Mãe Enxerida

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Ao acordar no dia seguinte, fiquei morrendo de raiva por não ter pego o número da garota misteriosa, a qual, por sinal, eu nem sabia o nome. Só sei que ela me deixou louco, e esperava causar nela o mesmo efeito.

Fiquei contando com os seis dias que faltavam para voltar às aulas, certo de que focaria nos estudos e nos vestibulares e esqueceria essa garota de uma vez por todas.

Ainda segurava o colar havaiano que me entregaram na entrada do luau, relembrando cada fala, cada expressão e cada gesto dela. Nem fui capaz de jogar videogame: Fiquei deitado na minha cama o dia inteiro, fazendo com que minha mãe pensasse que eu estava doente.

- Meu filho, tem certeza que você não comeu algo na festa que te fez mal ou bebeu de estômago vazio?

- Tenho, dona Carmem! Eu quase não comi naquela festa, e você sabe que eu não bebo.

- Então você não tem nada e está deitado por vontade própria? Sem jogar videogame?

-Exatamente! Não aconteceu nada, mãe!

- Tudo bem, filho. Mas eu estou preocupada! Você nunca ficou assim antes... Está me escondendo algo?

Por que ela tinha que me conhecer tanto?

- Não, mãe. Eu só estou cansado por causa do luau. Socializar é muito exaustivo. - Fingi um bocejo.

A última frase com certeza era verdade.

- Filho, eu sei que não é isso. É uma garota que te deixou assim, não é?

Será que isso estava escrito na minha testa?

Relutante, suspirei fundo, sentei na cama e contei sobre a menina misteriosa do luau.

- Eu sabia! Meu filho está apaixonado! Que coisa mais linda, Thomas!

Fiquei completamente sem graça.

- Claro que não, mãe! Só a vi uma vez! E, além do mais, o irmão dela é um daqueles valentões de filme americano que morre de ciúmes dela!

- E qual o problema?

- O problema é que ele não deixa ninguém chegar perto dela, muito menos namorá-la!

- Então você já cogitou a hipótese de namorar com ela antes mesmo de saber seu nome?

Fiquei vermelho como um pimentão e a expulsei do meu quarto. Saiu sem nenhum esforço, morrendo de rir e cantarolando que eu estava apaixonado.

Apaixonado! Eu nem era disso! Nenhuma menina nem olhava para mim...

Mas o fato de que eu queria beijar aquela ruiva extremamente linda eu não poderia omitir. Nem se quisesse.

Resolvi parar de pensar nela e ir tentar zerar o jogo do qual fui interrompido noite passada. Contudo, estava muito desconcentrado, errando os golpes e os botões e perdendo para o chefão.

Tudo tem um preço, afinal, e esse eu gostaria de pagar quantas vezes fosse preciso.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora