Capítulo 2

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María chegou cedo ao escritório. Marisa ligou avisando que não viria, pois se sentira mal. María compreendeu bem o mal estar dela, pois o dia hoje estava especialmente muito quente e Marisa já sofria com inconveniências de um final de gestação. Ainda bem que ela havia escolhido um vestido branco leve com detalhes florais em amarelo.

María passou o dia datilografando relatórios, as cartas, os memorandos e lidando com o arquivo.

Alguns clientes perguntavam por Luciano, e ela anotava todos os recados, segundo Marisa ele pegava ao período da manhã para visitar os clientes.

Na hora do almoço María se atrasou um pouco. O restaurante escolhido demorou-se em atendê-la. Ela não conhecia ainda restaurantes que tivessem um atendimento rápido. Como Marisa não estava ela apressou-se para chegar logo. Saiu quase correndo na rua na ida ao escritório.

Entrou na fabrica, passou como um foguete pela recepção e entrou na sua sala. Deu com Luciano sentado na sua cadeira.

Luciano a observou entrar afobada e levantou as sobrancelhas num gesto de questionamento.

— Desculpe-me eu me atrasei.

Ele sorriu compreensivo e perguntou-lhe.

— Onde está Marisa?

María se deteve naqueles olhos negros que a observavam detentivamente.

— Ela está com a pressão baixa por causa do calor, um ligeiro mal estar e não pode vir.

Ele levantou-se. María teve que olhar para cima para fitá-lo.

— Me espere hoje no final do expediente. Eu te levarei para casa. Seu pai me convidou para jantar em sua casa.

María reparou no terno preto impecável que ele usava e voltou para o seu rosto que a observava.

— Tudo bem, eu te espero.

Luciano então passou por ela e seguiu a sala dele, deixando um rastro de perfume caro. María sentou-se tremula em sua cadeira.

O dia passou rápido, Luciano exigiu dela muito pouco e ela acabou organizando uma parte das pastas do arquivo.

Ela estava em pé encostada ao arquivo com uma pasta na mão, quando se sentiu observada. Voltou os olhos para a sala de Luciano e o viu encostado na soleira da porta.

María guardou a pasta no arquivo e ele a convidou.

— Vamos?

María ajeitou a saia num gesto nervoso e assentiu.

Luciano se dirigiu a ela. María não sabia explicar porque ela se sentia intimidada por ele. Se a altura dele, seu jeito de andar, sua imponência, ou seus olhos perspicazes negros e pensando bem talvez fosse à mistura de tudo isso.

Ele em nenhum momento a pegou pelo braço, simplesmente caminharam juntos para fora da fábrica. María seguia ao lado dele em silêncio. Ao longe viu Esteban que os observava sair juntos. Nessa hora, sentiu o toque de Luciano no seu braço. Esteban a observou com um olhar intenso.

Luciano viu o irmão. Com uma expressão grave disse-lhe quando se aproximou mais dele.

— Já estou indo embora. Hoje tenho um compromisso com essa linda moça.

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