Capítulo 5

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Ana

Acordei toda dolorida, deitada no chão de um quarto simples, muito diferente do nosso. Questionei-me como havia chegado ali. Nisso uma garota de cabelos castanhos ondulados com uma parte presa usava uma roupa de caça, acabou entrando no quarto. Aquela garota não me era estranha, seu rosto me lembrava de alguém. –Com licença, que lugar é esse? Perguntei me levantando um pouco zonza, parecia não me ouvir e muito pior ver. Ela pegou algo que estava embaixo da sua cama, uma besta. –Já estou indo papai! Ela gritou saindo do quarto, eu era invisível para ela, mas como? Que lugar é esse? Tentei tocar os objetos do quarto, mas minha mão passava por eles, será que estou sonhando? Belisquei-me, mas a dor eu sentia de mim mesma, porém quando batia na parede não sentia nada. Havia um desenho pendurado na parede, eram duas moças com seus pais, uma já havia visto e a outra... Fiquei perplexa ao analisar o quadro. –Agora eu sei quem é aquela garota! Nós já fomos irmãs! Agora nossa ligação até se explica melhor! Nunca acreditei nisso! O livro com certeza tem algo a ver! Vi que no lugar onde havia acordado tinha um caderno e uma caneta. Os peguei, seja lá o que aconteceu, eles vieram comigo. Andei pela casa e cheguei à parte da frente, era uma espécie de cozinha, havia uma mulher suando em frente ao forno, e uma a garota morena de cabelos enrolados que a ajudava a assar os pães e dar conta do pequeno mercado. – Olívia! A um moço ali na frente, vá atendê-lo, deixa que eu me viro aqui! Disse a mulher para a filha. Acompanhei a garota até o local e observei-os. O garoto, não pode ser, era ele mesmo, usava armadura, como se fosse um... – Guarda real, a que devo a honra? Perguntou educadamente Olívia. –Por quanto tempo vamos ter que fingir que não temos nada? Sussurrou ele. –Você sabe que meu pai odeia os guardas do castelo e tudo que vem de lá! Você precisa ter paciência, para que eu vá levando ele aos poucos a entender que eu te desejo mais que qualquer outra pessoa que queiram arranjar para mim! –Podemos nos ver esse final da tarde? Perguntou ele trocando de assunto. –Tenho que ajudar minha mãe a assar os pães, nossos pais iram viajar essa tarde e terei que dar conta daqui até que eles voltem! O homem se estressou e disse que ela tinha que dar um jeito para ver ele, porque não estava aguentando tantas desculpas. –Eu te amo Olívia e tudo que eu mais quero é ficar com você! Mas não estou vendo seus esforços como antigamente! Se me ama tanto como diz, faça acontecer! Ele disse isso e se virou colocando seu elmo. Olívia abaixou os olhos tristes, provavelmente porque não fazia ideia de como encontraria ele sendo que precisava tomar conta do estabelecimento. Olhei para o lado a outra garota estava arrumando a carroça, estava suando para colocar sacos pesados nele. –Olívia diga à mamãe que já está tudo pronto, peça para se arrumar para partir! Disse ela antes que a mesma se afastasse. A garota se sentou sobre uma pedra, jogando água fria sobre si. – Que maravilha! Ela exclamou como se estivesse relaxando. –Filhas cuidem bem do estabelecimento enquanto estivermos fora! Não deixem faltar nada! Retornaremos em breve! Falou um homem de barba se aproximando. – Pode deixar! Nós aguentamos! Disse a garota se levantando e o pai a abraçou. – Confio em você Helena! Embora seja a mais nova, cuide da sua irmã! –Ela sabe se virar! Ressaltou ela. –Mas ela precisa de você! Olivia voltou com a mãe, ambas se despediram, assim que a mãe se aproximou de Helena. –Minha filha! A mãe a olhou de cima a baixo. –Você precisa de um banho! Desse jeito vão achar que você... –Eu não sou o que eles falam! Só porque estou treinando para aprender a lutar como os soldados e caço isso não faz de mim, menos mulher! –Embora você treine, sabe que nunca deixarei você fazer parte da guarda! Nenhum homem há de querer alguém assim! Ordenou a mulher, que nunca aceitou as escolhas da filha mais nova, assim como o pai não aceitava que uma delas se casasse com alguém da guarda. Helena não discutiu, sabia que era perca de tempo, talvez no momento certo eles entendessem.

