Theo estava desolado e com muita raiva de si mesmo por tudo que quase chegou a fazer com Eva, por muito pouco não cruzou limites intransponíveis e agora se corroía em remorso devido a suas atitudes intempestivas.
Sem saber como agir, lembrou-se de alguns itens que foram recuperados da casa onde Eva fora criada por sua mãe: algumas caixas contendo alguns de seus objetos pessoais.
Querendo entender um pouco de seu passado, ele retirou de uma delas um diário com informações preciosas sobre o infortúnio que foi sua vida em meio a uma família tão destruída.
O conteúdo naquelas páginas não poderiam tê-lo chocado mais, e não apenas pela vida de miséria ao qual havia sido submetida, mas sobretudo à falta de proteção, de qualquer forma de carinho e cuidado. Uma vida de abandono e perigos estava registrada naquele diário.
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A compreensão e especialmente o arrependimento atingiu-o ainda mais forte. Como uma menina poderia crescer de forma saudável em um ambiente tão contaminado por ódio, desprezo, desamparo.
" Senti uma pena terrível de Eva, sendo criada daquela maneira depravada, sozinha com duas malucas. O que eu podia esperar? Foi condicionada desde cedo a pensar e agir como elas". Theo
Mesmo sendo um tormento ter aquele tipo de conhecimento, ele continuou e para sua surpresa notou algumas atualizações recentes, em que Eva admitia claramente seu amor por ele e o seu desejo de por fim aquela vingança descabida. Isso o abalou profundamente. E sua raiva começou a ceder.
" Uma parte daquela raiva que não saía de dentro de mim desde que descobri a traição cedeu, arrefeceu, sumiu como se um peso enorme fosse tirado de cima de mim". Theo
Agora, com a ciência de tudo pelo qual Eva havia sido submetida, ele foi tomando por uma onda de arrependimento e ódio de si mesmo por tudo o que tinha feito a ela.
"Arquejei, com ódio de mim mesmo. Não havia desculpa para aquilo. Mesmo que no final das conta e no auge da minha fúria eu tenha recuado, sem poder feri-la, mesmo assim fui abusivo e dominador, autoritário e amedrontador". (Theo)
Finalmente a compreensão pairou sobre ele: Aquela bela jovem era a mulher de sua vida, mãe de sua filha e sua coelhinha. Ela seria sua novamente e ele não mediria esforços para mantê-las sob sua proteção e sobretudo sob o seu amor.
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