Capítulo 4 - Más Decisões

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	Toda premiação tem um clima intoxicante e embriagante que a envolve

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Toda premiação tem um clima intoxicante e embriagante que a envolve. As luzes fortes e sempre miradas na minha direção não ajudam, nem as pessoas que andam de um lado para o outro, em uma confusão que beira o caos, mas acaba sempre funcionando. Tenho que praticamente cambalear ao invés de andar para passar por elas, sendo protegida dos dois lados por seguranças. E, tão torturante quando parece, é ter que sentir a presença de Caden logo ali.

Quando minha mão segura a de Liam.

Ele vai na frente, me puxando sem qualquer consideração para o vestido difícil que uso e os saltos altos demais para andar tão rápido sem desequilibrar. Não me dá nem tempo de me recuperar, nem olha para trás para saber se estou bem. Caden, eu e John, meu mais antigo guarda-costas, temos que nos esmagar para passar por onde Liam nos obriga. Vejo os dois reagindo no último segundo antes de esbarrarem em alguém várias vezes, vezes demais para não me irritar profundamente.

Não é a primeira vez. Liam faz isso sempre. Me pegar pela mão e me puxar como se eu fosse uma boneca de pano. Está só é a primeira vez em um tapete vermelho.

Quando chegamos no que costuma ser a fila de espera para aparecer na frente dos fotógrafos, - uma fila que quase ninguém sabe que existe até estar lá, - a garota que a organiza nos passa na frente de todo mundo. É a primeira chance que eu tenho de recuperar meu equilíbrio e minha pose. É a coisa que mais odeio nele, como não tem a menor consideração para como estou ou se está rápido demais e eu preciso andar mais devagar para conseguir manter tudo aquilo que tanto lhe interessa em mim.

Mas respiro fundo, rindo para mascarar meu desconforto na frente dos fotógrafos. Hoje não é dia para isso, não é hora de reclamar de como ele é insuportável. Tenho a única meta de sair daqui com todo mundo falando de como o clipe é incrível e que meu CD foi lançado. Má publicidade existe, sim, de vez em quando, e não quero ela perto de mim nesta noite.

A mão de Liam solta da minha para se posicionar em minha cintura, a segurando mais forte do que o necessário, definitivamente mais perto dele do que eu gostaria de estar. Ele nem me dá mobilidade o suficiente para fazer qualquer pose que pratiquei antes, nem para tirar direito minha perna pela fenda.

Mas eu engulo em seco e aguento. Me distraio com os flashes das câmeras, tão rápidos e frenéticos que me fazem perder momentaneamente a noção de tempo e espaço. Antes de conseguir recuperar meu fôlego da luta que tinha sido ir até ali, Liam avança mais pelo tapete vermelho, me puxando junto com uma mão em meu braço.

Posso sentir seus dedos a marcando, e meus olhos ameaçando lacrimejar. Em um único movimento, ele tinha conseguido me fazer sentir mais humilhada do que em toda minha vida, mesmo todo o tempo que tinha passado junto com ele. Para quem sempre tinha se sentido tão dona de si, sua mão apertada em volta de meu braço me faz sentir pequena, desprezível, desprezada. Já nem tento sorrir quando paro outra vez para uma segunda pose. Só concentro todos meus esforços em não chorar.

Ainda assim, sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha. E aí eu rio, juntando mais forças do que achava que tinha para soltar uma reclamação baixa e falsa de como as luzes incomodam meus olhos.

Queria estar em qualquer outro lugar do mundo.

A última pose que Liam me arrasta para fazer é a mais fácil. Meus pés já me doem, como se sentissem toda minha humilhação fincando neles como agulhas, mas eu paro de tentar mostrar o vestido, paro de tentar me mexer sozinha e vou na direção que Liam me indicar. Nada mais me importa a não ser contar os segundos para sair dali. E então, finalmente, eu saio.

E ele se solta de mim para ir atrás de outro cara famoso, de quem quer ter certeza que é amigo.

Eu não consigo dar mais do que dois passos para longe dos fotógrafos. Quero desabar ali, quero deixar de ser forte uma vez na minha vida e chorar por todo o asco que sinto de ter sido tocada por ele. Sei que ainda estou, teoricamente, na mira de olhos curiosos que dariam qualquer coisa para ver um escândalo da minha parte, estou levemente consciente de tudo que tenho a perder, do CD e das matérias que podem aparecer sobre mim no dia seguinte. Mas me sinto tão machucada, tão estragada, que não me importo.

E então, quando finalmente sinto outras lágrimas se juntarem à primeira, não vejo flashes. Só Caden. Seu braço em volta de mim, me escondendo do resto do mundo, me tirando dali.

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