Drives me wild

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- Oi.

- Oi.

Fiquei em silêncio enquanto esperava realmente para que ele dissesse mais alguma coisa, mas isso não aconteceu. "Oi" foi o diálogo.

- Está tudo bem com você?

Perguntei enquanto lutava para arrumar a legenda do episódio que estava atrasada, isso me da nos nervos.

- Sim, estou ótimo. Por que a pergunta?

Volto minha atenção ao telefone assim que ele fala.

- Bem, geralmente quando falamos no telefone você me vem com mil e um assuntos, não estou acostumado a ser a pessoa a ter que puxar um.

Digo aquilo rindo, mas de uma maneira natural, eu sei, bem leonino sim, o que posso fazer é a minha ascendente. Dou de ombros.

- Uau. Digamos que alguém aqui está mal acostumado?  - com certeza ele sorrio ao dizer aquilo, sutilmente como sempre faz e nossa, eu adoro quando ele faz isso porque mostra as suas covinhas. - Então, do que quer conversar?

- Eu não sei... Que tal sobre o fato de que eu estou morrendo para que o fim de semana chegue logo?

  Um dos nossos professores tinha morrido, foi bem triste e toda a escola ficou de luto por uma semana desde sexta-feira passada; o pai de Enzo viajou com ele durante essa semana que estamos sem aula, a avó dele estava doente. Ele e o pai só voltam no fim de semana, mas ainda é quinta-feira e eu já morri um milhão de vezes.

- A qual é, você pode sobreviver sem mim, lembra quando teve aquele acampamento e eu não fui? Você se virou muito bem sem mim.

- Ta, mas você sabe... Nós não...

- Gabriel, não vem com essa, cara. - Eu realmente pensei em falar alguma coisa e o interromper, mas acho que ficar em silêncio foi o melhor a ter feito, iríamos brigar. - Você vai começar com aquilo de "as coisas mudaram”? Ainda somos amigos e nada mudou.

Por esse motivo eu resolvi ficar calado, para ele as coisas ainda eram as mesmas e aparentemente nada tinha mudado, mas qual é, que tipo de "apenas amigos" vivem se pegando das maneiras mais... Intensas possíveis e, continuam "só amigos"?

- Enzo, você sabe que...

- Já conversamos sobre isso. Ate mais, Gabriel, até sábado.

Nem dei tchau porque ele desligou antes disso, eu não me importava porque sempre foi assim e não era estranho para mim, mas ainda não me descia o fato de que ele não aceitava que tínhamos algo além de "amizade". Ou quem sabe eu não aceito o fato de que não teremos mais do que isso? Enfim.

☆☆☆


Acordei na manhã seguinte esperando ter dormido por um dia inteiro e quando acorda-se já fosse sábado, mas não. Ainda era sexta-feira, sexta-feira as 10:20AM pra ser mais exato.
   Eu ainda tinha quase um dia inteiro até que meu melhor amigo volta-se de viagem e que nós possamos nos pegar loucamente, eu não sabia o que fazer para o dia passar mais rápido então fiz o que qualquer adolescente normal faria, chamei 15 amigos para minha casa e nos drogamos o dia todo, mentira.  Chamei apenas Ally, mas nós não nos drogamos, ta? Ally também é minha amiga, minha e de Enzo, aliás, de todos os nossos outros amigos só ela sabe o que está acontecendo entre nós dois o engraçado é que ela também está passando pela mesma situação com uma amiga, amiga essa que eu ainda não conheci e estou quase arrastando a cara dela no asfalto.

- Então quer dizer que ele ainda não aceita que vocês dois estão quase casando?

Joguei um travesseiro nela.

- Claro que não - Rio - Ele só não quer aceitar que está quase NAMORANDO com o seu melhor amigo.

- Cara, você está sendo trouxa, sabe disso não é?  - Ela também era bem sincera.

- Já pensei nisso, pode por favor, não me lembrar. Além do más você também está na mesma.

- Opa, opa, opa amigo. Só um de nós é trouxa aqui. - Ela ri. - Grace e eu combinamos que nossa amizade está colorida e não que estamos em qualquer tipo de relacionamento. Nós duas até apresentamos outras meninas uma pra outra.

- Uau. Que confiança em. - Falo rindo com aquilo, chegava a ser irônico.

- Vocês dois nem sabem ainda o que vocês têm... Gabriel, por que vocês não se mantêm somentente na amizade... Sério.

- A qual é, Ally. - Reviro os olhos meio emburrado. - Você sabe o porquê.

Ela simplesmente da de ombros e faz uma cara muito suspeita, muito suspeita mesmo e eu poderia deixar passar se não a conhecesse o suficiente.

- Você sabe de algo...

- Não.

- Sabe.

- Não...

- Ally! - A repreendo e mostro a minha curiosidade que até dois minutos atrás não estava tão grande quanto agora.

- Certo tudo bem... Mas isso é para o seu bem.

- Não enrola.

- Gabriel, você e o Enzo estão ficando há meses... Mas cara, só você leva isso a sério, nunca pensou nisso? Quer dizer, da maneira que deve ser pensada.

- Não enrola. - Falo novamente.

- Você ficou com outras pessoas durante esse tempo com o Enzo? - Ela fica em silêncio me encarando e demoro um pouco a responder, mas enfim respondo com um "Não". - Não sei como dizer isso, mas... Ele, o Enzo... Ele tem ficado com a Amanda há uns três meses.

Mantenho-me em silêncio ao receber aquela informação e pisco algumas vezes, agora pensando em todos os meses que estivemos juntos, os meses que eu achei que estava indo tudo bem, "uau" é tudo que eu consigo dizer em relação aquela informação e quando vejo estou em uma crise de risos sem fim, essa era a maneira que eu recebia informações do tipo. Enquanto ria tudo que eu conseguia pensar de verdade era no quão trouxa eu fui.

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