Capitulo 2

121 16 49
                                    

Uma semana passou e nada mudou. Sempre as mesmas piadas, riam como se eu sempre estivesse pintada de palhaço. Hoje seria a mesma bosta de sempre, sentaria na primeira cadeira da sala, assistiria todas as aulas e não falaria com ninguém, a não ser a professora. Na hora do intervalo, lancharia distante de todos como de costume.

Ao chegar na sala e ver todos espalhados, conversando em seus grupos específicos – participava do grupo inexistente, pois só havia eu nele. Tomei a decisão de mudar um pouco o ritmo monótono do cotidiano escolar e sentar em uma das últimas cadeiras, ao lado do cobiçado Hunter. Seu verdadeiro nome era Nicolas, mas por um motivo que ainda desconhecia, ele não gostava de ser chamado dessa forma. Ainda não sei explicar porque escolhi stalkear¹ sua vida. Ele era diferente, sexy, misterioso. Desejava saber detalhes sobre ele. Ele não permitia que ninguém visse seu nome na prova e nem na lista de chamadas. Pedia a todos os professores para o chamar de Hunter e assim assinava a lista. Sentada ao seu lado, percebi que seu olhar estava sobre mim. Uma sensação estranha percorreu meu corpo.

— Ora, ora... mas não é a esquisita que está ao meu lado hoje – jogou seu irresistível charme sobre mim e apesar de ser atingida, não demostrei.

— Não me chama de esquisita, ou posso contar seus segredos – tentava aparentar ser forte. Precisava deixar de ser boba.

Ele sorriu sarcástico, se aproximando de mim, me fazendo inalar seu perfume másculo perto demais.

— E o que falaria, donzela esquisita? – ele sussurrou suavemente em minha orelha e sorriu em um tom grave no finalzinho.

Coloquei uma dose bem abastecida de coragem e tornei a virar em sua direção.

— Posso contar para todo mundo alguns dos seus podres, querido Nicolas – ironizei e sorri maliciosa. Como se fosse aquelas vilãs de novela, que conhecem o maior segredo do mocinho. Pelo menos tentei. Pelo visto deu certo, pois seus olhos estavam suplicantes e completamente indefesos. Um lado que ninguém conhecia.

—Por favor, Stella, não conte. Eu...

— Calma, não precisa se preocupar que não contarei a ninguém – sorri levemente tímida.

Adorei descobrir o poder que adquiri ao saber o ponto fraco dele. O seu olhar apertado de preocupação me fitando sem desviar nenhum momento do meu. Também não consegui deixar de olhar seu rosto tão próximo e quebrar o contato.

— Olá turma, como estão essa manhã? - nossa professora de português disse, interrompendo o transe enigmático que se apoderou naquele momento entre Nicolas e eu. Ela caminhou sorrindo depositando seus materiais em cima do birô.

Todos respondem um "Olá Sra Marines" em uníssono.

— Que bom que estão felizes e tomaram um ótimo café da manhã, pois hoje exercitaremos nossa mente e nossas habilidades, vamos lá?

Gosto muito do jeito extrovertido que ela sempre age, porém naquele dia em especial, estava com um certo receio do que viria por ai.

— Então crianças, hoje resolvi fazer um trabalho valendo dois pontos na média, pois sei o quanto muitos precisam dessa nota e com o esforço de cada um, conseguirão – sorriu satisfeita e logo pegou alguns papéis para voltar a explicação.

O trabalho era praticamente criar uma história com um dos três temas diferentes que ela colocou no quadro, para exercitar a criatividade e habilidade de escrita. Muitos não gostaram, porém, não havia o que reclamar pois dois pontos na média ajudariam muito. Estava relativamente bem na matéria, com mais esses pontos, quem sabe eu poderia alcançar um dez.

— Mãos à obra crianças, estou aqui para tirar dúvidas. Já que todo o assunto foi passado, essas últimas aulas do semestre serão para dúvidas.

Gotas de um amor - Disponível Até Dia 01/08/2022Onde histórias criam vida. Descubra agora