Capítulo 5

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Atena

Quando Romero entrou na cobertura, perguntando sobre o assunto que eu falava com Ascânio, gelei.
E o ódio que estava em mim adormecido esse tempo todo, e ocupado com a bebedeira durante as semanas que se passaram, despertou ao ver sua cara de "senhor dono da verdade" e da merda toda. Respirei fundo, depois de hesitar e contei para ele. Contei que perdi nosso filho. E a cara dele não foi das melhores. Grande coisa. Depois que faz a merda, vem com mimimi pra cima de mim.
Logo eu, a pessoa que mais sofreu com tudo isso. Saí soltando meia-dúzia de palavrões, e corri por entre os carros para chamar um táxi que pudesse me levar de volta. Romero correu por uns metros atrás, mas eu sabia que ele não conseguiria por muito tempo. Cheguei no hotel, visualizei a tela do celular cheia de notificações de mensagens e chamadas. Fiz questão de excluí-lo e bloquear de todas as redes sociais existentes na face da terra.
Deitei-me na cama, com uma garrafa de vodka, salgadinhos e meu cobertor, com a televisão ligada na netflix e assim passei o resto dos dias.

- Serviço de quarto. - ouvi batidas na porta do quarto, seguidas de uma voz meio abafada, e despertei do cochilo. Serviço de quarto? Nem pedi nada. Mas pensando bem, seria uma boa ideia arrumar toda a bagunça, já que existem inúmeras garrafas jogadas ao chão. -

- Pode entrar. - espreguicei-me na cama e abri os olhos lentamente, pondo a perna para fora da cama com uma preguiça estupenda -

Nem vi quem era, apenas digiri-me ao banheiro, para tomar uma ducha e deixei as recomendações.

- Olha, você dá uma limpada embaixo da cama também. Tá cheio de papéis aí.

Abri a porta do box, quando senti uma mão áspera no meu braço.

- Não. Aqui no banheiro deixa que eu mesma cuido, ô rapaz. - virei-me de frente para o funcionário. -

Meus pés paralisaram no mesmo instante em que vi a pessoa ali na minha frente. Não podia ser. Como me achou? Nem o velho sabe onde eu estou. Puta que pariu.

- Oi, Atena. - Zé Maria fitou-me com aqueles olhos frios, que me davam calafrios por todo o corpo. Eu temia aquele homem à minha frente - Quantas saudades! - sorriu para mim. Credo. -

- Oi, Zé Maria. - soprei baixo, quase não ouvindo a mim mesma - Eu não posso dizer o mesmo, né? Por mim, nunca mais te via. Aliás, como me achou aqui, já que nem o velho sabia?

- Eu tenho meus métodos. - ele sentou-se na cama - Mas por que saiu da cobertura? - ele arqueou as sobrancelhas, me fitando. Eu não queria respondê-lo, mas para o meu bem, teria. -

- Problemas com o Romero. - Virei o rosto e fitei minhas unhas. Seu olhar queimava em meu rosto. Ele queria saber o porquê? -  Ele pediu a Tóia em casamento. E eu fiquei irada. - Ele não teria que saber do meu bebê. E nem eu contaria. -

- Eles não estão mais juntos há tempos. - Zé pontuou - Ela está com o Juliano.

Arfei. Isso era sério? Romero não estava com a favelada?

- E o que eu tenho a ver com isso, ô Zé Maria? Que se danem eles dois. Ou melhor, o Romero.

- Eu vim aqui pra pedir que fale com o Romero e insista pra que ele plante umas drogas nas coisas da Tóia.

- Epa. - arregalei os olhos. Isso mesmo, produção? -

- Aliás. Pedir não... tô mandando. E pago bem. - Pôs a mão no bolso esquerdo e tirou de lá um bolo de dinheiro preso a uma elástico. Tinha muita grana ali. - Eu sei que ele gosta dela e toda essa baboseira, mas ela tá com o Juliano, e não a quero no meu caminho.

- Falando com jeitinho... - sorri para ele, que sorriu de volta. -

- Então é o seguinte... - Zé falou o plano e prestei atenção em cada detalhe. -

Sentei-me na cama após tomar um banho relaxante. Zé Maria havia acabado de ir embora, porque teria coisas para fazer. Olhei para o dinheiro em minha mão e sorri. Ele daria o resto depois que a favelada estivesse atrás das grades, o quê, se fosse bem sucedido o nosso plano, seria em menos de duas semanas.
O plano era basicamente plantar as drogas nas coisas dela, quando ela fosse viajar com uma segunda lua de mel com Juliano. Sim, eles iriam viajar após o casamento simples que seria daqui uma semana. Que brega. Mas o fato é que seria mais fácil com todo o muvuco do aeroporto. Pôr as coisas na festa de casamento, esperar a poeira baixar e ter um bom álibi. Depois, eu ligaria para a polícia federal e faria uma denuncia anônima. Tinha como dar errado? TINHA. Principalmente se o banana do Romero tivesse envolvido.
Levantei-me da cama, vesti meu roupão e encarei a televisão a minha frente. O celular estava jogado no criado mudo. E tudo que eu precisava era de coragem para ligar pra Romero.

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N/a: Oi, pessoas! Estou de volta depois desse hiato gigantesco! Espero que gostem, e mil desculpas pela demora. ❤

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