I - Desesperança

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- Me desculpe Carter, mas não está dando mais! Você não dá conta do trabalho e eu que estou saindo no prejuízo.

- Por favor, Sr.Silva, eu preciso muito desse emprego!

- Você está demitida - o senhor barrigudo falou a grosso modo.

- Mas senhor, eu vou melhorar eu prometo! - ela segurou as mãos do homem em um ato de desespero- Eu posso lavar o banheiro, o chão, até mesmo o teto se o senhor quiser. Só não me demite, por favor!

- Sinto muito Carter - naquele momento a menina segurava com todas as suas forças as lágrimas que queriam cair, ela não podia desabar agora, ela iria achar um jeito de conseguir outro emprego e sair dessa.

Em um ato nobre, Carter se levantou e disse:

- Obrigado Sr.Silva, foi uma honra trabalhar com o senhor! - a garota pegou sua bolsa e foi caminhando para a porta de saída da lanchonete onde trabalhou por apenas dois meses.

Aquela estava sendo a sua terceira demissão desde que chegou na cidade. Ela sinceramente não conseguia entender o que estava fazendo errado. Todas as justificadas foram as mesmas, como ; "você não está dando conta do trabalho". Talvez ela ainda tivesse a alma de patricinha e com certeza precisaria se livrar disso antes que ela fosse definitivamente à falência econômica.

Agora que ela estava desempregada novamente a situação financeira dela se agravou.  O aluguel do seu apartamento está atrasado quatro meses, e as ameaças de despejo estavam aumento a cada dia que passava.

Carter andava a caminho de casa sentindo uma pontada no seu coração. Ela teria que começar tudo de novo. Preparar o currículo, espalhar pela vizinhança, fazer entrevistas e esperar por uma resposta positiva. Ela estava se sentindo incapaz, sua consciência repetia o tempo todo "você não consegue, admita que você está precisando de ajuda", mas Carter não queria admitir, ela acreditava que iria sair do buraco e conseguir superar toda essa situação. Se ela não desistiu nesses últimos quinze meses por que ela desistiria agora? Era um novo ano, iria atrás de um novo emprego, e daria tudo certo. Pelo menos era isso que esperava.

Assim que Carter se jogou no sofá da sala de seu apartamento, o celular começou a vibrar no seu bolso traseiro. Foi inevitável não bufar ao ler no visor "mamãe", Carter respirou fundo antes de atender.

- Alô!- disse a menina que agora estava sentada na ponta do sofá, encarando a parede vazia de sua sala.

- Oi filha, tá tudo bem com você?

- Aham, está tudo ótimo mãe - mentiu. - Como estão as coisas por ai?

- Muito boas - a voz do outro lado do telefone mostrou entusiasmo - Quando você vem nos visitar querida? – essa era a parte da conversa que Carter mais odiava, por que ela sempre tinha que inventar uma desculpa que não fosse "não dá mãe, eu estou atolada em divida e mal tenho dinheiro para comprar comida".

- Mãe, você sabe que não dá agora! - Carter disse depois de ter pensando cautelosamente no que falar. - Eu já lhe disse que as coisas estão complicadas aqui, minhas provas estão chegando e os meus professores estão pegando pesado com as matérias.

- Ai filha, eu sei... – a voz do outro lado disse com um tom abalado - Eu só sinto muito a sua falta! - Carter queria gritar, ou socar alguma coisa. Ela também sentia muita falta de sua querida mãe, e o pior é que ela não podia fazer nada a respeito disso. Seu orgulho não a deixava admitir que tinha falhado na tentativa de ser independente.

- Também sinto mãe – disse ela com um nó na garganta.

- Está tudo bem mesmo filha? Você parece abatida.

- Está sim mãe, só estou um pouco cansada – por um lado àquilo era verdade, ela estava cansada de todo esse aperto que passara nos últimos meses. Ela só queria poder falar para mãe que estava mentindo, e que ela estava precisando muito de um abraço materno.

- Tudo bem querida, descanse! Eu ligo para você em breve!

- Ok.

- Te amo muito meu amor.

- Também te amo mãe – e o botão de desligar do telefone foi acionado. Se Carter já estava se sentindo mal antes, depois daquela ligação ela estava se sentindo pior, mas ela achava que esse era o certo a fazer. E é claro que ela estava errada.

O barulho de batidas na porta surgiu de uma forma intensa.

- Já vai - Carter gritou, e o som parou imediatamente. Ela se levantou do sofá e foi em direção à porta, abriu a mesma e se deparou com um corredor vazio. Franziu o cenho não entendendo, então olhou pra baixo e encontrou um envelope vermelho em cima do carpete.

Carter não sabia do que se tratava, e ficou apreensiva em se abaixar e pegá-lo, mas mesmo assim o fez. A menina sentou de pernas cruzadas em seu sofá novamente, prendeu o cabelo em um coque, e voltou a tocar o envelope. Puxou delicadamente o bilhete que havia dentro dele e leu.

"Suas horas estão contadas nesse apartamento Sra Rattes, acho melhor você arrumar suas coisas – Sr.Sales"

Um desespero abalou seu coração, essa fora a ameaça de despejo que mais mexeu com ela.

Carter, pôs-se a chorar pela primeira vez desde que chegara ao Rio de Janeiro. Ela nunca havia encarado uma situação tão desesperadora. Estava com medo, muito medo , e sentia totalmente vulnerável. A garota não sabia se seria capaz, e o medo de não conseguir a deixou ainda mais assustada. 

Notas Finais

Querido leitor, para você ter chegado até aqui é porque a história prendeu sua atenção e eu não poderia estar mais feliz por isso. Doce Mistério significa muito para mim, e compartilhar ela é uma das minhas maiores realizações. Espero que você goste dela tanto quanto eu, e  por favor, fique à vontade para comentar e criticar construtivamente a história. Eu adoro interagir.

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