Parte IV

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Harry devia estar mais cansado do que ele imaginara, pensou Louis, espantado com aquela reação.

— Harry, não estou entendendo. As pessoas precisam saber que sou o pai para que o casamento...

— Não vamos nos casar, Louis.

Ele franziu o cenho.

—Mas temos de nos casar — insistiu. — Vai ter um filho meu!

—Ambos sabemos disso, mas ninguém mais precisa saber — salientou Harry, voltando a se concentrar no tricô. — E esse é o ponto principal do meu plano.

—Que plano?

—O de mantê-lo fora disso. Afinal, não tem culpa por eu haver engravidado.

Louis passou a mão pelos cabelos, controlando a impaciência.

— Mas acabamos de esclarecer que a culpa foi minha.

— Não fizemos isso — contestou Harry. — Apenas confirmei que você é o pai. Usamos preservativo. Como você poderia saber que eu acabaria engravidando?

— Nem você mesmo teria como saber isso.

— Está enganado, Louis. Eu estava nos meus dias férteis, e poderia haver cogitado essa possibilidade.— Deixando as agulhas de lado, voltou a encará-lo. — Será que não entende? Esse bebê diz respeito apenas a mim. Tenho de arcar com as consequências do que fiz.

—Isso é ridículo! — bradou ele, exasperado.

—Não, não é. Minha mãe, por exemplo, é uma pessoa inconsequente. Porém, por mais que ela aja errado, nunca tem de sofrer as conseqüências do que faz. Comigo, por outro lado, sempre acontece o contrário.

Louis não disse nada, mas continuou fitando-o com ar de ceticismo.

— Quando eu estava com sete anos — continuou ele —, roubei um chiclete de uma doceira da esquina durante uma visita a meu pai, mas fui flagrado. Meu pai ficou tão furioso que me mandou mais cedo para a casa de minha mãe. Aos treze anos, uma garota pediu que eu segurasse o cigarro dela enquanto ela amarrava um dos sapatos, e a inspetora apareceu. bem naquele momento. Levei suspensão e fui transferido para outra escola. Na faculdade, entrei nu na piscina com um grupo de amigos, em um sábado à noite, e fui o único a ser flagrado totalmente pelado pela polícia local. Como vê, não é de admirar que eu tenha ficado virgem até os vinte e três anos.

Louis continuou em silêncio, ouvindo-o com atenção.

—Além disso, os homens que passaram pela minha vida estavam interessados apenas em conhecer minha mãe. Com você senti algo... especial. Só que tive de pagar um preço pela oportunidade de ser livre e ousado.

— Então o fato de havermos feito amor significou apenas isso para você? Uma chance de ser livre e ousado?

Harry assentiu.

— Só que acabei cometendo o maior erro da minha vida.

— Acha que esse filho é o maior erro de sua vida?

— Não, de modo algum — respondeu ele. — Meu maior erro foi haver me envolvido com você, Louis.

— O que há de errado comigo?

— Bem, para começar, você é do tipo de homem com quem minha mãe sempre se envolveu.

Louis não fazia ideia do tipo de homem que agradava à mãe de Harry, mas não gostou da comparação.

— Não sou não.

— Sim, é. Um exemplo disso é o fato de não gostar da ideia de casamento. Nem sei quantas vezes ouvi Lottie mencionar isso. Além disso, deixou esse detalhe bem claro, antes... antes de nos envolvermos. Falou que seu trabalho tornava o casamento impossível em sua vida.

Baby on the way l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora