Cap. 3 - O Mago da Cozinha.

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_ Há 9.185 km do México, ou melhor dizendo, do outro lada do oceano _  

   Granada, Espanha.

   Existem pessoas que nascem com muitos dons. Umas nascem com o dom da música, outras com o dom da dança, umas com o dom da palavras, outras com o dom desenhar.
   Mas existem aquelas que nascem com o dom de conseguirem juntar tudo isso numa coisa só. E Leonardo Monteiro tinha esse dom.
   Ele cozinhava. E não era cozinhar por si só. Tudo o que ele fazia era uma obra de arte, que encantava não somente o paladar, mas a visão e o olfato também.
   Leonardo aprendeu as mais variadas e sofisticadas técnicas para se tornar um dos chefes mais renomados do mundo. Nada, para ele, era um desafio; e não havia nada que não pudesse ser aprendido e aprimorado por ele.
   Graças à esse empenho, conseguiu erguer um império de cadeia de restaurantes em diferentes lugares do mundo.
   Era um homem discreto e reservado. Não gostava de badalações e, dificilmente, dava entrevistas. Estrelismo?... Não. Simplesmente, Leonardo queria ser conhecido por seus pratos e não por sua imagem.
   Sua vida pessoal?... Bem... Vamos dizer que sua cozinha era bem mais organizada.

   Nesse momento, por exemplo, ele estava na cozinha de sua casa, preparando algo especial para o café da manhã. De repente, uma linda mulher vestida com uma de suas camisas aparece na porta.

   – Eu, realmente, preciso me acostumar com isso. – disse ela.

   – Bom dia, Sophia. – disse ele com um sorriso. – Com o quê precisa se acostumar?

   – Com essa sua mania de acordar cedo demais. – disse ela ainda sonolenta.

   Ele vai até ela e a abraça pela cintura.

   – Ah, querida. Me desculpe. Não quis te acordar.

   – Você me deixou esgotada noite passada, amor.

   – É sempre um prazer te satisfazer, meu bem. – disse ele sorrindo beijando o pescoço dela.

   – Já que é assim, porque não voltamos pra cama e continuamos de onde paramos, hein? – disse Sophia sussurrando no ouvido dele.

   – A proposta é tentadora, querida, mas não posso. Preciso terminar o que o que estou fazendo aqui. – disse ele mostrando tudo que já havia preparado.

   – Pra quê tanta coisa? Quem vem pra cá, um exército? – ela brinca.

   Leonardo dá uma risada.

   – Você sabe, gosto de mesa farta. E também, Bianca vem tomar café da manhã aqui e gosto de fazer tudo o que ela gosta de comer.

   – Ela está vindo pra cá?? – espanta-se Sophia. – Ah, então eu já estou indo. – disse ela se soltando dele.

   – Por que você sempre se comporta assim quando falo da Bianca?

   – Querido, sua filha me odeia. E ela faz questão de deixar isso bem claro, sempre que nos vemos.

   – Não seja exagerada, Sophia!...  Bianca não te odeia. Ela só... – ele gesticulava tentando achar as palavras.

   – Ela só não gosta de mim. – disse Sophia ironicamente.

   – Eu não disse isso. ... Olha, querida, vocês só precisam se conhecer melhor. Sair juntas, fazer compras. – disse Leonardo.

   – É inútil, Leonardo! ... Eu já tentei várias vezes me aproximar da Bianca, mas ela não deixa. ... Quer saber? Eu desisto. – disse Sophia.

   – Sophia, Bianca é minha filha.

   – Eu sei, Leonardo. Agora me diga, o que eu sou pra você? – pergunta Sophia.

Sabor da Paixão (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora