Entrelinhas

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Alguns dias depois...


Larguei os pensamentos quando Skyler estalou os dedos na minha frente. Rolei os olhos e percebi que nós tínhamos chegado ao Stamford Bridge, o estádio do Chelsea. Eu era obrigada a ir à maioria dos jogos pra conseguir fazer as colunas e os artigos. E o pior, era entrevistar os jogadores que conseguiam um bom desempenho durante a partida.

Encontramos Ludimila na entrada e fomos andando até encontrarmos nossos lugares. Estava bastante frio e não tinha sequer alguma pessoa sem cinco camadas de casacos e calças. Pode até parecer exagero, mas é quase isso mesmo. Lud e Skyler estavam entretidas em algum assunto sobre a viagem dos rapazes para a Áustria, e eu me manti calada como sempre. Eu não namorava jogador, e isso era um ponto positivo na minha vida.

Era Chelsea x Arsenal e eu não estranhei a presença de David em campo. Não quis demonstrar nenhum tipo de expressão quando ele tocava na bola ou fazia algo bonito, por que eu simplesmente não queria estar ali. Eu ainda estava irritada com aquela alfinetada desnecessária no dia da festa e evitar olhar pra sua cara era o que eu planejava.

Chelsea marcou seu primeiro gol e no segundo eu já não tinha tanta voz assim. O terceiro eu quis sair dali, já que David havia marcado e logo na sua estreia. Adivinha quem eu entrevistaria mais tarde? Que beleza, descubram aí. Com certeza o universo não estava conspirando a favor de mim desde os últimos dias.

[...]

- Parabéns amor, você mandou bem hoje. - Ludimila abraçou Oscar de lado e o deu um selinho. Eu apenas ri e acenei para o mesmo. Percebi que Skyler estava conversando com Cahill, e então eu percebi que, pela quinta vez no dia eu estava sozinha.

É, por que as minhas amigas estavam com seus respectivos namorados e eu apenas pensava que neste exato momento mais um episódio de Friends passava na televisão. E no momento, eu desejava assisti-lo.

Estávamos no setor onde os jogadores saíam para encontrar com as suas famílias, namoradas, filhos ou amigos. Olhei para a porta e percebi que David estava por lá. Vestia uma calça jeans, blusa branca e um casaco amarrado na cintura.

Ele andou em direção a parede e ali se encostou. Estava entretido com algo no celular e por alguns segundos eu imaginei como chegar nele. "Oi David, queria que você soubesse que nesse momento estou te achando um tremendo idiota, mas vou ser educada por que eu ganho pra isso. Então, por favor, responda as minhas perguntas?!" ou "E ai David, como que é estragar a metade dos meus últimos dias sem fazer muito?"

Levantei-me esperançosa de que iria sair algo decente da minha boca e caminhei até a sua direção. Ele levantou os olhos e quando percebeu que era eu, sorriu sem mostrar os dentes e guardou seu celular no bolso da frente da calça. Também sorri sem mostrar muita animação.

- Preciso te entrevistar, poderia me dar atenção por alguns minutinhos ou sei lá. Você entendeu. - Dei os ombros e troquei o peso de um pé para o outro. Nem foi tão ruim assim.

- Tudo bem, pode dizer. - David cruzou os braços e eu comecei a perguntar todas aquelas coisinhas que ele está cansado de ouvir.

- PARABÉNS MEU AMOR, VOCÊ JOGOU MUITO. - Uma mulher apareceu agarrando David e eu havia a visto hoje mais cedo. A encarei um pouco para lembrar-me quem era e como eu era burra... Ela era a namorada do David.

Pigarreei algumas vezes e podia imaginar como a minha expressão estava. Eu vinha encarando com facilidade essa coisa de não demonstrar as reações quando se tratava de David. Mas aquilo realmente não tinha como não ficar com uma cara de bunda gigantesca. Dane-se se ele percebeu. Eu queria terminar o meu trabalho e nada mais do que isso.

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