T h r e e

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Se passei a noite em claro? Acho que nem cheguei a piscar! Fiquei o tempo todo encolhida no canto da cama segurando um abajur como se ele fosse minha vida, e cada vez que eu ouvia um barulho, menor que fosse, eu sempre ficava tentada a balançar o abajur no ar com a esperança de bater no que quer que estivesse no meu quarto.

No fim deu que eu passei mais uma noite extremamente ruim. Se eu não achasse uma solução logo logo eu acabaria desmaiando de sono no meio da rua e aí morreria! Se bem que eu não sei se essa opção é pior do que enfrentar o que quer que estivesse no meu quarto. Eu realmente acho que a primeira opção é melhor.

Tentei me levantar da cama ainda espremida contra a parede, o que foi extremamente difícil com um abajur na minha mão e com minhas pernas tremendo como nunca. Quase caí, porém finalmente consegui.

Ainda com cautela e apontando meu abajur para frente, andei até meu guarda-roupa e o abri, então parei por um tempo e fiz silêncio. Eu não sentia nenhuma presença no quarto.

Olhei para os lados e coloquei lentamente o abajur no chão ao meu lado, então ainda olhando para o quarto como se algo fosse pular em mim e me atacar, eu estiquei minha mão e segurei uma roupa. Não me importava qual era, podia até ser uma camisa que já foi da minha avó, o que me importava era não baixar a guarda e sair dali o mais rápido possível.

Comecei a tirar minha blusa, e quando estava mais ou menos na metade, senti novamente a presença no quarto e sentia um olhar queimando em meu torso semi-nú. Não terminei de tirar a blusa, em vez disso a desci novamente, e posso jurar que ouvi alguém bufar.

Corri até a porta. Nem morta que eu ia trocar de roupa com algum ser dos infernos me olhando!

Certo, eu estava com um pijama ridículo no meio do corredor que dava para as portas dos outros apartamentos, muito provavelmente parecendo um zumbi de alguém que passou um mês sem dormir! E ainda bem que era cedo, pois se algum dos meus vizinhos me visse com shorts com estampa de vaquinha e uma blusa velha e preta ridiculamente grande que tinha uma mancha de tinta, além de cabelos emaranhados e olheiras do tamanho do mundo, provavelmente ia chamar a polícia dizendo que uma sem-teto invadiu o prédio.

Pensei no que eu poderia fazer, e definitivamente ficar parada no meio do corredor não era uma opção, além de que não poderia sair em hipótese alguma assim! Bem, voltar para meu apartamento também não era uma boa opção.

Decidi descer as escadas para pelo menos sair de perto do meu apartamento, que estava me dando calafrios. Meus pés descalços andaram degrau por degrau, até que já no térreo eu passei por uma porta e ouvi uma voz vinda de dentro.

– Jack! Onde estão minhas chaves?! – Uma voz de senhora ecoou em um grito por detrás da porta.

– Estão do seu lado, vovó! – Uma voz masculina respondeu, então lembrei que aquele era o apartamento da senhora Wang, a síndica muito velha do prédio.

Me aproximei da porta cogitando se ia tocar ou não.

– Onde? Não consigo achá-las! – O grito veio novamente, seguido dá voz masculina falando um "deixa que eu pego" um tanto irritado.

Que mal faria tocar, certo?

Apertei a campainha e ouvi a senhora gritar algo sobre o microondas apitar, então logo ouvi passos e as fechaduras da porta serem destrancadas. Assim que a porta se abriu, um garoto de cabelos tingidos de loiro arregalou os olhos ao me ver.

– Por favor, me diga que os gritos dá minha avó não lhe acordaram… – Ele disse com um semblante um tanto desesperado. – Desculpe, mas minha avó é meio surda, e…

Save Me » Kim Taehyung «Onde histórias criam vida. Descubra agora