O Acaso

2

Meu dia parece se arrastar dentro da escola, passo de uma sala a outra e de uma materia a outra. Quando saio da ultima aula, dou graças a Deus por que já é sexta feira, saio da ultima sala, do corredor principal e já dou de cara com Ryan me esperando.
– Eae, vamos nessa ? — Ele joga a alça da bolsa nas costa, enquando desencosta da parede.
– Vamos — Aceno com a cabeça e saimos da escola.
– Espero que não chova — Ryan comenta olhando pro céu nublado.
– Cara, porque você foi abri essa boca ? — Dou risada quando sinto gotas de agua batendo em meu rosto.
– CORRE ! — Ele grita enquanto corre todo desajeitado.
Minha casa é perto da escola, uns 15 minutos de caminhada. Começo a correr, rindo do jeito como Ryan corre a quase cai quando vira a esquina e da de frente com um carro, estou sem folego, correr e rir ao mesmo tempo não é nada legal, a chuva começa a ficar mais forte e a gente corre ainda mais rapido, a bolsa bate nas minhas costas, e da a impressão de que está me empurrando pra frente.
Quando chegamos na porta de casa, nos apertamos na porta, ate eu encontras as chaves no meu bolso.
– Abre essa porta logo Harry — Levamos uns 5 minutos da escola até aqui correndo, enfio a chave na porta e estramos empurrando um ao outro e vamos parar no chão, dando risada.
– Sai de cima de mim — Empurro ele de cima de mim, quase falta força para empurra-lo de tanto que rimos.
– Cara me empresta uma camiseta sua, to todo molhado — Ele se levanta, e torce a ponta da camiseta.
– Espera ai, vou ver se tenho uma extra G pra você — Vou em direção o corredor dando risada da cara horrorizada do Ryan, quando falei de camiseta extra G.
Entro no meu quarto e me livro das roupas encharcadas, pego uma camiseta preta, que na verdade todas as minhas camisetas são pretas, e uma bermuda, me visto, e passo as mãos no cabelos para tirar o excesso de água. Volto ao guarda roupa e pego outra camiseta para levar ao Ryan.
– É o que tem cara. — Jogo a camiseta pra ele, e ele pega no ar.
– Seu estilo gótico me assusta Harry — Ele ergue a camiseta na altura dos olhos, e da risada.
– Cala a boca, e para de molhar o chão da minha casa cuzão — Reviro os olhos pra ele, enquanto ele vai até o banheiro.
Meu estomago faz um barulho engraçado, e corro para a cozinha preparar algo pra comer.
– Harry, você ja compro a roupa do baile da escola ? — Ryan aparece na mureta da cozinha, e apoia os cotovelos no concreto.
– Não ainda, to pensando em ir amanhã, e você ja comprou ? — Fecho a porta da geladeira e me viro para colocar o jarro de suco na mesa.
– Não também — Ele tamborila os dedos no proprio queixo.
– Vamos juntos, falta um mês pro baile, provavelmente só nós dois ainda não temos roupa — Dou uma risadinha, porque sei o quanto irrita o Ryan o fato de fazer algo de ultima hora.
– Fechado, amanhã depois que você sair do serviço a gente vai. — Ele da um tapa na mureta e dá risada. — Vai me chamar pra comer, ou vai ficar ai comendo sozinho ? — Ele da a volta na mureta senta na ponta oposta da mesa.
– Se vira cara, se depende de mim oferecer algo pra você, você morre de fome — Dou uma mordida no meu pão e dou uma risada.
– Por que fui escolher um melhor amigo tão cuzão ? — Ele se serve enquanto revira os olhos e ri. — Cara, falando sério agora, fiquei sabendo que tem um programa de TV aqui de Londres, que vai fazer audições na proxima semana, eles estão escolhendo os candidatos, e ainda da tempo de se inscrever. — Ele fala com a boca cheia de pão. Que nojo.
– Que programa que é ? — Ergo uma sombrancelha.
– É aquele London Auditions, do centro de Londres. — Seus olhos brilham por mim, ele sempre me apoiou, desde quando criei esse sonho na minha cabeça.
– Vou fazer minha inscrição agora, já prepara as coisas pra fazer o video. — Levanto da cadeira e vou até o quarto pegar meu celular para fazer a inscrição, esse programa exige um video junto com a inscrição.
Faço a inscrição em cinco minutos praticamente, volto pra sala e já ta tudo arrumado.
– Puts, espera esqueci o violão. — Volto correndo pro quarto, abro o porta do guarda roupa, e pego meu violão. — Pronto. — Me sento no sofá, e tiro com cuidado o violão da capa, meu violão é como se fosse meu filho.
– Que musica vai ser ? — Ryan pergunta enquanto tiro a palheta das cordas do violão.
– Little Things — Falo olhando para baixo enquanto passo mentalmente cada nota da musica.
– Quer tocar uma vez antes de gravar ? — Ryan parece mais nervoso que eu.
– Não — Estou confiante, apesar de nervoso.
– Certo, vamos lá, quando estiver pronto — Ryan tambem gosta de One Direction, o que facilita pra mim, menos um pra me julgar.
Respiro fundo e aceno com a cabeça pra ele, indicando que estou pronto, em segundos o flash da camera bate em meus olhos, e instantaneamente minhas mãos se firmão ao violão, e começo a cantar.
Canto a musica inteira, sem errar uma nota no violão e na voz.
– Cara isso foi incrivel, acho até que foi o melhor video que a gente ja fez — Ele ri analisando as imagens da camera.
– Me da logo esse cartão, preciso enviar logo ao programa. — Tomo a camera da mão dele e tiro o cartão de memória.
– Calma cara, porque ta tão nervoso assim ? — Ele ri da minha cara, e do meu desespero.
– Cala a boca — Estou focado demais no celular para elaborar uma resposta criativa. — Amanhã é o ultimo dia para eles escolherem os participantes. — Olho pro Ryan, que está concentrado demais em seu pão.
– Pouco tempo de angustia pra você — Ele ri.
– Meu Deus, você come demais, e é um babaca — Dou risada com ele.
– Ta chovendo ainda, se importa se eu ficar aqui até parar ? — Ryan não fica muito tempo em casa desde que os pais dele morreram a uns 3 anos atrás, ele mora com a irmã mais velha, mas ela nem liga pra ele.
– Não cara, fica ai, vamos joga um video game — Ele senta no chão da sala, e ja pega o controle do X box.
Ficamos jogando por horas, só percebo que já é tarde, quando sinto fome.
– Cara que fome — Resmungo.
– Tambem estou, acho que vou pra casa, ja ta tarde. — Ele passa as mãos no pescoço.
– Fica ai, vo liga pedindo uma pizza pra gente — Levanto do sofá, e vou até o quarto da minha mãe, para pegar o dinheiro que ela deixou pra mim. Reviro a gaveta da escrivaninha, e a penteadeira, mas não acho, vou ligar pra ela. Disco o numero e espero.
– Oi querido — Ela atende no primeiro toque.
– Desculpa atrapalhar seu encontro mãe, mas não to achando o dinheiro. — Digo, com medo de ter atrapalhado ela.
– Não atrapalhou filho, está dentro do meu guarda roupa, com meus perfumes — Ela diz tranquilamente.
– Tudo bem mãe, te amo — Desligo o celular, e vou buscar o dinheiro, do quarto mesmo ja ligo na pizzaria.
Volto pra sala, e Ryan esta olhando janela a fora na sala.
– Ryan ? Tudo bem cara ? — Paro no meio da sala e cruzo os braços.
– Ta tudo bem — Ele passa as mãos nos olhos antes de virar.
– Tem certeza ? — Inclino a cabeça pro lado, e noto seus olhos inchados.
– Na verdade não — Ele solta  suspiro.
– O que foi ? — Sento no sofá, e ele faz o mesmo.
– Hoja faz 3 anos, desde que...— Ele aperta os olhos, e chora de novo.
Droga como pude esquecer disso ? Hoje faz 3 três anos que os pais dele morreram, por isso ele não foi pra casa, ele nunca fica em casa quando completa mais um mês da morte deles.
– Puts cara me desculpa, eu nem lembrei disso, me desculpa — Sinto meu coração despedaçar, ele é meu melhor amigo, esteve ao meu lado em todos os momentos da minha vida, e eu falhei com ele hoje.
– Não tudo bem, eu to bem, só lembrei porque o dia hoje esta igual, chuvoso e tudo mais — Ele passa as mãos no rosto, e seu humor muda completamente.
Não digo nada, apenas dou o espaço que ele precisa para poder respirar.
– Pode dormir aqui se quiser — Digo.
– Ta bom. — Ele força um riso.
Quando abro a boca pra dizer algo, a campanhia toca.
– Deve ser a pizza — Saio do sofá, e corro ate a porta, pego a pizza e fecho a porta, ta chovendo muito ainda.
– Bora come — Chamo o Ryan, e percebo que o humor dele ja melhoro bastante, mesmo conhecendo ele melhor do que ninguem, ele odeia demonstrar suas emoções.
– Então, cade a Tia Katia ? — Ele pergunta quando entra na cozinha.
– Ela foi em um encontro com um cara hoje — Dou de ombros.
– Hmmm, ela ta em um encontro — Ele ergue uma sombrancelha, e da um sorrisinho cinico.
– Cala a boca — Pego uma azeitona de cima da pizza e jogo na cara dele.
Começamos a rir feito idiotas. Em instantes nós dois devoramos a pizza inteira.
– Que horas são ? — Coloco o ultimo pedaço na boca.
– São onze horas. — Ele abre a boca de sono.
– Acho que vou dormir, se vai dormi no sofá ? — Pego a louça suja e coloco na pia.
– Tanto faz. — Ele dá de ombros.
Reviro os olhos e vou pro quarto, pego o colchão que fica em pé ao lado do guarda roupa, e jogo ao lado da minha cama, pego um travesseiro e um cobertor e jogo em cima do colchão.
– O cuzão, sua cama ta arrumada. — Grito do quarto.
Me jogo na cama, e cruzo os braços atraz da cabeça.
– Valeu cara — Ele entra no quarto e fecha a porta atras de si.
– Que horas vamos amanha comprar as roupas ? — Pergunto
– Umas três horas da tarde ? — Eu chego as duas do serviço, então é tranquilo.
– Pode ser — Me viro na cama, e agarro o edredom.
Ryan apaga a luz, e em menos de 5 minutos ouço ele roncar parecendo um porco.
Meus olhos começam a pesar, apesar de estar com sono, quero esperar minha mãe, e explicar porque o Ryan está aqui, geralmente falo com ela antes de alguem dormir aqui, mas acabo dormindo antes de ela chegar.
BIP BIP BIP
Abro os olhos, e ergo a cabeça pra ver que horas são, 7:00 horas, entro no serviço as 8:00, solto o corpo na cama de volta, e passo as mãos pelo rosto e pelo cabelo, sem olhar pro lado bato a mão na escrivaninha para pegar o celular.
Mensagens Mãe
Mensagens Email
Ligações perdidas Mãe
Ual, abro primeiro as mensagens da minha mãe.
Filho, só volto de manhã te amo.
Todas as mensagens são assim. Otimo depois de tanto tempo, ela resolve passar a noite fora, jogo o celular nos pés da cama e me levanto, mas sem querer acabo pisando na cabeça do Ryan.
– Caralho, esse é o pior jeito de acordar — Ele puxa a coberta até a cabeça.
– Desculpa cara, esqueci que voce tava aqui. — Dou risada.
Saio da cama e vou em direção ao banheiro, vendo as mensagens no meu email.
Você foi selecionado para fazer uma audição, no programa London Auditions. Compareça no dia 15 as 8:00 da manhã no local.
Obrigado
London Auditions.
Meu coração gela, e paro no meio do corredor, não é possivel isso.
– Ryan ? — Grito. Mas ele não responde.
– Ryan — Grito mais alto, e vou correndo pro quarto. — Acorda, olha isso — Estou gritando a plenos pulmões e chutando a bunda dele.
– Qual é cara, me deixa dormir — Ele reclama.
– Para de ser cuzão e olha isso aqui — Puxo a coberta de cima dele e enfio o celular na cara dele.
– Nossa como voce é chato — Ele senta no colchão, e pega o celular da minha mão.
Sua expressão vai mudando, de sonolenta pra seria, de seria para assustado, e de assustado...
– Puta que pariu Harry — Bom de assustado pra feliz e gritando.
– Eu consegui Ryan, eu consegui — Ele levanta do chão e começa a pular comigo, e bagunçar todo o quarto, estamos gritando feito loucos.
– Meninos calem a boca — Minha mãe grita, eu não sabia que ela ja estava em casa, paramos na hora e olhamos um pro outro e começamos rir.
– Desculpa mãe — Balanço a cabeça — Pode ficar aqui se quiser enquanto to trabalhando, ou pode ir pra la comigo se quiser. — Digo a ele, enquanto passa a euforia.
– Não tudo bem, eu fico aqui, aquelas senhoras que trabalham com você são taradas demais — Ele ri, e começa a arrumar o colchão.
– É, elas são, vou me arrumar porque estou atrasado — Saio do quarto e vou pro banheiro tomar um banho.
Levo uns 5 minutos no banho, porque ja estou atrasado, enrolo uma toalha na cintura, e vou pro quarto.
– Cara, o que são esses galhos na sua barriga ? — Ele olha na minha tatuagem, e me lembro que não mencionei essa tatuagem pra ele.
– Ah eu fiz faz uns dois meses mais ou menos — Dou de ombros.
– Daora — Ele se joga no colchão de novo, e se cobre — Bom serviço pra você — Ele solta um risinho e volta a dormir.
Me arrumo, e saio de casa, estou super atrasado, então tenho que ir rapido, trabalho em uma padaria na rua de cima da minha casa, trabalho só com senhoras, elas são uns amores.
Passo pela rua tão rapido que mal observo o movimento.
– Oi Harry querido, está atrasado — Lina sorri pra mim.
– Desculpa Lina, recebi uma noticia incrivel hoje e acabei perdendo o horario — Vou até os fundos da padaria deixo meu celular no balcão, e coloco meu avental na cintura, volto pela porta pequena, e paro atrás do balcão de frios, e encosto na prateleira para recuperar o folego.
O lugar não é grande, tem o tamanho suficiente de uma padaria, na porta de entrada tem umas prateleiras com produtos, tipo, leite, manteiga e essas coisas parecidas, do lado esquerdo é balcão de frios e pão, as paredes e as prateleiras tem um tom de vermelho vivo, e tem varios quadros pindurados pelas paredes e uma televisão na parede onde fica o balcão.
O dia parece se arrastar, ainda são 11 horas quando entra no ar o programa London Auditions.
– Foram encerradas as inscrições para as audições, e os ultimos selecionados já foram escolhidos. — O apresentador começa a falar.
Eu estou no meio dos selecionados. É tudo o que consigo pensar,e um sorriso de satisfação surge em meu rosto. O apresentador começa a falar os nomes dos selecionados e de repente
– Harry Milles. — Ele fala meu nome e já segue para os proximos nomes
Todos dentro da padaria olham pra mim, ao mesmo tempo que fico envergonhado, fico orgulhoso.
– Então foi por isso que você se atrasou Harry ? — Lina pergunta, ela sorri e suas rugas se acentuam ainda mais.
Ela vem em minha direção, e seus braços pequenos agarram minha cintura, abraço seus ombros, ja que ela é pequena, e seus cabelos grisalhos roçam meus braços.
– Estou tão orgulhosa de você Harry — Ela pousa as mãos em meu rosto, e meus olhos cruzam com os dela, seus olhos castanhos estão cheios de lagrimas.
– Obrigada Lina — Abraço ela mais uma vez, antes do meu celular tocar. Solto ela, enfio a mão no bolso e tiro o celular, é minha mãe.
– Oi mãe.
– Harry querido, porque não me contou ? — Sua voz está chorosa.
– Eu nem sabia que você já estava em casa mãe — Reviro os olhos e sorrio.
– Parabens filho, estou orgulhosa de você, eu te amo — Sua voz fica ainda mais melosa.
– Tambem te amo mãe, preciso voltar a trabalhar. Tchau — Desligo o telefone.
Durante o restante do horario de trabalho, muitas pessoas foram até a padaria so para me verem, ou perguntar se era verdade, foi um completo caos, e super engraçado.