Parte V

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Mesmo na manhã seguinte, a simples lembrança da frase sarcástica de Louis e daquele sorriso irônico teve o poder de deixar Harry enfurecido.

— Não sou obrigado a aceitar a presença dele — disse ao ursinho de pelúcia sentado sobre sua cômoda. — Pelo menos não por muito tempo — acrescentou.

Tinha seu bebê para lhe fazer companhia, não precisava de mais ninguém. Levando as mãos ao ventre, perguntou-se como seria possível amar tanto um ser que ele ainda nem conhecia e que já lhe parecia tão real.

Quando desconfiara de que estava grávido, sua primeira reação fora de pânico. Sozinho, no banheiro, e segurando o kit de teste com a mão trêmula, nunca sentira-se tão apreensivo em toda sua vida. Não queria ter um filho logo no período em que estava começando a pôr sua vida em ordem.

Haviam aceito seu pedido para a realização do mestrado e arrumara um emprego de meio período para ajudar a cobrir as despesas. Entretanto, por mais que estivesse aflito, quando o indicador ficou cor-de-rosa, sentira uma onda de felicidade que nunca mais o abandonara desde então.

Nem os enjoos matutinos, as preocupações financeiras ou mesmo os desentendimentos com Louis poderiam fazê-lo se arrepender de estar esperando aquele bebê.

Acariciando o ursinho de pelúcia, falou:

— Posso não haver começado tudo isso direito, mas pretendo ser o melhor pai do mundo.

Lembrou-se do modo protetor como Louis o tratara na noite anterior. Enquanto estivera aninhado naqueles braços, quase chegara a acreditar que ele estivesse sendo sincero.

— Não é comigo que Louis está preocupado, nem com o bebê — disse ao ursinho. — Ele quer apenas aliviar a consciência, antes de ter de partir novamente.... Se quer saber, não tenho a mínima vontade de que ele fique. Já superei meus sentimentos e, no momento, ele é apenas o irmão de minha amiga...

Harry se interrompeu ao ouvir uma breve batida à porta. Logo em seguida, Lottie colocou a cabeça na fresta, fazendo os cabelos caírem sobre seu ombro.

— Olá. A conversa é particular ou também posso participar? — Retribuiu o sorriso de Harry, antes de olhar para o ursinho de pelúcia. — Oh, mas que gracinha! Onde o comprou? — perguntou, aproximando-se do amigo.

— Ganhei de Dorrie Jean, ontem — explicou.

Entregando o ursinho à amiga, foi sentar-se na cadeira de balanço, a um canto do quarto. Com um suspiro, pegou a cestinha de tricô.

— Dorrie Jean é mesmo um amor — disse Lottie. — E o que a sra. Peyton lhe deu?

— Mais conselhos sobre o martírio do parto — ironizou Harry.

— Como se ela soubesse — replicou Lottie, com uma careta. — Dorrie Jean é adotada.

Dizendo isso, sentou-se na cama do amigo e deixou o ursinho de lado.

Harry sorriu para ela, pensando mais uma vez em como eram surpreendentes as semelhanças e as diferenças entre Lottie e o irmão. Qualquer observador casual, por mais desavisado que fosse, notaria a semelhança entre os dois. Ambos eram magros, e tinham olhos muito azuis.

Porém, a maior diferença entre os dois era o tipo de comportamento. Louis era mais reservado e não costumava demonstrar o que estava pensando, enquanto Charlottie era amigável, mostrando sempre um interesse sincero pelas pessoas que a cercavam.

Examinando as unhas bem manicuradas, Lottie disse:

— A sra. Peyton só quer seu bem.

— Eu sei.

Baby on the way l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora