eu te quero,mas não deveria querer!

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A sociedade é cheia das regras, já reparou? Tudo tem certo e errado, de acordo com o que é mais conveniente pro mundo, mas ninguém pensa que certo mesmo é fazer aquilo que o coração manda, sabe? Não entendo essa gente que recusa um chocolate antes do almoço, só porque não é hora de comer. Se deu vontade, coma. Deveria ser simples assim, não deveria?

Confesso que fui doutrinado a seguir essas regras implícitas. Não comer doce antes do almoço, não beber nas segundas-feiras, não cobiçar o indisponível: pessoas, cargos, sentimentos. E eu sempre fui bom nesse jogo de mestre manda, fazendo o que o mundo mandava e esquecendo de seguir o que o coração pedia. Aí eu esbarrei no teu sorriso, num dia ensolarado, e esqueci todas as regras.

Você estava vestindo uma blusa branca e o sorriso mais lindo do mundo. Teu perfume invadiu o espaço e tudo ali te notava. Eu te absorvi por minutos, vendo teu cabelo balançar enquanto você caminhava, distribuindo abraços e beijos nas bochechas. Eu guardei o meu abraço num poema, e torci pro meu olhar cruzar de novo com o teu.

E tive sorte.

Vou te dizer que eu lembrava das leis do mundo. A cabeça martelava: não posso te querer, não posso te querer, não posso te querer, como um mantra ruim. Dois goles de vinho, meio sorriso e um desviar de olhos depois, já era. Eu te quis. E ainda quero, esquecendo que não devia. Às vezes a mente se inundava de culpa, sabe? Mas eu te via tão minha, que me permiti sentir e só. Não há restrições no sentir, mesmo quando parece impossível. Resolvi dar voz pro mestre que falava mais alto — e quem gritava em meu ouvido, era meu próprio coração.

Agora estou aqui fazendo do teu colo travesseiro. Você fica passando teus dedos finos nos meus cabelos, enquanto olha para o nada (e arrisco dizer que pensando em tudo). Eu tô admirando o pôr do sol mais lindo que essa cidade já viu, ou talvez tudo seja só reflexo do teu riso. O filme de nós dois passa lento na memória. Um lembrete das horas mais lindas que passei contigo, reforçando os detalhes para não esquecer. Eu não devia, mas quero te levar comigo.

Foi ontem, quando te vi e te roubei um beijo afoito. Eu desenhei esse beijo por tanto tempo, que não poderia agir de outra forma. Você arregalou os olhos, mas me beijou de volta. Sorriu para mim, no fim, e sussurrou tímida:

— Eu te quero, mas não devia querer.

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