Diego e eu, após uma longa conversa,resolvemos voltar para o ensaio.Dessa vez ensaiaríamos com o Gabriel e Dakota e a cada passo que eu dava, tentava me preparar psicologicamente para esse reencontro. Ao entrar no teatro pude reconhecer,dentre todos os perfumes presentes, seu cheiro. Mesmo após todos esses anos, ele não perdera seu doce e amadeirado aroma.
Passei rapidamente por ele, tentando com todas as minhas forças não ser notada, sem sucesso.
- Oi... Você! - diz tentando chamar minha atenção.
Viro-me, agora de frente para ele e com os olhos ainda fechados,sinto um arrepio correr pela minha espinha.
- Oi... - digo e abro meus olhos de uma vez.
Nossos olhos se encontram e tento segurar a emoção de finalmente revê-lo. Sinto minhas pernas bambiarem e meus olhos marejarem. Todos os sonhos que tive com esse reencontro não chegaram nem perto do que estou sentindo nesse momento. Seus olhos, seu sorriso, seus lábios... Pensei que nunca os veria novamente e aqui estou eu.
Gabriel sorri para mim.
- Você está bem? Pareceu... Emocionada? - supõe rindo - Não é esse efeito que costumo causar nas mulheres.
Tento voltar a realidade e sorrio para ele.
- Não, não é isso - rio sem graça.
- Me chamo Gabriel. Não deu para nos apresentarmos direito na festa aquele dia. Qual o nome da bela adormecida?
- É Angelina, mas todos me chamam de Angel, prazer... - digo oferecendo-lhe um aperto de mãos.
- O prazer é todo meu, Angelina - diz pegando minha mão e me surpreendendo com um beijo casto entre os dedos.
Sinto novamente um arrepio percorrer por todo o meu corpo e sinto que também foi percebido por Gabriel.
- É... Perdoe-me, tenho que voltar a ensaiar. Espero poder te encontrar novamente, Angel - diz antes de correr novamente para o ensaio.
Após repassarmos todas as coreografias e todas as músicas, decidimos encerrar o ensaio e continuar no dia seguinte. Estávamos todos exaustos, já passavam das duas da manhã e todos tinham que acordar cedo no outro dia.
Diego e os outros homens que estavam dançando haviam sido convocados pelo capitão e acabaram o ensaio mais cedo. Como estava sozinha, despedi rapidamente das meninas e fui a caminho da minha cabine.
- Angelina, espere! - ouço uma voz me chamando e viro-me para ver quem era. Para minha surpresa, Gabriel vinha correndo atrás de mim, fazendo sinal com a mão para que o esperasse.
- Gabriel? O que foi? - pergunto assutada.
- Nada não, só achei que gostaria de companhia. Posso levá-la até sua cabine? - pergunta entusiasmado.
- Ah, claro. Obrigada! - sorrio
Durante o trajeto, Gabriel me contava mais sobre o nosso espetáculo e como funcionava todas as noites no navio. Me mostrou todas as salas que eu ainda não havia conhecido desde a minha chegada e explicou a função de cada uma. Aparentava conhecer o navio como a palma de sua mão. Disse o quanto gostava de trabalhar lá e quais eram seus passatempos favoritos.
- Bom, chegamos - digo com os meus olhos fixados nos dele.
- Foi muito bom conversar com você, mas sinto que só falei de mim o tempo todo. Gostaria de saber mais sobre você, o que te trouxe aqui, suas paixões... Que tal um jantar? - pergunta sorridente. Sinto meu coração parar de bater com a pergunta e aos poucos tento me acalmar.
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Sob o mar
RomanceDurante muitos anos, Angelina sonhava em trabalhar em um navio desde que viajou pela primeira vez com a sua família. O mar, as ondas, a calmaria... Tudo a encantava de tal forma que sentia como se sempre pertencesse aquele lugar. Quando finalmente c...