Cont. NAS ASAS DA ÁGUIA

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Ausência de guerra

Quando ensinamos aos novos convertidos sobre a batalha espiritual que nos cerca, isto lhes parece fantasia. Primeiro, porque não estão habituados ao convívio com o mundo espiritual. Segundo, porque são poupados da guerra no início de sua caminhada, exatamente como se deu com a nação israelita:

"Tendo Faraó deixado ir o povo, Deus não o levou pelo caminho da terra dos filisteus, posto que mais perto, pois disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e torne ao Egito. Porém Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do Mar Vermelho; e, arregimentados, subiram os filhos de Israel do Egito." Êxodo 13:17,18

A batalha espiritual é um fato e não uma fantasia; vemos isto com clareza nas Escrituras e também no dia a dia de nossa vida espiritual.

"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor a na força de seu poder. Revesti-vos de toda armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mal e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis." Efésios 6:10-13

Contudo, assim como o Senhor poupou a seu povo no início da sua caminhada, também nós somos poupados até que tenhamos a maturidade suficiente para entrar em batalha. Sei pela minha própria experiência que durante um tempo não provamos da batalha contra os demônios pois Deus nos impede de ver a guerra para que não desanimemos; mas depois de estarmos mais consolidados na fé, o Senhor não só permitirá que entremos em guerra, como nos ordenará que batalhemos contra o inimigo! Não há plenitude espiritual sem batalha; eles saíram do Egito sem ver ou conhecer a guerra, mas para entrar em Canaã era necessário pelejar contra os inimigos da terra. Não devemos, portanto, desanimarmos na hora da guerra, mas saber que é um sinal de que estamos no limiar da terra prometida, e não de que fomos abandonados.

Compreendendo a rejeição

O que torna este processo dolorido, é que ele aparenta rejeição, abandono. É quase inevitável provar este sentimento, mesmo nos conscientizando de que é apenas um momento de tratamento de Deus. Penso, contudo, que o fato de sentirmos isto tão fortemente, não se deve somente ao lado humano, frágil, que sente a necessidade de curtir sua própria dor, mas que Deus mesmo usa deste sentimento para produzir outras coisas em nosso íntimo, tratando conosco de forma mais profunda. Ao observar a vida dos homens que se destacaram servindo a Deus, nunca tomei conhecimento de um sequer, na Bíblia ou na história, que não tenha passado por um profundo sentimento de rejeição. Parece-me que a sensação de rejeição é uma das ferramentas que Deus usa para aperfeiçoar nosso caráter, pois ela tem um poder de produzir grandes reações no nosso íntimo. O próprio Jesus experimentou a rejeição em diversos níveis; João 7:5 diz que nem seus irmãos criam nele.

Marcos 6:1-6 nos mostra que seus vizinhos também não criam nele. Um dos doze o traiu. E a própria nação o rejeitou, pois como escreveu João: "veio para o que era seu, mas os seus não o receberam..." (Jo.1:11). Mas o pior sentimento de rejeição não é aquele produzido por homens, mas aquele quando parece que Deus nos rejeitou. Os homens, reconhecemos como falhos e imperfeitos, e quando nos rejeitam por alguma razão, podemos buscar refúgio em Deus; entretanto, quando parece que Deus nos rejeitou, para onde iremos? Este tipo de sentimento mexe profundamente conosco! Jesus suportou bem toda rejeição que sofreu. Isaías se referiu a Ele em sua profecia como uma ovelha muda que não abriu sua boca quando levado ao matadouro, pois diante de toda rejeição humana ele nada reclamou. No entanto, houve um único instante em que Cristo não permaneceu calado - quando bradou na cruz: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?" (Mt.27:46). A Bíblia diz que ele bradou em alta voz, ou seja: gritou. E o que é isto, senão um desabafo de alma? Toda rejeição pode ser suportada no nível humano, mas não no divino. Quando parece que fomos rejeitados por Deus, não temos consolo em mais nada. Por que o Senhor permite que tenhamos este sentimento? Sabemos que quando Ele nos leva nas asas da águia, e nos lança ao ar para que aprendamos a voar, seu propósito não é nos abandonar mas sim fazer-nos crescer. Contudo, o sentimento de rejeição nesta hora é inevitável, e creio que Deus aproveita este tipo de sentimento para produzir algo em nós.

O Agir Invisível de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora