Capítulo 10 - Parte 1

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Bo quase perde o seu chapéu quando baixa a sua cabeça para inspecionar os seus pés. Devia ter escolhido os sapatos pretos, ela pensa.

"Merda."

As pessoas na fila à minha frente avançam e há uma atmosfera confusa na escuridão antes das luzes ofuscantes, uma barafunda de excitação e nervos quase paralisantes. Bo segue obedientemente a pessoa à sua frente, notando que a forma da fila à sua frente é dramaticamente diferente da fila que ela foi obrigada a fazer na casamento da sua prima.

Bo nunca tinha recebido tantas indicações, segue-me, senta-te aqui, levanta-te, bate palmas, dá um aperto de mão. E ela lembrou-se disso quando um homem com linhas de preocupação em forma de ondas formadas na sua testa lhe acenou. Há um fio de suor a descer pela sua têmpora, e isso faz-lhe relembrar as camadas de tecido preto que estão atualmente a cobrir o seu corpo febril.

O seu nome é riscado um pouco agressivamente da lista presa na prancheta e ele dá-lhe um aceno de cara séria para o lado.

"Vai."

Os seus dedos tocam na cortina de veludo vermelho que separam a audiência da multidão de pessoas realizadas. Ela respira profundamente. É com passos apreensivos e uma volta nauseante no seu estômago que o nome da Bo é chamado e ela entra no palco, com um salto brilhante de cada vez.

Por favor não tropeces. Por favor não caías e não te envergonhes.

O seu coração está a bater como a força de uma tempestade de verão, ela sente a pressão disso através do seu vestido apertado e das palmas das mãos húmidas que ela limpa na sua capa que toca no palco de madeira. Bo não se atreve a olhar para a audiência, apenas focando-se onde está o chanceler que lhe oferece um sorriso e uma mão para apertar.

A cabeça de Bo dispara para cima com o ecoar de assobios e palmas excessivamente entusiasmadas. Sentados na audiência estão duas pessoas que ela reconhece e mais uma pessoa que ela distintamente se lembra de ter dito que não podia vir. Bo estava angustiada naquela altura mas respeitou a sua decisão, dizendo-lhe para não se preocupar com isso. Como podia ela exigir o comparecimento de alguém com quem ela trocou algumas mensagens e duas chamadas por ano para dar os parabéns.

A mãe dela tira-lhe uma foto e, mesmo a esta distância, ela consegue ver que tem lágrimas a escorrer-lhe pelas bochechas. A tia Grace está a sair-se um bocado melhor, embora as palmas exageradas faça Bo pensar que exibições de emoção é algo de família. Estão ambas em vestidos com padrão floral vistosos, uma escolha brilhante para a ocasião comparado com o conjunto preto obrigatório de Bo.

Ela dá um leve aceno, descendo as escadas do palco com uma mão a agarrar o seu diploma e a outra a agarrar a barra de apoio das escadas. Harry está a sorrir enquanto baixa as suas mãos da sua boca.

Não há tempo para avaliar a sua aparência, o seu coração a bater contra a sua caixa torácica, mas Bo repara com o breve olhar que deu que já não há cabelos a tocarem nos seus ombros.

Ela senta-se para assistir à atribuição de diplomas de mais dois cursos, batendo palmas educadamente com o seu joelho a balançar impacientemente. Está demasiado calor no velho auditório, e Bo reza para que alguém ligue o ar condicionado ou abra a porcaria de uma janela algures. As poucas vezes que ela olha para os assentos mais acima, ela apanha um sorriso cheio de lágrimas da sua mãe. A sua tia aplaude a cada aluno graduado com um entusiasmo que mais ninguém tem na plateia. Antes da cerimonia, ela agarrou a mão da Bo e disse-lhe o quanto admirada estava por estar entre uma nova geração de graduados.

É o Harry que parece saber quando os olhos estão nele, e a Bo recebe um sorriso e uma piscadela atrevida. Quando eles são dispensados, ela é uma das primeiras a levantar-se, a tentar empurrar apressadamente alguns dos indivíduos mais lentos.

Knockout - sequel to Dark - TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora