Eu fechei os meus olhos cheios de lágrimas e contei até 3...
— 1... 2... 3... — Abri os meus braços, respirei bem fundo, joguei meu corpo lentamente frente e deixei a gravidade fazer o resto. Quando se pula em um abismo você está com a cabeça vazia, não pensa em nada a não ser a queda .Abri meus olhos novamente estava em queda livre, imponente, livre, como uma águia, indo da luz, para uma grande escuridão. Em uma queda, por alguns segundos, você pensa estar voando; Até que se lembra que está indo de encontro ao chão. Eu estava caindo para um novo destino, bem incerta do que iria acontecer, a morte o mais provável. Mas eu tinha escolha? Já estava feito. Naquele momento preferia morrer do que continuar a viver vazia, sem motivo para caminhar, sem motivo para respirar, não queria dar mais nenhum passo adiante, só queria morrer, de preferência de uma forma rápida, não queria sofrer mais do que já sofri, já estava quebrada o suficiente, mas ainda existem formas de quebrar mais ainda o que já está quebrado.
Foi um salto de fé, uma decisão incerta mas com apenas um desejo. Quando pulei, deixei nas mãos de Deuses e o resultado algum deles iria decidir, poderiam me salvar de alguma forma, mesmo eu não querendo, se é que algum dos dois se importavam com as criações de seus 7 filhos arrogantes, talvez nem se importassem mais, talvez fossem tão arrogante quanto seus filhos. Mas são só lenda certo? Até porque não existem 7 raças, apenas nós, os humano e nada mais. Era isso que todos pensavam. Também posso dizer que deixei nas mãos do destino mas naquele momento preferia acreditar que eu estava sozinha, nenhuma força superior iria me atrapalhar, mas não dá para fugir do destino não importa o quanto você o ignore.
O abismo era imenso, negro como a capa de um ceifador de almas e tudo naquele momento me levava a crer que acabava ali. O escuro me envolvia lentamente até que nem minha sombra estivesse mais comigo e sobrasse apenas eu. Todo o sofrimento tem um fim e o meu acaba aqui. Pensava assim, não sabia se ficava feliz por tudo acabar ou triste por ter tido uma vida horrível. Interrompi meus últimos pensamentos quanto escutei o som de uma correnteza forte, olhei através da escuridão e vi água, um rio . Dei um sorriso, não sei por que, mas simplesmente sorri. Merda, não sei nadar. Morrer afogada não era a forma que eu desejava morrer sabe... é agoniante só de pensar, você ficando sem ar, em pânico, em uma luta inútil para respirar e se agarrar novamente a sua vida, você agoniza e seus pulmões ficam sem ar, você quer gritar por socorro mas não pode, se grita ninguém te ouve, e vai sufocando em uma lenta tortura, começa a perder o sentidos enquanto você afunda e de debate tentando alcançar a superfície. Se você for burro o suficiente, tentará respirar e tudo que conseguirá é encher seus pulmões de água e terá uma morte ainda mais agonizante , mas no fim, tudo vai dar no mesmo, você desiste e sente que é assim que termina. Quando está se afogando você apenas aceita sua morte, você sabe que não importa o que você faça, você vai acabar no fundo do rio, do lago, do mar, ou seja lá aonde você esteja se afogando, seu destino será as profundezas. Mas eu escolhi morrer eu me importava? Talvez...
Eu lembro apenas de cair na água, fria, fria como um abraço da morte. A correnteza era terrivelmente forte, lutava contra ela e tentava me manter na superfície, afundava e voltava para superfície puxando ar, mas aquilo era em vão nada podia me ajudar naquele momento. Não quero morrer assim. Não enxergava nada, estava muito escuro, a água batia em meu rosto enquanto eu agitava meus braços em pânico para me manter na superfície, tentava alcançar algo em que pudesse me agarrar, mas tudo que eu fazia era em vão, não havia nada ali para me salvar. Já estava desistindo e começo a afundar, eu sentia desespero, um desespero de alguém que vai morrer lentamente se debatendo e lutando inutilmente por sua vida. Eu estava com medo, talvez não estivesse realmente preparada, mas o que eu podia fazer? Já estava feito, você só aceita, não há volta, toda escolha tem sua consequência. Depois disso, lembro que bati a cabeça em alguma coisa, uma rocha talvez, também lembro de sentir dor e sono, acabo perdendo consciência, não sei se foi por causa da batida ou por falta de ar, talvez fosse os dois. Não tem jeito, se for assim, que seja. Ficou tudo escuro, me senti mais vazia do que nunca, aqueles talvez fossem meus últimos pensamentos e eu ainda não sabia se realmente era aquilo que eu queria. Me agarrei em alguma coisa, alguma coisa dentro de mim que já estava indo embora, parecia estar sendo arrancada do meu peito, mas eu não deixei, eu segurei com toda força e a mantive comigo.
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— Olá, aqui é o V passando para dar alguns recados antes de você seguir para o próximo capítulo. Essa história faz parte de um mundo que criei: Ederia cuja a história, origem e criação irei explicando ao longo de histórias futuras. Algumas coisas podem não fazer sentido agora, mas farão conforme eu for escrevendo novas histórias. Essa história vai servir de introdução para tudo e também vai mostrar mais ou menos como as outras histórias vão ser escritas... Bom, caso tenham perguntas, me mandem mensagens ou deixem comentários para que eu possa melhorar no futuro. Isso é tudo. Obrigado por lerem, espero que tenham gostado. Beijos e abraços, V.
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Ederia: O Conto do Abismo
FantasyAnnie é uma garota com um passado conturbado, sofreu muito e se vê a beira de um abismo. Ela decide pular, para tentar acabar com toda sua dor de uma vez, mas esse não era seu destino. Ela sobrevive e lá no abismo descobre que tudo que ensinam, tudo...