XI - Autodefesa

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Três semanas haviam passado. Taigo e Carter estavam ocupados demais com fatores externos. O período de provas e trabalhos dela começou e, conciliar o estudo com o chefe cheio de coisas para fazer foi uma tarefa mais complicada do que ela esperava. Virou algumas madrugadas para poder estudar e ia igual a um zumbi para faculdade no dia seguinte. Vida universitária não era nada fácil. Mas fazer o curso que gosta, supre qualquer dificuldade.

Durante muitas noites ficando até tarde estudando, ela presenciou a chegada de Taigo que geralmente estava distante e falava pouca coisa. Preferia focar toda a atenção nela. Numa dessas noites ele perguntou como havia sido seu dia e escutou cada detalhe com atenção, mesmo estando cansado. Agora ele repete a pergunta todos os dias, muito interessada em saber cada detalhe. Carter estava feliz com as atitudes dele nos últimos dias. Não apenas ouvi-la, mas por ter feito um conjuntos de pequenas coisas que no fim, tornam-se grandiosas, como preparar o café dela algumas vezes em que acordou tarde por ter ficado acordada durante a madrugada e ter feito o jantar para ela, porque sabia que ela estava tão concentrada devorando os livros que nem se dava conta das horas passando. Carter gostava do fato de que nessas pequenas ações poderia concluir o quanto ele se importava com ela. Eles poderiam não estar em um relacionamento romântico, com amassos e rótulo. Entretanto, Carter Rattes e Taigo Cornelli estavam criando aos poucos algo muito maior que isso.

Com tanta coisa acontecendo fora de casa, os dois desligaram um pouco um do outro. Sabiam que precisavam resolver o que era imposto a eles e precisavam de foco. Compreenderam-se com palavras não ditas respeitando o espaço de cada um.

Taigo teve momentos de extremo stress por conta do seu amigo preso e problemas nos negócios. Mas chegar a casa e ver Carter, o deixava calmo de uma forma inexplicável. Era bom agrada-la e vê-la bem, porque de alguma forma ele ficava bem também.

Apesar da dispersão causada pelo cotidiano, ambos esperavam ansiosamente para que tudo fosse cumprido para eles finalmente darem atenção um ao outro. Estavam ansiosos para o dia do casamento, pois, seria um momento para fugir da rotina que tinha os cercados.

Felizmente, esse dia havia chegado.

Carter estava sentada no sofá assistindo o documentário de FHC sobre a legalização da maconha quando seu telefone começou a tocar. Ela rapidamente passou a mão ao seu redor encontrando-o. Era a mãe dela. Antes de ela atender respirou fundo como em muitas as vezes que recebeu essa ligação.

- Alô - disse Carter assim que pôs o telefone no ouvido.

- Oi filha, que saudades - a voz do outro lado falou tristonha.

- Eu também estou - respondeu com a voz fraca. Ela não sentia saudade de sua mãe e sim falta. Falta do cuidado materno, que mesmo pouco demonstrado, existia.

Receber ligações da mãe a fazia lembrar quão imatura foi. Por mais confortante que era saber que ela estaria sempre ali, Carter sentia vergonha pelo que fez.

- Como estão as coisas por ai?

- Muito bem, consegui um emprego na CameraRoll – disse a menina contente pela primeira vez depois de muito tempo morando em São Paulo. Tentou demonstrar para mãe que ela está conseguindo seu espaço na cidade.

- Nossa que bom saber disso querida! Fico muito feliz por você.

- Obrigada!- sorriu. Taigo entrou no apartamento, segurando uma sacola na mão. Carter rolou os olhos rapidamente na direção dele, mas logo desviou, se levantando até a janela da sala.

- Mãe, eu tenho um casamento para ir hoje com a Ivy e daqui a pouco eu vou para o salão, então acho melhor eu desligar.

- Ah tudo bem filha, divirta-se! E por favor, não demore em vir visitar eu e seu pai, estamos com saudade!

Doce Mistério Where stories live. Discover now