Terei que contar primeiramente o que ocorreu semanas antes do evento em que vi coisas do qual eu nunca esquecerei. Antes da noite que é culpada por eu estar internado neste lugar.

Continuava com a minha loja de artefatos religiosos em Boston, e como eu disse que tinha clientes estranhos, tinha também fornecedores estranhos. Um desses fornecedores era Howard Lancaster, um inglês que trabalhava com explorações em sítios arqueológicos de várias partes do mundo, era fascinado por símbolos antigos, diagramas arcanos, enigmas, e com certeza um dos meus melhores contatos. Howard sempre foi inteligente, talvez um dos mais inteligentes homens que eu conheci; sabia sobre tudo, traduzia trechos de cantos e ritos para mim, descrevia achados da sua carreira arqueológica, e me enviava algumas peculiaridades por correio. Mantínhamos contato frequentemente, recebia suas cartas quase toda semana e sempre as respondia. Anteriormente ele havia me falado sobre a hipótese de haver uma nova pirâmide enterrada as margens do rio Nilo; estava empolgado com a ideia, e disse-me que esta poderia ser várias eras mais antiga do que as famosas pirâmides de Gizé. Começariam com as escavações dali a duas semanas, e pedi a ele para que me enviasse relatório de suas descobertas se fosse possível; ele confirmou-me que enviaria com prazer. E como dito, passou-se uma semana quando recebi a seguinte carta, que relatarei conforme minha memória conseguiu conservar:

Cairo, Egito,

Sexta-feira, 5 de setembro de 1928.

Prezado Gammell -

As escavações estão prestes a começar, e eu estou imensamente ansioso pela pesquisa. Peço para que não revele a ninguém as informações que lhe passarei por meio dessas cartas. O projeto de escavação esta sendo mantido em sigilo, não sei por qual motivo, mas como foram me imposto ordens, e eu as estou infringindo, peço para que não revele nada a ninguém, confio em você Gammell, creio que ficará interessado pelo assunto.

A suspeita da existência da pirâmide parece ter surgido de alguma espécie de culto praticado por bruxos da região, ou sabe-se lá quem fossem. Os homens que aqui estavam antes de mim dizem presenciaram esses tais cultistas vagando a beira do Nilo durante a madrugada, e entrando em túneis misteriosos dos quais não pude ter acesso. Provavelmente esses túneis devem levar a alguma parte da antiga pirâmide. Os homens do deserto, digo, os populares, e leigos afirmam que a escavação é uma loucura, dizem que podemos estar mexendo com algo além da nossa concepção; acredito que seja mais uma daquelas crendices em "maldições da tumba", e até mesmo alguns próprios cientistas dizem que os túneis encontrados não poderiam ser feitos com tamanha perfeição usando a nossa tecnologia atual.

Na verdade não estou tendo acesso a muita coisa ultimamente, não conheço muito bem essa gente que me contratou, estou aqui pela conquista, imagine Gammell, eu, Howard Lancaster, tradutor dos hieróglifos da mais antiga pirâmide do planeta, um desbravador de artefatos históricos. Realmente quero muito saber mais sobre o projeto, e certamente, obtendo mais informações, lhe notificarei.

De seu amigo Howard.

Fiquei curioso realmente, a conquista de Howard era um feito invejável para milhões de arqueólogos espalhados pelo mundo. Chamou-me a atenção o fato de Howard não ter acesso completo as informações, talvez ele mesmo não me quisesse me transmitir as mesmas, foi o que pensei. Era muito bem reconhecido, famoso, não seria sensato esconder dados de uma pesquisa para um homem tão requisitado e contratado para o serviço.

Enfim, respondi que estava igualmente empolgado com a noticia, e que gostaria de receber mais novidades em breve. Continuei ocupado com minha loja, recebendo encomendas, providenciando pedidos, atendendo clientes e cumprindo com minhas obrigações. Até que na outra semana recebi mais uma carta de Howard:

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