-Capítulo 3-

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   Oito e meia da manhã de Sexta-feira. Esse era o dia e horário em que o julgamento de Sara começou. Tess estava completamente abalada, assustada, sem saber se sua melhor amiga ficaria vinte anos ou a eternidade presa, tanto que nem se arrumou direito, vestiu a primeira roupa social que encontrou no seu quarta-roupa e foi logo para o tribunal, já Alaska foi como uma diva internacional, toda de jeans, Alá Britney e Justin. Já eu estava de calça social e uma blusa quadriculada colorida, bem a cara da riqueza.

    Ás nove horas começou o julgamento, mas eu quase nem prestei a atenção. Eu, Tess e Alaska ficávamos conversando muito sobre como Damon e Kennedy estavam vestidos. Ficávamos conversando enquanto o juiz estava falando. Mas tipo a gente não estava nem ai para o julgamento, já sabíamos que Sara iria para a cadeia, tanto que até Tess começou a se conformar com tudo aquilo.

    Mas não foi bem assim. Depois que Sara foi levada aos gritos para o presidio, o juiz chamou nossos nomes, e nos três, depois de uma hora e meia de conversa durante o julgamento, estávamos ali no meio do tribunal, enquanto o juiz começava a falar:

— Vocês serão processados por desacato a autoridade!

— O que? Nos não desacatamos você, então o senhor para de mentir— falei bravo com tudo aquilo, na verdade nem sei o que é desacato, teve ser alguém gostar de cantar musicas da Anitta.

— Vocês acabaram de me desacatar de novo!

— Nossa princesinha, não sabia que não podia responder, também não sabia que te dando resposta seria desacato! — gritei bem alto.

— Mas Brandon, isso na verdade é o significado de desacato— Alaska disse.

— A professora que não gosta de Anitta, me disse que desacato era gostar de Anitta.

— Mas Bran...

— Sabe vocês não serão mais processados!— disse o Juiz Interrompendo Alaska.

— Obrigada, eu sei que você quer ser um de nós— disse Tess.

— Eu? Na verdade menina, vocês iram para um manicômio! Porque vocês na verdade são loucos!— depois dessa fala, entraram seis policiais puxando nossos braços e nos levando para o manicômio da cidade.

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Depois de uma hora, eu, Tess e Alaska, estávamos em um manicômio. Na primeira vista vimos pessoas loucas, feias, gordas e que possuíam fardas com a imagem da galinha pintadinha. Vendo aquilo eu soube que aquele era o nosso lugar.

Cada um se identificou com algo, Alaska mesmo arranjou um namorado. Ele era um cara com um problema de esquecimento, sempre se esquecia de quem ela era, mas mesmo assim ela o amava, o nome dele era Oliver, uma pessoa legal e esquecida.

Tess se tornou professora, as aulas dela eram muito divertidas, ela sabia como puxar totalmente sua atenção, exemplo:

— Gente hoje vocês terão uma aula sobre algo muito importante. Preciso da atenção de todos, até mesmo de você sonega — disse Tess enquanto sonega acordava de seu longo sono.

— O que eu estou fazendo aqui? – perguntou Oliver assustado.

— Professora vai ser que assunto hoje?— perguntou sonega que já estava colocando seu travesseiro na cardeira para dormir  novamente.

— Bom hoje começaremos a estudar a biografia inteira da galinha pintadinha.

Hoje em dia, nunca falto uma aula, pois são muito boas, sabe aqui no manicômio todos eram galinheiros e isso era bom. O que eu fazia lá? Por meio de uma votação, eu era o líder deles, e isso era incrível! E sabe o que era melhor? Não precisávamos seguir padrões da sociedade.

Quanto eu entrei aqui no manicômio, eu descobri coisas muito ruins, como que o manicômio é cuidado pelo governo do estado de Bojo Rasgado, mas o local está totalmente destruído e sem cor, porque o estado não está nem ai para esse lugar, o que é horrível porque eles (o governo) tratam os doentes mentais, como pessoas que não merecem viver, que não merecem cuidados especiais.

Por isso decidi mudar tudo no manicômio com o dinheiro que eu recebia do jornal da minha cidade, pelos contos que eu escrevia para eles. Mandei pintar o manicômio todo de azul, comprei fardas novas, muitos quilos de carnes, macarrão, arroz. Alaska e Tess eram as pessoas que faziam a comida, que por sua vez eram deliciosas.

Começamos a dar muito amor e carinho para todos os crazyinhos, porque eu amo eles, a Alaska ama eles, a Tess ama eles, e agora somos pessoas como eles, e tenho muito orgulho disso, em uma semana transformei o manicômio, que antes era um lugar deprimente e aterrorizante, em um lugar totalmente cheio de vida, uma utopia real.

No final da quarta eu desliguei todas as luzes para os crazyisnhos dormirem. Eu sempre era o ultimo a dormir, e por ser o líder, eu deveria apagar a luz. Mas eu apagava a luz com muito entusiasmo, nunca reclamei, mas naquele fim de dia foi diferente.

Os passos dos meus pés estavam abafados, não consegui ouvir barulho de nada, até a Clemência (que sempre dorme gritando) não estava gritando hoje. Enquanto eu andava, sentia que alguém estava me seguindo. Quem era?Eu virava para ver e não via nada. Bom então eu fui dormir. Deitei na minha cama, coloquei meu descansador dos olhos e ouvi um barulho, um barulho especificamente de serra elétrica. Como eu era um grande fã de Scream queens, logo me arrepiei, mas depois deitei de novo,foi quando ouvi o barulho de volta,tirei meus protetores dos olhos e gritei:

— Quem pelo amor de Deus está usando uma serra elétrica ago...Ai meu Deus, socorro!!!

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O cheiro era fedido, todo o local era fedido, parecia que naquele presídio não vivia pessoas normais, e sim animais enjaulados. O cheiro era de necessidades fisiológicas, Sara via no chão da sua cela uma privada fedida mais que tudo, ainda mais que a privada não tinha descarga e tudo que as pessoas faziam ali, ficava ali.

Ela não entendia, tinha sido incriminada por uma coisa que ela não fez, e nunca faria, isso era muito torturante, saber que estava pagando por algo que não fez. Sara sempre se encolhia no canto da cela para chorar por saber que seus melhores amigos não tinham acreditado nela, é obvio que eu tinha acreditado nela, mas ela não sabia disso, mesmo que eu tenha falado isso para ela, ela não acreditou.

Era difícil ver o carcereiro Miguel seguindo ela por todos os lados, se ela fosse ao pátio, refeitório até mesmo no banheiro, ele estava lá, tenha certeza que é desconfortável ir a um lugar e ver pessoas de seguindo, Karen mesmo, amava ficar rindo da sua cara. Sara já estava ouvindo os passos grandes que a perna de Karen estava dando para ir a sua cela. Mas será o que Karen quer? Zoar de novo como a cara dela? Muitas perguntas e poucas respostas.

— Prisioneira 121, O policial Kennedy quer falar com você na sala da confissão— falou Karen abrindo a cela, diferente das outras vezes, ela estava fria como nunca, como uma copia feminina do Damon.

Hora de aprender o vocabulário: A sala da confissão é uma sala em que os presos falam com os policiais, ou vice-versa.

— Vamos?— perguntou Karen olhando friamente para Sara.

— Vamos.

Sara não sabia por que iria ir para a sala da confissão, mas com toda a certeza do mundo real, Kennedy estava á chamando para dar sua liberdade, por isso Karen estaria com muita raiva, porque finalmente Sara sairia desse presídio, mas nós sabemos que isso não era a verdade.


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