Don't get too close It's dark inside

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Não se aproxime muito

É escuro aqui dentro 

Demons - Imagine Dragons 

Fiquei realmente surpresa. Loki havia aceitado minha proposta? Isso é sério mesmo? Então tá né. Dei um sorriso simples e comecei a andar ao seu lado. Ele voltou-se para frente em silêncio e continuou caminhando. Eu, como uma pessoa que sempre fala demais, comecei a conversar com ele:

-Mas e ai, Loki, o que faz no seu tempo livre? Digo quando não está invadindo nenhum lugar ou tomando o trono ou pregando peças?

-Bem, não sobra muito tempo para fazer muita coisa além disso- não era que o lindo tinha senso de humor? Claro que era um humor bem irônico, mas né ele continuava maravilhoso. Ele continuou- No entanto, eu gosto de ler sobre assuntos que eu não conheço. Gosto de aprender coisas novas.

-Nossa, que bacana. Eu, apesar de não ter perguntado, gosto muito de ler também e escutar música. Escrevo e vejo filmes de vez em quando. Conhece Shakespeare?- o deus me olhou com uma cara de interrogação e então me toquei: Ele não é da Terra né, esperta. – Ah, claro tu não deve conhecer mesmo. Enfim... É o meu dramaturgo favorito. Amo as peças dele. – Senti seus olhos me medindo de cima à baixo. Estava com uma calça jeans, uma jaqueta azul com uma camiseta lilás combinando com meu tênis roxo. Quando eu o encarei, ele disfarçou e manteve seu olhar para frente. Surpreendendo-me mais uma vez, Loki quem continuou a conversa:

-Eu li algumas coisas referentes á Midgard. Sei que existiu um povo que acreditava muito em nós. Até criaram diversas histórias e tudo mais.

-Ah sei sim. Você está falando dos Vikings. Eles eram um povo da Escandinávia, uma parte lá da Terra, e podiam ser bem violentos. Viveram entre os séculos IX e XI há muito tempo já e criaram uma mitologia própria pra vocês chamada Mitologia Nórdica.

-Eu pensava que eles ainda existiam. Que estavam por toda parte e que nos veneravam como deuses.

-Bem, eles perderam poder quando foram conquistados por outros povos e algumas coisas de sua cultura ainda permanecem como a mitologia que eu falei. Muitos historiadores usam essa mitologia para entendê-los melhor. A Terra é muito grande, Loki. Não existe apenas New York onde você esteve. Existem muitas fronteiras e nações diferentes com línguas e culturas distintas.

- Vocês tem que ser bem burros para não perceber realmente a verdade. A verdade sobre nós, sobre vida em outros reinos, sobre tudo. – lá vem ele bancando o superior. Revirei os olhos e apenas cochichei:

-Bem, pelo menos nós conseguimos enxergar nossos próprios defeitos e não só apontar os dos outros como certo deus que eu conheço.

- O que você disse? – ele perguntou então decidi chutar o pau da barraca mesmo e falar tudo o que eu pensava:

-É isso mesmo que o senhor ouviu. Sabe, você sempre disse que Thor era idiota, imaturo e não queria saber de nada além de lutar. Ele pelo menos pode enxergar os próprios erros e ser humilde o suficiente. Mas o todo poderoso Loki não conseguiu nem admitir que amava sua própria mãe- falei com a voz firme. Vi seus olhos ficarem furiosos e então gritou comigo:

- NÃO OUSE FALAR SOBRE FRIGGA! OU ME COMPARAR COM AQUELE BESTA DO THOR!

-EU FALO O QUE EU QUISER, LOKI. VOCÊ SE JULGA TÃO SUPERIOR AOS HUMANOS, MAS NÃO CONSEGUE PERCEBER ALGO QUE NO FUNDO VOCÊ SABE QUE É VERDADE! ELA É SUA MÃE. ACEITE ISSO!

-ELA NÃO ERA MINHA MÃE. NUNCA FOI!

-CLARO QUE FOI! E VOCÊ SABE DISSO! VOCÊ A AMAVA COMO UM FILHO AMA UMA MÃE! NÃO IMPORTA SE ELA ERA SUA MÃE ADOTIVA, ELA ERA SUA MÃE! SE NÃO ERA, POR QUE VOCÊ CHOROU PELA MORTE DELA? O AMOR EXISTE, LOKI. POSSO SER MIL VEZES MENOS EVOLUÍDA QUE VOCÊ, MAS PELO MENOS, NÓS, MIDGARDIANS, CONSEGUIMOS VER QUE O AMOR É REAL E VOCÊ, O DEUS DA TRAPAÇA, NÃO PODE ADMITIR UM MINUTO SE QUER QUE VOCÊ AMA FRIGGA E QUE SIM, A AMA COMO UM FILHO.

-FRIGGA NÃO SE IMPORTAVA COMIGO! NUNCA SE IMPORTOU!ELA ERA COMO THOR, ODIN, COMO TODOS!

-COMO VOCÊ PODE DIZER ISSO? ELA FOI QUEM ACREDITOU EM VOCÊ TODO O TEMPO E TEVE ESPERANÇA QUE VOLTASSE A SER O LOKI, O FILHO QUE ELA CRIOU COM TODO AMOR E DEDICAÇÃO SEM PEDIR NADA EM TROCA! – senti então sua adaga perto do meu pescoço e pude ouvir sua respiração furiosa. Ele disse baixo:

-Chega! Se não te mato aqui e agora, garota. Acha mesmo que me conhece? Você não sabe nada sobre mim, absolutamente nada. – afastei seu corpo do meu e o olhei furiosa também pensando: é, a verdade pode ser bem dolorosa. Continuamos caminhando, em silêncio, até entramos em uma espécie de corredor feito de pedras. Era bem estreito, no entanto, magicamente, após chegarmos ao final dele, estávamos na porta da minha casa:

-Você primeiro, príncipe de Asgard- falei abrindo a porta para que ele entrasse. 

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