Melbourne, Austrália
1 semana atrás.
— Temos uma surpresa! — meus pais entraram animados no meu quarto, eles pareciam tão contentes que eu comecei a rir e fiquei ansiosa com o que viria pela frente. — Alguém desse quarto vai fazer o último ano da escola nos Estados Unidos. — minha mãe disse batendo palminhas e meu pai começou a rir da euforia dela.
Dias atuais.
A sete dias atrás meu pai e minha mãe estavam entrando no meu quarto com uma surpresa que era provavelmente a coisa que eu mais queria ouvir desde que entrei no ensino médio. Nos primeiros momentos, foi só alegria, como não ficar feliz com aquilo? É o que eu sempre quis. Ter a experiência de estudar fora, conviver com gente diferente, com outros costumes. Mas como nem tudo é perfeito, meus pais, ao pensarem que eu ia me sentir melhor por estar na casa de conhecidos, falaram que eu iria morar com Joe, o melhor amigo de infância do meu pai. Eu não via Joe sempre, na verdade, uma vez a cada dois anos e ainda era demais, ele raramente voltava pra Australia. Não tinha nada contra ele e sua esposa, eles eram e sempre foram ótimos. O problema é que eles tinham gêmeos, ambos da minha idade. Não eram aqueles gêmeos idênticos que ninguém sabe diferenciar, muito pelo contrário. Eu também não posso sair falando que os garotos eram um grande problema, não conhecia eles direito, nós brincávamos nas férias quando éramos pequenos e enquanto fomos crescendo nos afastamos, quando nossas famílias se encontravam era no máximo se cumprimentar e cada um ia fazer alguma coisa que não envolvia o outro. Eu acompanhava eles pelas redes sociais e nada além disso, Jake sempre me dava parabéns quando eu fazia aniversário, curtia as coisas que eu postava, e era também ele que às vezes tentava puxar assunto comigo quando nos encontrávamos. Já Caspar não, não posso tirar conclusões precipitadas e falar que o garoto é arrogante, mas era a imagem que ele me passava. Muitas vezes ele não era nem educado ao ponto de cumprimentar. Voltando ao que interessa, não era como se fosse um problema absurdo ter que conviver com eles, eu só não via aonde aquilo ia dar. Uma casa com dois garotos da minha idade que eu não tinha afinidade nenhuma. Não era o tipo de coisa que eu imaginava no meu intercâmbio dos sonhos. Ia ser uma situação completamente constrangedora tanto pra mim quanto pra eles, mas, quando eu reclamei pros meus pais sobre preferir tentar a sorte com alguma família que eu não conhecia, eles preferiram que não, falaram que não tinha porque fazer algo tão arriscado se ir pra casa dos Bennett era garantido que eu seria bem tratada, além de que, eles já tinham combinado tudo com os amigos. Agora só me restava aceitar e me despedir dos meus amigos e família.
Chicago, Estados Unidos.
— Vocês só podem ser completamente sem noção — eu disse ainda sem acreditar com a notícia que meus pais tinham simplesmente soltado na mesa de café da manhã, Jake concordou comigo.
— Ei, olha bem o que você fala, rapaz — minha mãe me repreendeu e eu bufei.
— Vocês poderiam ter perguntado antes o que a gente achava, né? Não chegar e falar "oi filhos, uma garota que vocês só veem uma vez na vida e outra na morte vem morar um ano com a gente". — Jake falou e meus pais olharam estranho, geralmente eu sou o filho que reclama e ele é o filho que apoia, mas isso foi completamente sem noção da parte deles. — Eu não ia me opor, acho a Carol uma garota legal, mas vocês poderiam ter falado antes. — ele completou, retomando o posto de filho compreensível enquanto eu fazia cara feia.
— Você está certo, Jake, nós realmente deveríamos ter avisado antes, não achamos que iria ser um problema tão grande pra vocês. — meu pai falou dando mais um gole no seu café, como se estivéssemos tendo a conversa mais normal do mundo.
— Posso perguntar da onde surgiu essa ideia absurda? — eu disse e meus pais me olharam sem paciência, mas eles sabiam que eu não era tão compreensível quanto o Jake.
— Eu estava conversando com o Peter e ele disse que a Carol vivia falando que sonhava em fazer um intercâmbio para cá, mas que ele tinha medo de ela estar longe e com gente que ela não conhecesse. — meu pai disse e eu ri, interrompendo.
— Então ele praticamente ofereceu a filha pra morar aqui — eu disse ainda sem acreditar.
— Não, Caspar, ele apenas falou isso e me perguntou se ele estava sendo super protetor e o que eu faria se fosse o sonho de algum de vocês. Eu disse que também ficaria apreensivo, não é todo dia que a gente coloca um filho dentro de um avião sem nem saber com quem ele vai morar durante um ano. — meu pai terminou e eu entendi o ponto de vista deles, mas mesmo assim, ia ser uma situação completamente estranha, a gente não tem afinidade nenhuma com a garota.
— Então seu pai conversou comigo sobre a situação e eu tive a ideia de oferecer a casa pra Carolina, afinal, não vi problema algum. A casa é grande, ela teria um quarto pra ela e ela é uma garota que não incomoda, diferente de vocês — minha mãe disse e deu um sorriso irônico no final.
— Ok. Quando a princesa perfeita chega então? — eu disse num tom de sarcasmo e meu irmão riu.
— Ela também não ficou extremamente feliz com a notícia, Cas, ela pensou que iria pra algum lugar sem conhecer ninguém. O mínimo que podemos fazer é acolher ela e fazer com que ela se sinta em casa. — minha mãe falou e eu rolei os olhos, não respondeu minha pergunta.
— A princesa vem morar de favor e ainda reclama? Legal — eu disse e ri — Quando ela chega mesmo?
— Daqui a três semanas, ela vai começar o ano letivo com vocês. — meu pai respondeu se levantando e arrumando suas coisas pra ir trabalhar.
— Legal, ela vai estudar com a gente — meu irmão disse feliz, como se fosse uma coisa boa e eu olhei sem entender, não tem como a gente ser gêmeos. Impossível. Meus pais riram do comentário dele, ao mesmo tempo aliviados por ele já ter aceitado a ideia e estar sendo tranquilo com isso, eles sabiam que poderiam contar com ele.
— Tô indo pra casa do Matthew, quer ir? — eu disse levantando e convidando meu irmão, que negou o convite pra fazer sei lá o que. Precisava sair de casa um pouco pra digerir a notícia. Eu sei, posso estar exagerando, mas não gostava de gente que invadia meu espaço, ainda mais sem nem conhecer direito. Saber que ela não queria estar vindo pra ficar na minha casa me incomodou também, ela preferia ser jogada em qualquer canto com uma família que maltratasse ela? Que deixasse ir, então. Entrei no carro e dirigi até a casa de Matt, quando cheguei logo contei a notícia e ele falou o quanto eu estava exagerando com a reação que eu tive, mas a conversa não durou muito, ele logo pediu as redes sociais da garota pra ele ver se achava ela bonita. Agora era aceitar e tentar me acostumar com a ideia.
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BAD THINGS
Storie d'amoreCarolina morava na Austrália com seus pais e sonhava em fazer intercâmbio pra qualquer lugar dos Estados Unidos, só pela experiência. Seus pais não gostaram da ideia no começo, mas a garota insistiu tanto que eles cederam, porém, com uma condição: e...