Para: Vitor

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Oi Vitor, como vai?
Quanto tempo, não é mesmo?! Mas não me refiro aos dias que ficamos sem nos ver, me refiro ao tempo que eu não sentia essa vontade louca de estar com você. Era tão bom não sentir isso, pelo menos me tirava essa tristeza de saber que nunca tive coragem de dizer o quanto me apaixonei por você e também por reconhecer que você nunca sentiu o mesmo por mim.
Me lembro como se fosse ontem o primeiro dia em que te vi, um carinha alto de olhos verdes e riso fácil. Mas não foi nesse momento que meu coração balançou por você, muito pelo contrário, dei as costas e sai sem ao menos imaginar que você faria parte de uma fase tão dolorosa da minha vida.
Foi meio maluco a forma que fomos nos aproximando. Espera. Que eu tentei me aproximar de você. Na verdade você queria namorar minha amiga, lembra? Mas acabou comigo querendo namorar você.Fico relembrando a abordagem que deu nela. Coisa estranha. Rápido de mais e impactante de menos. Ela não quis nada com você.
Não foi por querer, eu juro, mas foi aí que comecei a me interessar por você. Comecei a gostar desse seu jeito diferente de falar, do seu andar desengonçado, até mesmo dessas suas piadinhas sem a menor graça.
Mas poxa, você queria minha amiga, não eu. O que ela iria pensar quando descobrisse? Será que eu deveria contar? Estava numa roubada, literalmente. No final, acabou com o extremo apoio dela. Tenho a melhor amiga do mundo!
De acordo que as horas corriam eu corria também, só que atrás de você. Fazia de tudo para que me notasse desde falar alto á quase cair em sua frente. No entanto, não conseguia mais do que algumas olhadas rapidas sem interesse algum. Eu de fato queria chegar perto da sua orelha e gritar "OU, EU GOSTO DE VOCÊ. ME DA UMA MORALZINHA!"
Até que uma coisa inesperada aconteceu, você disse que ia embora da cidade. Foi como se jogassem um balde de água gelada na minha cabeça. Eu nem tive tempo de me despedir pessoalmente, te dar um abraço apertado, um beijo... e o pior de tudo é que você se foi sem saber dos meus sentimentos.

Os dias foram se passando, acho que foram os dias mais dolorosos da minha vida (exagero meu). Eu queria você perto de mim com todas suas palhaçadas, queria ouvir sua voz, ter seu corpo ao meu, fundir nossas almas, mas eu não podia fazer isso. Nunca pude. O único jeito era me conformar com toda essa situação. Você não voltaria mais. Então aos poucos eu fui fechando meu coração programando ele para não sofrer tanto e te deixar para trás apenas como uma lembrança boa, ou ruim, ainda não me decidi. Antes de te conhecer, ou chegar a ter sentimentos por qualquer outro homem eu fiz uma promessa pra mim mesma:  nunca iria chorar por homem algum. Mas quebrei a promessa e deixei uma lágrima escapar.

Sabe Vitor, eu realmente pensei que tinha te esquecido, até mesmo quando recebi a notícia que você estava voltando, mas quando tive o primeiro contato com você meu corpo balançou de uma jeito inexplicavel. Foi como se o muro que construi ao redor do meu coração se quebrasse como vidro. No entanto, eu fui forte. Na verdade não tive outra opção, você já não era mais o meu Vitor (nunca foi), era o Vitor dela.
Confesso que ainda estou tantando "segurar essa barra que é gostar de você", mas depois de muita reflexão eu vi o quanto aprendi. Lógico que se me perguntasse se eu mudaria alguma coisa é claro que responderia sim, mas eu gostei, gostei de saber que sou capaz de amar alguém como amei você e sou mais capaz ainda de superar uma decepção. Se eu podesse apagar essa parte da minha vida pode ter certeza que não apagaria, teve momentos bons, se ser feito de trouxa é bom (brincadeira). Muito obrigada, e com fé em Deus eu vou continuar aprendendo cada vez mais. Você só foi o primeiro passo.

Com carinho...

Giula

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Por: K. M. Nunes

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