Antes do meu pai morrer, ele me olhou nos olhos e fez eu prometer que jamais me entregaria ou deixaria alguém para traz. Ele também me disse que as coisas ficariam piores quando a nave mãe chegasse. Aquilo me assustou porque eu não tinha a mínima noção do que estava acontecendo e do que viria a acontecer. Foram dois anos de guerra, mas como eu tinha treze anos, minha mãe não deixava que eu segurasse nem mesmo uma faca para me defender, eu apenas assistia as pessoas correndo e gente que eu conhecia nunca mais voltando da batalha. Nunca deixaram eu matar nem mesmo um filhote de lagarto gigante.
Depois de dois anos, os aliens finalmente deram paz, eles tinham se rendido e acabaram deixando a Terra. Foram os melhores anos da minha vida, eu conheci uma garota chamada Laura quando voltei para a escola e nós, um ajudando o outro, conseguimos crescer e seguir a vida. Nasceu o Augusto, depois o Arthur. Como a guerra tinha durado apenas dois anos, a sociedade conseguiu se manter e o sistema continuou exatamente como era anos atrás. Herdei a fazenda do meu pai e foi lá que eu e a Laura dia a dia vimos nossas crianças se tornarem adolescentes. Tudo estava ótimo até 2028 quando a televisão anunciou que Nova Iorque estava encoberta por uma nave gigante, a temível nave mãe. Naquele instante eu me lembrei da promessa que fiz ao meu pai, que eu não poderia deixar ninguém pra trás.
Diferente da outra vez, agora os lagartos gigantes estavam com uma tecnologia muito superior a que nós tínhamos e, em três meses os Estados Unidos tinha deixado de existir. As informações que contavam é que a população norte americana estava usando um equipamento na espinha que os deixavam escravizados. Os lagartos estavam construindo um exército e acabando com os terrestres. Mas nós iriamos lutar até o fim.
2031.
— Por que você está tão quieta Victória?
— Pedro, me deixa sozinha fazendo um favor!
Ele se levantou da grama e seguiu até Laura que estava encostada na parede e bebendo água em uma garrafa que anos atrás deveria ter servida para guardar algum vinho.
— A Victória ainda está pensando na irmã dela? Ela sabe que a Cristina ainda pode estar viva não é mesmo? Eu tenho certeza que o Antônio chegando com os rapazes, talvez tenham descoberto algo ou salvado mais alguém.
— Todo mundo que a gente recuperou, a doutora Thais não conseguiu tirar aquela coisa gosmenta e você viu o que acontece se a gente tira. Ninguém sobrevive.
— A gente vai achar um jeito. O meu filho ta com esses alienígenas, é claro que o Antonio vai conseguir salvar todo mundo. E nosso filho também. Eu tenho uma vontade ficar de frente com algum desses lagartos e rasgar eles inteiro. É tão injusto tudo isso acontecendo.
Laura segurava as lágrimas quando falava de Arthur, como Antonio era considerado o Presidente pelas pessoas que estavam ali, ela tentava ser uma pessoa forte para que os outros se sentissem seguros.
— Se eu tivesse escutado quando me falaram que não era uma boa ideia ficar naquela casa com tudo aquilo acontecendo. Mas, eu sei que ele está vivo, eu sei que o Antonio vai trazer o Arthur pra casa.
— É o que todo mundo aqui espera — respondeu Pedro, pegando no ombro de Laura e sorrindo.
Natália estava entrando na tenda da Doutora Thais, quando viu que Marcos Vinicius estava lá, ela tentou sair...
— Espera! —Disse ele— Eu já vou sair daqui. Não precisa fugir de mim o resto da vida, a gente faz parte da mesma resistência. Não é porque você tentou me deixar com os lagartos que você precisa se auto expulsar de todos os lugares onde eu estiver.
Natália tentou responder mas acabou saindo dali.
— Eu acho que ela não consegue se perdoar. Você precisa dar espaço pra ela Marcos. Quem sabe se o Antonio volta com o irmão dela salvo não é mesmo? Deve ser complicado.
