Capítulo 3 - Amnésia

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Um burburinho me acordou, mas logo foi silenciado quando uma porta, em algum lugar, se fechou. Meus olhos permaneciam fechados, mas dava para sentir a forte luz que vinha do ambiente onde eu estava. Meu corpo estava pesado, dolorido e me sentia fraca.

Consegui mover levemente meu braço direito e senti que ele estava preso a algo. Entreabri os olhos para ver que havia um fio transparente conectado com uma agulha – uma agulha! – à minha veia. Eu estava deitada e agora os bipes eram audíveis.

Devia estar num hospital. Droga!

Forcei minha memória a puxar as últimas cenas... Eu estava correndo daqueles homens bêbados, fui atravessar a rua e uma moto veio em minha direção, senti um baque e tudo ficou escuro. Provavelmente, desmaiei e fui trazida para o hospital.

Mistério resolvido!

A porta se abriu revelando um alto moreno de barba mal feita e olhos acinzentados olhando em minha direção.

– Como você está se sentindo? – ele perguntou para minha surpresa.

Por que ele queria saber? Não me esqueceria de alguém tão lindo assim. Deveria ter se enganado de quarto. Decidi responder mesmo assim, talvez ele fosse um novo peguete da Mila.

– Meu corpo dói.

– Vou chamar o médico – falou e saiu.

Fechei os olhos novamente lamentando o que aconteceu. Aquele motoqueiro idiota passou por cima de mim e eu vim parar nesse hospital. Nem mesmo soube a resposta de Jonas!

A ansiedade me atingiu ao lembrar que Rob podia ter aceitado minha música e que agora eu tinha um contrato com sua gravadora. Já podia ver meu nome num letreiro luminoso em frente a um estádio com os dizeres "show esgotado".

O moreno desconhecido voltou, dessa vez veio acompanhado por um médico e uma enfermeira.

– Como você está, Helena? – o médico disse.

– Meu corpo dói. Principalmente a cabeça.

– Vamos lhe dar um remedinho, está bem? – ela disse.

A enfermeira enfiou uma seringa na embalagem de soro ao meu lado e me contorci em uma careta olhando o lado oposto. O moreno observava me analisando.

– Quero te fazer umas perguntas, ok? – o médico falou.

– Sim – falei ainda olhando para o outro lado.

– Pode virar seu rosto, Helena. Ela já colocou o remédio. – falou suavemente.

Virei corando um pouco. Eu não era mais criança para ter medo de agulhas, mas ainda tinha. E muito.

– Siga a luz com os olhos.

Ele ligou uma lanterninha e me forcei a segui-la. A dor de cabeça e o astigmatismo não ajudaram muito, mas consegui.

– Qual seu nome?

– Helena Albuquerque DeLaio. – respondi.

– Aniversário e idade.

– 23 de dezembro. Vinte e um.

– O que você está dizendo, Helena? – o moreno interrompeu grosseiramente.

Devaneios de uma famosa em apurosOnde histórias criam vida. Descubra agora