Reencontros

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Narrado por David Luiz.

 Paris, França.

Eu cresci e acho que meu cabelo também. Eu vivia na Europa já fazia alguns anos e já havia me adaptado perfeitamente ao lugar. Fiz amigos, arrumei uma namorada, terminei, e voltei com ela— que agora está quase sendo ex-namorada novamente por motivos de que nós não vínhamos dando bem — e eu havia crescido bastante no meu clube atual. As coisas vinham caminhando bem, resumindo tudo.

Minha vida foi feita de recomeços até agora. Acho que desde que a minha ex-namorada foi embora pra Inglaterra as coisas desandaram na minha vida. Lembro-me perfeitamente da nossa última noite e confesso que sinto falta todos os dias, aliás, como não sentir? Ela me amou no meu pior momento, quando eu ainda não tinha tudo o que eu tenho. Quando eu simplesmente tinha dezoito anos. Mas mesmo assim eu levo a vida, feliz e realizado. Com alguns ajustes a serem feitos, mas tudo na maior paz. Estava pronto pra começar uma nova jornada em outro clube, novas histórias e novas pessoas. Acho que seria bom pra mim. Eu viajaria amanhã pela manhã.

Peguei no armário mais alguns pares de tênis e alguns casacos que estavam dobrados na primeira divisão. Assim que o puxei, uma foto de Laura caiu juntamente com uma caixinha, ela estava empoeirada e de certa forma, eu optei por não abrir e apenas limpá-la para leva-la comigo. Na foto, ela estava junto comigo em uma de nossas idas à praia, ainda quando eu morava na Bahia. Essa era, definitivamente, a melhor época da minha vida, até agora.

— David, você viu onde estava aquela blusa pret... — Eu guardei rapidamente a caixinha embaixo das roupas que eu já havia colocado na mala. — O que você tentou esconder? — Perguntou-me tentando olhar por cima do meu ombro.

— Nada demais, relaxa. — Eu disse fechando o zíper da mala rapidamente e a colocando em pé no canto do quarto. Sara me encarava desconfiada e eu me sentei na cama para também olhá-la nos olhos.

— Era aquela mulherzinha que te largou e você ainda guarda fotos dela? — Cruzou os braços impaciente. Que beleza! Como sempre, eu não podia fazer exatamente nada.

— Quando é que você vai começar a entender que tudo o que você precisa fazer é não se importar comigo? — Também cruzei os meus braços esperando que ela começasse a falar o mesmo de sempre. Que eu não gostava dela, que eu estava na zona de conforto, que eu estava me tornando outra pessoa e todas essas coisas que eu já estava acostumado a ouvir desde os últimos três meses.

— O problema é que ela te largou e agora você está comigo. Jogue aquilo no lixo! — Apontou o dedo na minha cara e eu o abaixei devagar.

— Me deixa em paz, Sara. Pelo menos uma vez na sua vida me deixa quieto. Vai lá, faz uma festa de despedida com suas amigas de uma vez, me deixa ficar sozinho aqui.

— Não sejas um babaca! — Ela arremessou uma das almofadas que estavam em cima da cama, na minha direção. Eu desviei e a arrumei na cama.

— Agora o babaca sou eu? — Ela sempre costumava ser impulsiva assim. Gostava de reclamar, de ver coisas erradas em tudo e com o tempo a gente ia acostumando, talvez uma zona de conforto. Mas ela tinha esperança que nós ainda iríamos melhorar e voltar a ser o que nós éramos a um tempo atrás.

— Ok, faça como quiser. — E saiu. Protestou seu ódio batendo a porta com força como sempre. Não mereço isso.

Minha ex-namorada não era assim.

Não sentia tanto ciúmes de mim, apenas o ciúme que todo relacionamento merecia ter, e sempre me mostrou confiança e era daquilo que eu precisava. Diferentemente de Sara que simplesmente via traição em tudo, via falta de respeito em tudo, e isso me incomodava demais. Era chato, era patético.

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