então vai! A gente já te ensinou como se faz pra pedir doces por aqui. Aquele cara pode te dar se você fizer!
Haru olhou mais uma vez o adolescente de cabelos cor de vinho. Estava se alongando para iniciar sua corrida matinal apesar do frio doloroso daquele dia. Aos seus dezessete anos, já havia ganhado diversos prêmios olímpicos.
- Eu quero um doce – Haru murmurou mais uma vez.
- Então vai!
E o menino finalmente caminhou até o rapaz mais velho. Rin preparava-se para correr quando viu o moreno se aproximar, encarando-o nos olhos com tanta naturalidade que chegava até a ser desrespeitoso. Rin pressionou os olhos quando Haru parou ao seu lado, calado. Não esperou completar o terceiro segundo até perguntar.
- O que?
Haru ergueu a mão em formato de V, mostrando a costa desta para Rin. O sinal de início pegou o mais velho de surpresa, mas depois uma raiva subiu pelo seu corpo e ferveu sua cabeça. Estava prestes a externar a ira quando viu o grupo de garotos que os observava gargalharem e fugirem correndo.
- Você pode me dar um doce agora? – Haru perguntou, baixando a mão. De início era impossível ler a face inexpressiva, mas seus olhos brilhavam de desejo.
Rin franziu o rosto, bufando com incredulidade enquanto encarava o menino inocente.
- Ô garoto, você ao menos sabe o que isso significa?
Haru não respondeu e Rin não pareceu ter paciência para esperar.
- Significa vagina, idiota. Não faça mais esse sinal pras pessoas. – De volta a encarar a calçada, Rin se preparou para começar a corrida. – E arranje outros amigos.
E Haru foi deixado para trás em poucos segundos. O garoto estava surpreso, apesar de sua face não demonstrar. Encarou a própria mão e um rubor discreto tingiu suas bochechas.
Num universo paralelo,
a mesma situação,
respostas diferentes.
Haru se alongava para mais um dia de corrida. Estava com dezessete anos e já era bastante conhecido pelo número de competições já ganhas.
Do outro lado da rua, um grupo de crianças conversava, mas ele não prestava atenção.
- Vai, vai. Você não quer um doce?
- Claro que eu quero, idiota!
- Então vai!
- Eu já tô indo! – Rin estalou a língua, treinando mais uma vez o sinal antes de atravessar a rua.
Haru só notou o garoto quando este chegou bem perto, tirando-o de seus pensamentos.
- Moço – chamou, erguendo a mão em V e mostrando para o mais velho. – Você pode me dar um doce?
Haru permaneceu calado, internamente confuso. Não se irritou, mas uma curiosidade leve piscou em seus olhos. Procurava algum sinal de brincadeira no rosto do menino, mas ele parecia estar fazendo um pedido sério e até formal. Foi então que ouviu as gargalhadas do outro lado da rua e tudo fez sentido. Rin franziu o cenho, encarando os amigos sem entender o motivo dos risos. Por que estavam fugindo?
Todavia, sua atenção foi tomada quando um bombom apareceu na sua frente. Seus olhos brilharam e o sorriso inocente cresceu, acompanhando o corar das bochechas. Rin pegou o doce e sorriu para o rapaz.
- Obrigado, moço!
- Cuidado com esse sinal – disse, encarando o caminho pelo qual ia correr. Rin permaneceu confuso enquanto via o moreno se afastar, mas logo voltou a atenção para o doce, desembrulhando-o com satisfação.
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Por favor
FanfictionNum universo paralelo, a mesma situação, respostas diferentes. Como lidar com um pirralho apaixonado, insistente e... Viciado em sua banheira(??). O mais velho terá que ter muita paciência. Paciência a qual se transformará em autocontrole - no senti...