Capítulo 1 💜

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- Ei, parem de brigar. - Mamãe diz se virando pra nos olhar.

Emily pega a boneca da minha mão, e a  pego de volta com força.

- Me !! É minha!!

- Eu não disse pra vocês pararem de brigar. a boneca para Emily agora!

Olho para a boneca e depois para minha mãe que está com um olhar sério.

Respiro fundo e abro a janela e a jogo.

- Não... - Emily grita.

A culpa é sua. Você os matou...

Estou em uma mata, é noite, estou machucada, roupas rasgadas, com frio, fome, sede...

A culpa foi sua... Você os matou...

Ouço alguém dizer, olho ao redor e não vejo ninguém, mas a voz aumenta.

A culpa é sua... É sua, é sua, sua...

- Não... -Acordo desesperada, ofegante.

Passo as mãos pelos cabelos. Respiro fundo.

- Foi só um pesadelo, só mais um pesadelo. - Dizia pra mim mesma, abraçando minhas pernas.

- Ei, você está bem? Escutei você gritar! - Tia  Noemi diz me abraçando por trás. - Pesadelos de sempre não é.- Pergunta. E eu a abraço mais forte.

Respiro fundo várias vezes, olho para minhas mãos que estão trêmulas.

- Aconteceu de novo. - Digo com a voz embargada. - Não consigo dormir. - Digo por fim.

Algumas lágrimas rolam pelo meu rosto, mas as enxugo rapidamente, não gosto que ninguém me veja chorar, por mais que seja tia Noemi, mas não gosto da ideia de parecer fraca na frente de ninguém. Detesto me ver tão vulnerável.

Ela ficou comigo, assim como tem feito desde aquela noite fatídica e que marcou minha vida para sempre, aos poucos sinto minhas pálpebras pesando, mas o medo de dormir e "sonhar" de novo é maior que qualquer vontade de dormir.

-Não posso dormir, eles vão voltar! Dizia a mim mesma em pensamento.

-Tudo vai passar, menina. Volte a dormir, estarei aqui. -Dizia ela passando as mãos em meus cabelos. -Deus guardará seu sono- Completou.

Deus, ele tirou tudo de mim. Tudo que eu amava, Ele não se importa comigo, e nem eu com ele.

Apenas suspiro como resposta. Tia Noemi sabe oque penso e sinto em relação à Deus. Ainda assim, insiste. E toda vez que o nome dele é mencionado finjo nem ouvir, não quero magoa-la. Apenas ficou quieta.

Logo começa a chover e ainda em seus braços, o som sereno da chuva invade meus ouvidos. E o sono chega novamente, dessa vez não o recuso e ele invade levando todos os medos juntos.

Aos poucos nosso abraço se desfaz, ela lentamente sai do quarto.

-Boa noite, Helena.

E a porta se fecha.

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