Capítulo 1: A Chegada dos Demônios

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Hoje é sábado. Final de semana, e minha mãe insiste em me acordar ao gritos as 9 horas da manhã. Qual a necessidade disso?

Ela sempre vinha com aquele papo de que adolescentes não podem dormir muito, pois não aproveitaram a vida. Mas é final de semana mãe, por favor, da um tempo. Quando ela fala assim, chega até parecer que tem um pingo de amor por mim.

Nem se preocupa comigo ou com meu psicológico. Se realmente se preocupasse, não estaria trazendo novamente aquele homem - que se diz meu pai - para morar conosco. Desculpe-me mãe, mas você é trouxa.

- Maria Júlia levanta! Seu pai daqui a pouco está ai! - gritava a mesma do seu quarto.

Por que gritar? Seu quarto é literalmente do lado do meu, não há necessidade de gritos, principalmente de manhã!

Levantei-me daquela cama maravilhosa, apenas... pra receber o homem que me largou quando eu tinha 5 anos de idade. Já não bastava ele voltar e agora traria minha meia-irmã junto. Que maravilha!

*

Eram exatamente 11:30 horas, de acordo com minha mãe, eles viriam para o almoço que geralmente é sai entre 13:00 da tarde.

Entrei no banheiro do meu quarto. Escovei os dentes e passei uma água no corpo e lavei o cabelo, pois aquele meu cabelo sujo estava me incomodando.

Meus cabelos? Castanho escuro, olhos azuis como o mar e minha pele, branca como a areia da praia. Gosto do meu cabelo bem curtinho para não atrapalhar muito na hora de se arrumar. Não faço ideia de como eu ficaria sem meu rímel e meu batom nude. Um batom hidratante, pois meus lábios ressecam facilmente.

Depois de ter que acordar, fui arrumar meu quarto. Minha mãe ameaçou me deixar sem Netflix por um mês inteiro e isso seria o fim da vida de Maria Julia. Um mês sem series, doramas e animes é muito tempo.

Meu quarto estava tão bagunçado que eu nem lembrava onde estavam meus próprios sapatos. Meu quarto? Era apenas meu e isso me aliviava muito. Na verdade ele não era bem um quarto, estava mais pra uma suíte.

Quarto arrumado e tudo totalmente pronto, desci na cozinha para comer alguma coisa, até por que não comia desde a hora que acordei. Como a maioria das casas aqui em Cuba é de dois andares a nossa não poderia ser diferente.

Abro a geladeira, pego uma maçã e começo a comer. Sem mais nem menos minha mãe desce as escadas, parecendo uma prostituta de esquina.

- Tá muito exagerado? - pergunta ela batendo a mão na roupa.

- Não mãe, acha! Você está MARAVILHOSA! - falo sorrindo do jeito que todo filho faz quando não quer falar a verdade.

Não poderia dize-la como ela estava totalmente diferente. Pelo menos, naquele dia ela estava de bom humor... e cá entre nós, isso acontece raramente.

Subi pro meu quarto e novamente a mesma grita lá de baixo:

- VOCÊ TEM UMA HORA PRA ARRUMAR A SALA E A COZINHAAAAA!

A chegada do meu pai em casa vai mudar MUITO minha mãe e já está começando agora. Ela nunca, NUNCA pediu para arrumar a casa, apenas meu quarto porque é um caso a parte. Nunca reclamei ou algo do tipo, até por que ajudar é um favor que eu faço a ela que tanto trabalha.

Entre dois Mundos [Projeto Sereias] ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora