Fugindo

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Minha bolsa caiu da minha mão enquanto corria,  sem saber muito bem para onde. Minha única certeza era que,a cada curva que eu virava, aumentava a distância entre nós. Entre mim, e aquele sonho que cansou de me perseguir no meu sono e veio me atormentar na vida real.  

Agora eu conseguia lembrar claramente todos os detalhes do sonho. Sem mais rostos borrados ou cores indistintas, tudo agora era vívido para mim. Seu rosto estava estampado em cada pessoa do corredor, e seus olhos me encaravam enquanto eu corria, tentando fugir, tentando me esconder. Encontrei uma sala vazia e entrei, imediatamente trancando a porta e me apoiando contra ela, mantendo aquele sonho louco pra fora.

Porque só podia ser isso. Eu ainda estava sonhando. Era única explicação plausível para que ela estivesse ali. Ou que ao menos existisse. Aquela era só uma fantasia sexual que eu não conseguia tirar da minha cabeça, e agora meu cérebro tinha decidido inovar um pouco mais com um cenário. No caso, trazendo o sonho para o lobby do meu trabalho. Lotado de pessoas. Que me viram sair correndo sem explicação nenhuma. E derrubar minha bolsa. Igual uma louca. 

Minha cabeça começou a dar voltas, e eu me obriguei a parar e respirar. "Um problema por vez, Cabello, um problema por vez".  Como eu iria explicar a todos o meu 'surto'? Dor de barriga? Problemas femininos? Não, muito pessoais. Eu poderia dizer que achei que tinha deixado meu carro ligado se eu não tivesse corrido para dentro do prédio.  Tanto faz, vou usar problemas femininos. Ninguém gosta de perguntar sobre o ciclo menstrual de outra pessoa.

Comecei a andar em círculos, com as duas mãos massageando as têmporas, porque agora iria ter que lidar com o verdadeiro problema. Eu não estava sonhando, os sonhos eram sempre os mesmos e esse não parecia em nada com eles. Então eu tinha que saber como enfrentar aquilo. A menos que... ela não fosse real. Depois de todo esse tempo, eu comecei a lembrar do rosto dessa garota e espelhei em alguém parecido. As visões no corredor provavam isso. 

Mas e se ela fosse real? Como eu iria reagir? Eu não podia correr de novo, e tendo em vista que ela está no grupo de estagiários, ia ter que lidar com ela um bom tempo na empresa. Eu poderia alocá-la em um setor distante, como a contabilidade. Ninguém gosta do setor de financias, e isso iria fazê-la pagar por todos os anos em que ela rondou na minha mente. Mesmo que ela não soubesse disso. Eu acho.

Argh, era tudo tão confuso. Não fazia o mínimo sentido, e exatamente por isso eu não podia contar a mais ninguém o que estava acontecendo. Todo mundo ia me achar louca. Talvez Dinah até mandasse me internar. Bom, com certeza eles teriam algum remédio no hospício que me impedisse de pirar completamente. Talvez eu devesse tirar férias.

Me voltei para a porta, segurei a maçaneta e suspirei, determinada. Eu tinha duas opções: Ou encarava aquela mulher e descobria que era outra pessoa qualquer, em nada parecida com meus sonhos, e tirava férias pela primeira vez em anos pra me afastar daqueles sinais de loucura; Ou encarava aquela mulher e descobria que era exatamente a mulher dos meus sonhos,e então voltava a correr, pra fora do prédio dessa vez. 

Não, tudo bem, eu iria encarar a situação como uma profissional. Se fosse mesmo ela, iria ignorá-la por toda a apresentação (Deus, por favor, que ela não seja do tipo que faz perguntas), e depois a mandaria para bem longe, junto com os contadores no 3º andar. O que daria 27 andares entre nós. Tem que ser o suficiente. Respirei fundo mais uma vez, buscando coragem em cada molécula de ar naquela sala, e abri a porta.

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Bem coerente a garotinha Camila, hein? Kakakka
Eu ia escrever um pouco mais, mas decidi postar logo. O próximo capítulo é no POV da Lauren. Bjsss


THE GIRL IN MY DREAMSOnde histórias criam vida. Descubra agora