VI

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Realmente alguma coisa havia mudado desde aquela noite em que Taehyung esteve aqui, porém minha rotina monótona continuava parcialmente igual.

Jongin ou Kai, como agora era chamado pela agência, estava parando cada vez menos vezes em casa e quando parava, ficava em seu quarto ensaiando.

Lembro de ter me ligado durante a aula, avisando que estaria viajando nessa semana.

"Tudo bem Ali, ele estará de volta em alguns dias" pensei comigo mesma.


[...]

Meus pés doiam pelo caminho cansativo da escola até nosso apartamento, quando ouvi vozes conhecidas vindas de uma pequena escadaria que levava a igreja da cidade.

Me aproximei devagar e espiei, tive de tapar minha própria boca para não gritar naquele momento em que vi seu rosto.

Meu irmão disse que iria viajar a uns dois dias, o que estava fazendo ainda em Seul?

"O que quer fazer? Ela não poderia saber disso ainda, tinha que se virar sozinha com aquela... besta" Jongin falava quase sussurrando, mas em um tom seco "Eu avisei que ele voltaria, mas ninguém nunca me escuta."

Tentei engolir suas palavras quando outra voz conhecia se pronunciou.

"Não pode falar nada, santo você não é. Agora, qualquer coisa que envolva aqueles dois não está nas nossas mãos" falou a segunda voz em um tom debochado, rindo fraco em seguida.

Por um momento tentei tirar de meus pensamentos a ideia de acusar tal pessoa, mas era inevitável negar. Minseok.

Saí de meus pensamentos quando os passos se aproximaram do final da escadaria, onde eu estava. Prendi a respiração e devagar me escondi atrás da coluna ao lado.

Eu estava certa, meu irmão estava conversando com Minseok. Qual era a besta que Jongin falava? Por que não poderiam me ajudar com tudo isso?Pensei que poderia confiar pelo menos em pessoas tão próximas como minha família, se é que poderia considerar Kai assim.

Segurei as lágrimas que tentavam escapar dos meus olhos e corri para casa, que tinha a porta já aberta. Com cautela olhei para dentro e analisei o local.

"Ali! Você chegou" Jongin estava lá.

Abaixei minha cabeça e comecei a fazer o caminho ao meu quarto.

"Me deixe em paz" falei seca o suficiente para sentir sua mão gélida segurar com força meu pulso.

"O que disse?" falou não de uma forma áspera e sim, calma.

"Como tem coragem de fingir que está se preocupando comigo?" disse sentido meu rosto queimar.

Minha mão voltou a ter cor quando me soltou, aquela expressão de preocupação que ele tinha quando eu dizia que ia a algum lugar, mas que agora era preocupação com si próprio.

Ele não era o mesmo, no início achei que não teria em quem confiar, mas eu tinha. Kim Taehyung.

Se a princípio nos desencontrarmos, não desanimes. Se não me achares aqui, procura-me ali; em algum lugar estarei esperando por ti.

-Walt Whitman, Canção de mim mesmo


Se der tudo certo, amanhã tem att de novo



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