Evilyn
André resolveu acordar cedo e me estressar no primeiro dia do ano.
Cinco horas da manhã e ele me obrigando a passar manteiga no pão dele enquanto ele se arrumava.
Tomamos café da manhã rápido, afinal a casa dos meus pais era meio longe, devia ser uma hora de carro.
Lá era tipo interior, tudo muito calmo, mas tinha a parte que era movimentada quase perto da cidade, onde morávamos.
Fomos resolver uns pepinos e falar com o pai da Betinha, que não tinha nem conhecimento de nada que estava acontecendo.
Sendo o anão, ele queria fazer tudo da forma antiga: pedir ao pai da Betinha primeiro.
Eu já tinha até gravado o número da ambulância no celular, só para o caso de tio Bruno ter um ataque histérico.
Fora isso, estava tudo nas minhas costas (decoração: tinha que fazer tudo sozinha).
Tínhamos escondido tudo no porta-malas do carro uns dias antes e foi o maior trabalho para chegar na casa dos meus pais com tudo aquilo.
Apertei a campainha da casa no maior desespero e cheio de sacolas.
O portão era automático e logo se abriu, então já fui logo dando de cara com os meus parentes que eu raramente visitava.
Assim que viram o anão e eu, o pessoal veio logo cumprimentar. Aquela coisa toda de família que eu achava até falsa vinda de alguns tipos que eu nem falava.
— Minha filha, quanto tempo — Mamãe falou e me abraçou. Um abraço não retribuído por causa das sacolas.
Só larguei as malditas sacolas quando vi meu pai, Sérgio. Melhor pai e melhor pessoa do mundo.
— Pai! — Falei o abraçando.
— Filha, como você está linda! Faz tanto tempo que não vemos você e o André!
— A Roberta também, mas ela está dormindo.
— Vocês têm que nos visitar mais vezes.
— Vamos tentar, é que quase a família toda se mudou para o mesmo lugar...
— Sim, sua tia Sueli, Eliete, são nossos vizinhos! Estamos todos velhos e queremos aproveitar mais nossa velhice nesse lugar calmo.
— Faz sentido.
Tia Sueli veio logo me abraçando e acabando com a conversa.
— Evilyn, como você cresceu!
— Verdade, tia.
— Envelheceu também, não é? 25 anos! E os namorados? Quando sai o casamento, minha sobrinha?
Oito horas da manhã e tia Sueli me perguntando se eu tinha namorado.
— Eu estou namorando, tia. Ele vem hoje, aí vocês podem conhecer ele.
— Faz quando tempo, minha sobrinha?
— Eu conheci ele em setembro tia, mas começamos a namorar faz pouco tempo.
— Então não vai ter casamento? Ah, eu estava louca para organizar tudo, como sempre fiz com seus primos... você sabe, eu adoro casamentos...
— Eu não serei noiva tão cedo tia, mas a Roberta sim.
Minha tia finalmente notou o André do meu lado e as sacolas no chão.
O anão abriu um sorriso estridente, totalmente suspeito.
— Vou pedir a Roberta em casamento hoje e espero a ajuda de vocês.
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É Você Que Tem
RomanceAos 16 anos, Evilyn definitivamente não imaginava que ia passar o resto da sua vida dessa maneira: solteirona aos 25 anos, morando com a prima mais nova e seu namorado retardado/anão. Numa manhã corrida de setembro, após uma longa jornada de trabalh...