— Eu chego a ficar chateado com isso dela ser revoltada com ela mesma. Eu entendo que ela tenha tentado me trocar com os aliens, era o irmão dela que estava em jogo. Sabe, quando eu era menor e ficava em casa deitado escutando música, eu pensava nas pessoas, mas não com a profundidade que penso agora. Nós estamos aqui, mas daqui alguns minutos eu posso não estar... ou você. Tudo que nós temos somos nós mesmo. Foi preciso essa guerra destruindo o nosso mundo pra enxergarmos isso.
— E você cresceu tão rápido. Eu pensava que você iria fazer faculdade de medicina.
— Eu queria. Mas não deu tempo. Mas, chega de papo furado, tenho mais pacientes pra atender. E você ta proibido de sair na próxima caçada.
Marcos Vinícius se levantou indignado.
— Mas eu quero caçar alienígenas!
— Não dessa vez! — Respondeu, empurrando ele pra fora da tenda.
Por mais que, nós tivéssemos matado alienígenas apenas em algumas missões, a parte interessante é que conseguíamos dar boas lições nesses invasores em todas. Como o nosso grupo era bem organizado, a gente sempre bolou armadilhas, mas precisávamos mesmo era capturar algum vivo, precisávamos de alguma pista sobre onde nossos amigos estavam e se estavam bem. Essa com certeza era a melhor ideia que eu tivera naquele dia.
O Sol estava quase indo embora, e isso começou a preocupar Laura, até onde se sabe a visão dos aliens era péssima durante a noite, mas eles tinham um sensor que captava movimentos a vários quilômetros de distância e isso poderia ser o fim do nosso grupo, caso fossemos pegos.
— É claro que eu estou nervosa. Eles nunca se atrasaram. Será que aconteceu algo ruim?
— Acho que poderíamos rezar. É importante ter fé. — Sugeriu Milena — E se alguém não for de nenhuma religião, que pelo menos torça pra eles voltarem bem.
— Eu acho uma ótima ideia —comentou Laura— Eu vou chamar o pessoal e a gente se encontra na garagem subterrânea em quinze minutos.
Laura se virou e viu que o único garoto que sobrará na resistência estava na sacada do segundo andar olhando para o céu. Ela continuou observando o pequeno enquanto as pessoas corriam para chegar rápido na garagem e, juntos esperarem por Antonio e os rapazes que tinham ido junto na caça.
— Milena, e se eu não sou de nenhuma religião? — perguntou Carlos levantando a mão no meio das pessoas.
— Só deseje que de tudo certo. Eu sei que muita gente pode não ter nem mesmo religião por causa do que aconteceu com nosso planeta. Eu até respeito quem desistiu, mas eu quero que nossos amigos voltem, então eu vou pedir da maneira que eu sei, que é rezando, agora se você for de outra religião, faça da maneira que você se sentir melhor, e se não for de nenhuma, deseje que eles voltem. O Antonio, o Rafael, o João Pedro, a Cristina, o Heitor, o Augusto e o Arthur, eles são a família que nós temos. Não é verdade Laura?
Todo mundo se olhou entre si procurando pela Laura, mas ela não estava na garagem. Laura tinha acabado de abrir a porta para a varanda do segundo andar, era um menino de doze anos.
— O que você está fazendo meu anjo?
— Assistindo! — respondeu se virando para ela e sorrindo — Você viu quantas estrelas cadentes tem no céu?
Laura olhava fixamente para o menino que tinha um olho castanho escuro e o outro totalmente branco.
— O que você é?
Ela estava assustada, não se sabia o que estava acontecendo com os terrestres pegos pelos lagartos gigantes, aquele garoto poderia ser uma ameaça.
— Eu sou o Tiago — Respondeu de costas apontando com o dedo para o céu — Olhe tia mais estrelas caindo...
— Não são estrelas cadentes, são naves alienígenas entrando na atmosfera terrestre.
O que é que esses malditos lagartos estariam fazendo com o nosso povo?
Me falaram uma vez que os alienígenas eram uma raça superior, se eles eram tão poderosos, porque é que precisavam dos humanos? Eu tinha a certeza que eles tinham um ponto fraco. E eu iria descobrir qual é.
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Invasão Alienígena
Science FictionAntonio, é o líder de um grupo de resistência que luta contra os alienígenas que escravizam crianças e estão exterminando a raça humana.