Jimin sempre se sentiu diferente. Aparentemente, de acordo com os seus olhinhos e percepções de criança, nenhuma das crianças de sua sala se sentia como ele. Nenhuma delas sentia um cheirinho docinho quando pintavam com a cor vermelha, ou escutava um som estridente toda vez que chegavam perto do jardim de flores perfumadas da escolinha. Não viam a cor roxa quando o número 8 aparecia e muito menos tinham vontade de vomitar com um gosto muito estranho que a cor amarela da sua caixinha de lápis de cor provocava em sua boca.
O pequeno Jiminnie de 4 anos achava que estava ficando doidinho! Ou que todas as crianças de sua sala estavam mentindo para ele, como algum tipo de brincadeira de mal gosto.
Depois de muito tempo percebendo reações e sensações estranhas vindas de Jimin, suas professoras resolveram falar com os pais do pequeno, que o levaram ao médico. E finalmente descobriram o que acontecia na caixola do menino: Jimin tinha sinestesia.
Foi muito difícil para os pais do garoto entenderem a condição rara de seu filho e mais difícil ainda para Jimin entender que seus sentidos eram misturados como uma salada mista de sensações. Para compreender que sua cabecinha não interpretava as coisas como todo mundo mas que não havia nada de errado nisso.
Consequentemente e infelizmente, crianças conseguem ser muito más quando querem e durante muito tempo Jimin sofreu na mão de coleguinhas incompreensivos e ignorantes que o apelidavam de todo o tipo de coisa desde "anormal" até "mente coisada". Apelidos que incomodaram e chatearam o garoto por muito tempo.
Agora na faculdade, Jimin havia aprendido a conviver, aceitar e tirar as melhores coisas de sua sinestesia. Cursando Audiovisual ele havia descoberto uma criatividade incrível em si e uma fascinação enorme por tudo o que sua salada mista sensorial particular o provocava e descoberto a melhor maneira de usá-la.
Porém, nada nunca o fascinou como Jeon Jeongguk fez.
Se conheceram no primeiro ano de faculdade dos dois. Jimin estava encantado com seu curso e pensando como era o curso perfeito para si. Como os primeiros meses de aula tinham sido incríveis, ele sempre se pegava imaginando a maravilha que seriam os próximos e nunca estava prestando atenção em mais nada que não fosse sobre audiovisual. Até decidir passar na biblioteca da faculdade para fazer um trabalho.
O garoto que atraiu a atenção de Jimin usava uma calça jeans simples e um moletom azul. Tênis surrados como qualquer outro naquela biblioteca. Porém o que realmente encantou Jimin e o fez ficar encarando o desconhecido como uma joia rara foi o que havia sido provocado em si.
O perfume que exalava do garoto provocou em Jimin uma visão de azul maravilhosa. Um azul cor de céu daqueles dias de sol onde não se vê uma nuvem. O tom mais bonito de azul que ele já havia visto. Para completar, quando finalmente os olhares se encontraram, Jimin escutou nas orbes negras de Jeongguk um som suave, que não soube descrever de primeira.
"Posso ajudá-lo?" ele perguntou e Jimin paralisou. Havia ele sido pego encarando o moreno descaradamente? "Na verdade sim, eu estou procurando a seção sobre tecnologia". Além de não ser mentira - o sinesteta realmente precisava de ajuda, Jimin nunca perderia a oportunidade de descobrir mais sobre o garoto que encantou todo o seu sistema sensorial da forma mais incrível.
Jimin se interessou muito fácil por Jeongguk. Passou a visitar mais vezes a biblioteca onde Jeon fazia estágio e descobriu que o garoto fazia Biblioteconomia. Descobriu também no garoto mais fascinado por livros de toda faculdade, o livro mais interessante. Cada pedacinho do mais novo era interessante aos olhos do sinesteta. A forma como o moreno falava de seus livros favoritos, de como adorava a biblioteca do campus, como seu curso sempre havia sido seu sonho desde que descobriu a existência de tal. Cada palavra que saia dos lábios rosados e atraentes de Jeongguk era como o doce mais gostoso - literalmente. O timbre de voz do moreno provocava arrepios e um gosto adocicado na boca do mais velho. Jimin se perguntava se a boca do mais novo também teria tal gosto.
Passou a visitar o mais novo cada vez mais e até para tomar sorvete na sorveteria da esquina haviam ido. Jimin sabia sempre dizer quando as coisas complicariam para ele, e ele sabia que elas estavam começando. Ele se pegava pensando em Jeongguk mais do que pensava sobre audiovisual. Ria e sorria só de pensar no garoto, se sentia a vontade do lado dele. Borboletas voavam por todo seu estômago quando ficavam conversando baixinho sentados no chão da biblioteca e quando saíam para andar juntos também. Jimin sabia que estava ridiculamente apaixonado. E também sabia que uma hora teria que contar para o mais novo sobre seu pequeno diferencial.
Decidiu chamar o garoto para andar pelo campus como sempre faziam quando Jeon tinha uma folga inesperada durante a tarde. Jimin sentia as mãos suarem quando sentaram embaixo da árvore usual e assim que o fizeram o mais velho desatou a falar, como se isso tirasse o peso de suas costas mais rápido. No meio de dizeres médicos, inseguranças, palavras emboladas, olhos marejados, declarações camufladas e mãozinhas mexendo, Jimin colocou tudo para fora esperando pelo pior. Surpreendentemente, Jeongguk tomou os lábios de Jimin num selinho. O mais velho arregalou os olhos e tensionou os braços quando percebeu o que estava acontecendo. Mas a felicidade que exalava em seu peito não pôde ser controlada e ele aos poucos foi se entregando ao primeiro beijo dos dois. Jimin estava nas nuvens.
Jeongguk se mostrou a pessoa mais compreensiva e interessada do mundo. Achava a condição de Jimin fascinante, e não uma anormalidade como todo mundo que descobria. Jimin se sentiu um tolo por um dia ter desconfiado de que Jeon seria menos do que maravilhoso com ele. Via o mais novo pesquisar, ler e se interessar mais do que ele mesmo já havia se interessado em toda a sua vida. E por incrível que pareça, Jimin estava adorando.
A cor azul céu rodeava o relacionamento dos dois, o gosto adocicado não deixava a boca de Jimin e nem o som, que até hoje não sabe nomear, não deixava seu interior. E ele esperava e sentia no fundo da sua alma que seria assim por muito tempo. Porque havia encontrado em Jeongguk a melhor parte de sua sinestesia. As melhores cores e sons; os melhores gostos e sensações. Tudo vinha e existia por Jeongguk.
Jimin havia finalmente aprendido a amar o que lhe fazia único e a amar quem o fazia se sentir único. Assim como tudo o que sentia com ele.
olá olá olá
minha primeira oneshot, minha primeira qualquer coisa nesse site. mais nervosa que eu só duas de mim.
esperam que gostem tanto quanto eu!!!xoxo
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Synesthetic | ji+kook [oneshot]
Fiksi PenggemarSinestesia (substantivo.): A sinestesia é uma condição neurológica que implica que o cérebro interpreta sensações de natureza diferentes em simultâneo, ou seja, um som pode representar uma cor, uma cor pode ter um sabor ou um som pode ter uma forma...