Capítulo Único

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Quando a compreensão finalmente atingiu Albus Potter, eram duas horas da manhã de uma sexta feira.

Ele esteve encarando o escuro por muito tempo, a ponto de que não havia mais uma escuridão que o proibisse de enxergar o que havia no cômodo com todos seus detalhes. O sono não vinha, e Albus havia parado de se remexer de um lado para outro depois de meia noite, decidindo então que se não fosse conseguir descansar o suficiente naquele dia, poderia usar a noite para organizar seus pensamentos; sabendo que talvez estes fossem a razão de seu sono estar longe de ser visto.

Mas ele também sabia que aquilo não era bem a verdade.

Haviam se passado dias, semanas e meses desde que todas suas dúvidas haviam se dissipado em puro ar, mas ao mesmo tempo, permanecido em sua mente como uma lembrança constante de que ele não sabia de nada por mais que tentasse. Albus estava exausto de pensar demais todos os dias quando todos os sinais estavam na sua frente, mas não era algo que ele poderia simplesmente fazer desaparecer, assim como seus problemas.

Há duas semanas, ele estava na sala de História da Magia com o cotovelo encostado na mesa e o rosto apoiado na mão. A maioria dos alunos ao seu redor espelhavam sua posição, considerando que o professor não era exatamente a pessoa mais animada para uma matéria que necessitava de tal energia para manter os alunos acordados.

Em uma tentativa de distrair-se do sono que estava perto de consumi-lo, Albus piscou algumas vezes e olhou para o lado, na carteira onde Scorpius Malfoy sentava-se. O garoto escrevia algo debaixo do livro, e era difícil decifrar se eram anotações sobre a matéria ou apenas rabiscos intencionados á agir contra o risco de acabar dormindo durante a aula.

Albus encontrou-se encarando o garoto ao invés, e ele não poderia realmente ser culpado por achar o Malfoy mais interessante do que o fantasma do professor Binns tentando explicar os motivos por trás da Guerra dos Gigantes. Scorpius parecia investido no que escrevia, olhando vez ou outra para o livro aberto enquanto sua pena não parava de ser movida por sua mão. Seus olhos cinzentos estavam vidrados no que ele fazia, e era adorável o modo como seus lábios se mexiam quase imperceptivelmente enquanto ele escrevia, como se repetir as palavras apenas em sua cabeça não fosse o suficiente.

Observar com atenção detalhes como aquele era o que trazia algumas memórias á tona para Albus. Ele lembrava-se de uma Rose irritada há meses dizendo que os dois eram tão estúpidos e ignorantes que mal conseguiam perceber que tinham sentimentos um pelo outro quando passaram por tanta coisa juntos; coisas que revelariam suas emoções em um piscar de olhos.

Desde aquele dia, os dois estiveram mais conscientes sobre seus atos ao redor um do outro até que eventualmente, eles perceberam que Rose dizia apenas a verdade e eles realmente deveriam reconhecer que os sentimentos existentes entre os dois estavam muito além de uma simples amizade. Embora, nada havia sido feito sobre isso, ainda que fosse necessário de certa forma.

Scorpius notou o olhar do amigo sobre si um tempo depois, e tudo que ele havia feito em relação á tal descoberta havia sido oferecer um sorriso para Albus para então, voltar á escrever. Aquele sorriso também havia sido a razão pela qual Albus havia ficado o resto da aula com os pensamentos em qualquer lugar exceto na classe, pois era isso que Scorpius fazia com ele e não era tão ruim quanto podia parecer.

Havia tornado-se algo comum entre eles, e se não fosse ponderado com mais afinco, talvez Albus tivesse mais horas de sono por noite.

Era a esperança que acabaria com qualquer um. Era quando eles estavam saindo da sala de Poções e Scorpius faria um comentário cheio de humor e olharia para Albus como se esperasse que o garoto sorrisse ou risse, e era exatamente o que este faria, e depois ele duvidaria que Scorpius algum dia falhasse em fazê-lo rir. No fim, Albus sempre soube que a resposta seria não.

I'll Be Your Satellite ✧ ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora