Acordo com o barulho dele gritando e sacudindo meus ombros.
- Léo! Léo acorde! Por que você bebeu aquilo? Por que bebeu minha formula de testes - Fala André, quase chorando. Tenho a impressão de que fiquei inconsciente por algum tempo.
- O quê? Do que você está falando? Eu só... - Lembro da fita, da temperatura e da textura do suco. Não era a mesma. - O que tinha ali, André? - Perguntei desesperado.
- Era uma fórmula que eu tava testando - Responde André - Do livro que eu encontrei - Ele aponta para o livro que continua na mesa.
- Como assim? - Tento levantar, mas meu braço esquerdo protesta - O quê que eu bebi? O que vai acontecer comigo? André o que você estava fazendo? - Pergunto ainda mais desesperado.
- Calma! Eu estava tentando fazer uma vacina pra... eh... Pra separar... Pra separar os sentimentos bons dos ruins e um Multiplicador de Células - Um silêncio agonizante toma conta da garagem - Ou os dois juntos... - Ele realmente acha que eu acreditei nisso?
- Espere aí, eu não quero saber isso! Quero saber o que vai acontecer comigo agora! -
- Bom... acho que já aconteceu, Léo - Fico sem entender mais nada.
- Ué, mas eu estou inteiro! - Tento brincar um pouco, mas parece que acabo deixando o assunto ainda mais sério.
- Eu não diria bem isso! Pelo que posso ver você não é o Léo. É só uma das metades dele. Eu só... - Ele para e aquele silêncio incômodo toma conta da garagem de novo - não sei qual... -
- O que você está dizendo? Acho que ainda tô dormindo... - Meu nariz começa a sangrar.
- Calma, limpe isso que eu vou te explicar - André joga um pano limpo pra mim e pede para eu me sentar num banquinho.
- É o seguinte, eu estava fazendo alguns testes que estavam no meu novo livro...
- Estavam? - Questiono.
- Sim, estavam, ele os arrancou ... - Explica André.
- Ele? Ele quem? - Continuo com Dúvidas.
- Se você me deixar explicar! Escute... eu criei, ou ao menos tentei, uma formula simples pra curar a bipolaridade. - Tá! Três respostas diferentes... mas deixo ele continuar. - O meu objetivo era que a formula atingisse o Tálamo, parte do cérebro que controla as emoções e os pensamentos, fazendo com que a pessoa tivesse os sentimentos bons e os maus divididos, mas acho que sem querer acabei juntando com uma receita de separador de células que fiz na semana passada. - Justifica André. É inevitável o fato de que é perceptível a tentativa dele de me enganar, ele não quer me contar o motivo de ter criado essa formula. Mas eu não tô nem ligando, quero que ele me diga logo...
- Entendi. O que vai acontecer comigo? - Ele respira fundo e fico com medo da sua resposta.
- Se tudo que vejo no livro está certo. Você se dividiu em dois, uma parte boa e outra má. - Sim, é bizarro! Eu sei! Mas admita, faz sentido.
- Isso não faz sentido! - É, eu sou um pouquinho difícil de lidar. - Mas se tudo isso for verdade, onde está o meu outro eu? -
- Essa parte é com você! A divisão foi recém feita, ou seja, vocês dois ainda estão com suas personalidades estáveis. O que você faria se percebesse que acabou de levantar de outro você? - A pergunta estranha foi bem compreendida por mim. Ele vai para trás da mesa. Penso em uma resposta, provavelmente eu iria querer ler as folhas da experiência num lugar mais iluminado e a dispensa tem várias coisas úteis também. Então é isso.
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A Cópia Imperfeita
Science FictionLéo é um estudante de psicologia órfão de seu pai, um ex químico brilhante. É o mais velho de três irmãos André, o do meio, e Beto, o mais novo. André era o mais apegado ao pai, tanto que gosta de fazer experimentos bobos na garagem (que ele gosta d...