Olívia encarou Helena que não deu nenhuma resposta à mãe, apenas disse se afastando: - Façam uma boa viajem! O pai abraçou Olívia dando a benção como de costume. – Não vai me pedir a benção Helena? Perguntou a mãe antes de subir na carroça, Olivia se aproximou de Helena. –Perdoe nossa mãe, ela não sabe o que diz! Assim como nosso pai que não permite que me case com um soldado! Peça a benção! Sussurrou.  Helena se aproximou da mãe e assim o fez, os pais partiram acenando para as meninas, assim que eles se afastaram Helena pegou um facão e começou a afiá-lo. –Ainda vai caçar? Perguntou Olívia voltando para dentro. –Devia, temos pouca carne no estabelecimento! Respondeu a mesma continuando o trabalho. –Helena, por favor! Eu preciso da sua ajuda! A garota se aproximou da irmã e perguntou por que a mesma estava tão pálida. –Jorge, o guarda real... –A sua paixão! Para ser mais direta! Intrometeu-se Helena. –Isso, ele esteve aqui e quer me encontrar! Expliquei a situação, mas ele não entendeu! Disse que preciso provar que o amo e dar um jeito de se encontrar com ele hoje! Pode dar conta daqui para mim? Por favor, só hoje! Suplicou Olívia. –Você sabe que não sei fazer nada na cozinha, como vou dar conta? Questionou Helena preocupada. –Temos pão, bolo e roscas suficientes por hoje, no mínimo faltarão uns dois! Peça os para vir amanhã, ou tente fazer, sei lá, você consegue! Mas por favor, me ajuda! Olívia estava desesperada, Helena teve compaixão pela irmã, embora soubesse que seria difícil aguentar a cozinha sozinha aceitou ajudar, Olivia a abraçou lhe agradecendo muito. –Mas, não me responsabilizo por pães queimados e me deixe tomar um banho primeiro, porque as pessoas não vão gostar de ser atendidas por alguém como eu! Olívia riu e concordou.

Enquanto Olívia se arrumava, Helena começou a tentar fazer o primeiro pão, porém parecia que estava batendo demais nele, na verdade ela tinha uma força desnecessária para aquele momento. Por fim o colocou para assar, torcendo para que desse certo, embora tivesse certeza de que tinha algo errado. Alguém chegou ao estabelecimento e Helena foi atender alguns minutos depois o reconheci, já havia visto ele no nosso mundo, pode se dizer assim? Era Leo, um homem que estudou conosco, porém ali seu nome era outro. –Lorenzo! Exclamou ela surpresa. Notei algo estranho em Helena, algo muito comum em Amanda também. –Helena! Ele pareceu tão surpreso quanto ela, porém um pouco mais. –Nunca a vi por aqui! Ele disse. –Milagres acontecem! Disse ela passando a mão cheia de farinha na testa sem ter se lembrado de que não tinha as lavado. Se Helena é como Amanda, ou melhor, é ela num extremo passado, ambas não costumam ser atrapalhadas, a não ser que alguém balance o coração delas. –Droga! Irritou-se ela se limpando. –Eu vou querer um pão salgado! Disse ele, que aparentemente estava se sentindo desconfortável, mas por quê? Ela olhou nas prateleiras e voltou com o semblante desanimado. – Estamos sem pão salgado hoje e pior sem a cozinheira! Sabe! Eu não levo jeito para isso se importa de levar outra coisa hoje? Ele abriu o primeiro sorriso desde que chegou. –Claro que eu não me importo! Pode ser um pão doce! Todos sabem que seu lugar não é na cozinha! Ela agradeceu a compreensão e foi arrumar a sacola para ele. –Obrigado! Helena! Disse ele a pagando e arrancando-lhe um sorriso. Ele se virou para ela e questionou: - Não está vendo mais aquele rapaz? Ela ergueu uma das sobrancelhas e perguntou a quem ele se referia. – Iago! Disse-lhe. –Credo! Não quero ver nem pintado de ouro! Da onde você tirou isso? – Vi vocês conversando várias vezes! Pensei que... –Não temos nada! Ela disse rapidamente. –Ah, ok! Ele disse acenando e deixou o local. Fiquei me perguntando quem era Iago, Olivia apareceu com um vestido deslumbrante e uma capa azul escuro. –Como estou? Perguntou ela. –Linda! Maravilhosa! Ele vai babar! Disse Helena sorridente. –Obrigada irmã! Não vou demorar muito! Olivia a abraçou e saiu andando com a capa, já estava anoitecendo. Acompanhei-lhe.

Ela encontrou Jorge em um estábulo, tanto lugar melhor e eles resolvem ir ali? Poxa, o homem não tem casa? Ele se levantou assim que a viu: - Pensei que não viria! –Pensou errado, sabe que eu o amo! Eles se beijaram tão intensamente como se aquele fosse o primeiro e o último, Jorge era Bernardo em um extremo passado e aquela era eu. Apaixonados desde sempre. Nosso encontro era como se saíssem faíscas. Os dois caíram sobre o feno coberto, ele tirou sua camisa e ela passava a mão sobre seu corpo, enquanto ele a beijava...

Revivendo outra vezWhere stories live. Discover now