CONECTADAS

Verdade seja dita

Como era de esperar, e como as duas meninas bem sabiam, não existe nenhum conto de fadas onde não existam vilões.
Não existem vidas, nem amores facilitados.
Elas bem sabiam.
Mas não faziam ideia que fosse assim tão complicado.

Mas, o que era assim tão complicado, perguntam vocês?

O preconceito meus amores.
O preconceito que existia e existe perante relações lésbicas aos olhos da sociedade.

Sim, gente, os pais de Anne descobriram tudo.
Descobriram uma carta que Cris escrevera a Anne no último dia do atelier , que dizia o seguinte :

" Meu amor. Minha pequenina. Minha princesa. Este carnaval foi muito mais do que aquilo que alguma vez imaginei. Foi uma descoberta. Uma descoberta interior. Uma descoberta de ti. De nós. De sentimentos nunca antes por mim experimentados. Nem por ti. Mas devo dizer-te que este é o sentimento mais puro que alguma vez senti por alguém. Obrigada. Obrigada meu amor. Amo-te daqui á lua e da lua até aqui."

Cris havia deixado esta carta na mala de Anne para lhe fazer uma surpresa, e inventou uma desculpa como "Tenho de ir mais cedo hoje. Tenho o meu pai á minha espera em casa." Despedindo-se apenas com um beijo na bochecha de Anne, pois estavam perante os colegas.

Os pais de Anne proibiram-na de falar com Cris, pelo menos por telemóvel, pois na escola as duas estavam juntas. Passavam os intervalos juntas naquele pequenino canteiro onde pela primeira vez se tinham encontrado.
Onde trocavam alguns beijos escondidas de tudo.
Escondidas do mundo. Mas o problema era que Anne não lidava bem com a pressão. Nunca lidou. Era uma menina cheia de problemas de autoestima, e estar a ir contra os pais... Só lhe fazia pior.

O namoro acabou. Mas a amizade manteve-se. Não a amizade de melhores amigas, pois nada acontece duas vezes da mesma maneira, mas a amizade em si.

Porque há coisas que nunca mudam,
" e tu até podes negar mas nós temos uma enorme ligação. Estamos conectadas" - SMS de Cris para Anne.

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